Em 2020, os escoceses do Celtic Football Club buscaram um jovem jogador na Croácia para reforçar a sua equipe principal. A BetGold reforça a paixão do torcedor pelo esporte. O atacante Ivica Strok, uma aposta para o setor ofensivo do Celtic de apenas 18 anos, foi contratado em troca de 5 milhões de libras após iniciar carreira na segunda divisão croata. Após dominar o futebol da Escócia vencendo a liga por dois anos seguidos, a missão de buscar a glória dentro do continente foi iniciada e Strok acabou se tornando uma das maiores contratações de toda a história do tradicional Celtic.
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A história, por mais que seja bela e cheia de sucesso (Ivica marcou 855 gols em 939 vestindo a camisa do NK Zagreb e do CFC), só foi escrita por uma realidade alternativa presente num jogo de simulação: o Football Manager. Na ocasião, o jovem Jonny Sharples, que vivia em Salford, na Inglaterra, teve que lidar com a realidade de forma real e trágica.
Quatro dias antes do Natal de 2014, o irmão de Jonny tirou a sua própria vida. « Durante o tempo em que meu irmão se foi, eu joguei muito Football Manager para me manter ocupado e joguei uma campanha em que Ivica Strok era a estrela do meu time. No período entre a morte do meu irmão e até o meu retorno ao trabalho, eu foquei bastante no jogo e isso ajudou. Durante o funeral de Simon, nós encontramos a Calm Zone, entidade que focava suas atenções para a saúde mental e prevenção do suicídio masculino, lugar que era próximo de onde eu morava. Decidimos realizar uma vaquinha coletiva e foi aí que decidi combinar as duas coisas e usar o Football Manager para arrecadar doações para a entidade », disse Jonny para a imprensa inglesa.
A primeira edição do Football Manager foi lançada em 2004, mas o passado do jogo de simulação de futebol começou de fato em 1992. Insatisfeitos com as opções disponíveis no estilo entre o final dos anos 80 e o começo dos anos 90, os irmaõs Paul e Oliver Collyer decidiram criar o seu próprio jogo de simulação em casa, no condado de Shropshire, próximo da cidade de Birmingham. Após anos trabalhando no desenvolvimento e dando luz à ambição, o primeiro Championship Manager foi lançado no ano de 1992 para os computadores Amiga e Atari ST e logo depois para os PCs.
Na busca por publicadoras, as limitações do jogo pela falta de ação em tempo real foram os motivos pelo qual empresas como a Eletronics Arts recusaram a parceria com o CM. Entretanto, a atual Square Enik, chamada de Domark e Eidos Interactive na época, abraçou o desafio e a edição ’93 do Championship Manager foi publicada. Após quase 10 anos de parceria e evolução, a Eidos se separou da Sports Interactive, a desenvolvedora criada pelos irmãos em 1994, e firmou parceria com a Sega, gigante da indústria baseada no Japão. Com a divisão, a SI manteve o código fonte, a database e a programação do jogo, enquanto a Eidos ficou com os direitos da marca Championship Manager.
Se o sucesso do CM não foi o mesmo depois da separação, o novo Football Manager, lançado em novembro de 2004, logo se tornou o quinto jogo com o número de vendas mais rápido na época. Batendo recordes de vendas e adicionando novas funcionalidades com o desenvolvimento das tecnologias e da indústria de games, o Football Manager tomou um alcance mundial. De acordo com Miles Jacobson, diretor da Sports Interactive, o Football Manager 19 e suas variações ultrapassaram a marca de dois milhões de edições vendidas em julho de 2019 (o jogo foi lançado em novembro de 2018).
O impacto do Football Manager no universo dos jogos foi tão único que casos como o de Jonny Sharples e do craque que nunca existiu, Ivica Strok, ganharam vida. No Brasil, o jogo vive um dilema em relação aos seus direitos há algumas edições. Desde 2016, a versão original do FM está legalmente proibída de ser comercializada dentro do país por conta da burocracia de direitos de uso de imagem dos jogadores e dos clubes brasileiros. Atualmente, o jogo coloca todos os times brasileiros disponíveis com nomes e cores genéricas para evitar problemas desde que o Flamengo foi um dos primeiros a se manifestar e assim obrigou a Sega e a Sports Interactive a adotarem uma postura que não envolva riscos decidindo pelo cancelamento das vendas em território nacional.
Apesar das limitações, a database do Football Manager continua como uma das mais completas quando o assunto é a busca de jogadores promissores, por exemplo. Se no passado, craques como Tó Madeira existiram, atualmente o jogo é capaz de se antecipar em relação a diversos clubes para trazer os nomes que serão pauta do futebol mundial num futuro próximo. Com mais de 25 anos com atualizações frequentes e com mais de 800,000 indivíduos presentes, a database é feita por voluntários e membros do estúdio, que trabalham para deixar um jogador da Série C do Brasil tão realista quanto Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.
O apoio e paixão dos fãs ao redor do mundo está bem representada num caso específico envolvendo um jogador norueguês. No ano de 2014, uma promessa de 15 anos surgiu no futebol da Noruega. Apesar de já ter estreado profissionalmente com a camisa do Stromgodset, Martin Odegaard não poderia fazer parte do mundo virtual do FM por motivos legais, até que, o próprio pai do jogador surgiu nas redes sociais com a permissão em escrito, liberando o seu filho para integrar a database de forma oficial, o que obrigou o jogo a lançar uma atualização especial para incluir Odegaard na database e, de certa forma, se tornou uma ação para dar mais popularidade ao jogador dentro e fora do mundo virtual.
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