Por Livia Camillo
Após ser apresentada como jogadora do Villa San Carlos, na última terça (7), Mara Gómez, de 22 anos, foi vítima de transfobia pelas redes sociais do clube. A contratação da atleta trans, apesar de ainda não estar regularizada pela Associação do Futebol Argentino (AFA), gerou muita comoção e várias atletas publicaram mensagens de apoio.
“Todas nós, mulheres que jogam na AFA, apoiamos Mara e a decisão de que ela jogue. Creio que todas queremos um futebol feminino que seja feminista, dissidente e sem violência. Estamos tratando de mudar isso para não sofrer homofobia, transfobia ou qualquer outra violência característica do futebol masculino”, disse Vicky Sisterna, jogadora do Gimnasia y Esgrima ao Papo de Mina.
Na última sexta (10), as redes ficaram tomadas por inúmeras publicações de incentivo e tolerância à presença de Mara no futebol feminino. Frases como o “futebol é para todas” ganharam espaço, principalmente no Instagram.
Após o @vscffem anunciar a contratação de Mara Gómez, a jogadora de 22 anos foi vítima de inúmeros ataques transfóbicos nas redes sociais do clube. Atletas da AFA se mobilizaram para apoiar a colega de profissão. @Viccabj falou com o Papo de Mina. pic.twitter.com/dydNUKy5me
— Papo de Mina (@papomina) January 11, 2020
Em contato com a reportagem, a assessoria da equipe argentina afirmou ter traçado um “perfil” dos internautas que realizaram os ataques por meio de comentários nos últimos dias. Os comentários negativos são quase todos de homens e de pessoas que não consomem o futebol feminino. Por fim, o clube uma nota de repúdio aos atos de preconceito.
Intolerância no futebol argentino
Para Vicky, a situação vivida pela colega de profissão não é uma novidade. Assim como a transfobia, a homofobia e a violência contra a mulher estão muito presentes no masculino.
“É comum a gente ver casos de homofobia. Inclusive, não me lembro de nenhum jogador declaradamente gay no futebol argentino. É um preconceito constante. Já no futebol feminino isso não acontece. As jogadoras homossexuais se assumem, porque há respeito entre a gente. A torcida que queremos no estádio do futebol feminino é uma torcida de respeito”, contou.
“O futebol feminino na Argentina cresceu e agora as mulheres ocupam os estádios. Hoje temos jogadoras, repórteres, torcedoras, mas ainda estamos no começo. Mara é um pontapé para termos um futebol melhor.”
Contrato ainda não está firmado
O clube também ressaltou que, até que a situação da jogadora esteja devidamente regularizada na AFA, Mara estará blindada e não poderá conversar com a imprensa. No entanto, a equipe acredita que não haverá qualquer problema para que a regularização aconteça.
“Peço desculpas por não poder, no momento, responder a todos. Tudo o que posso dizer em meu é que a assinatura será em março e até lá teremos a resposta da AFA”, comunicou a jogadora.
As inscrições na entidade começam a partir do dia 15 de março. Se oficializada, a atacante será a primeira mulher trans a participar de um torneio oficial na Argentina.
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