O Chelsea está vivendo uma excelente fase dentro de campo. Duas semanas depois de conquistar o título mundial da FIFA contra o Palmeiras e ter uma vitória excelente diante do Lille nas oitavas de final da UEFA Champions League, os Blues podem levantar neste domingo (27) a taça da Copa da Liga Inglesa no Wembley diante do Liverpool.
No entanto, o início de um conflito armado pela Rússia contra a Ucrânia na última quinta-feira acabou tumultuando o ambiente dos Blues, justamente pela interferência no principal responsável do extracampo pelo sucesso recente: Roman Abramovich.
O empresário de 55 anos é mais conhecido na Inglaterra como dono do Chelsea, que comprou em 2003. Desde então, investiu milhões para torná-lo um dos times mais bem-sucedidos da Inglaterra e da Europa. No ano passado, o Chelsea conquistou o prestigioso título da UEFA Champions League e este mês adicionou o Mundial de Clubes ao seu armário de troféus. O clube ocupa o terceiro lugar na tabela da Premier League e está encaminhado para disputar mais uma edição da Champions.
O magnata bilionário do Chelsea é russo, e possíveis sanções contra o país russo já estão afetando os Blues devido às consequências já discutidas internamente e externamente desde o início do conflito armado. O Torcedores.com separa agora alguns pontos para entender o motivo pelo qual a questão já está causando interferências diretas nos Blues.
1. A possível venda do Chelsea
Informações divulgadas inicialmente pelo Bloomberg confirmaram que diversos investidores e donos de empresas privadas (incluindo dos Estados Unidos) já começaram a estudar propostas para uma possível compra do Chelsea, imaginando que o clube será colocado à venda nos próximos dias.
Isso ocorre devido ao fato de governos de todo o mundo responderem à invasão da Ucrânia pelo presidente russo Vladimir Putin com uma série de sanções punitivas contra a Rússia, empresas russas e empresários russos. Cabe ressaltar que, por enquanto, Abramovich não está atualmente na lista de sanções do Reino Unido.
Qualquer venda potencial do Chelsea nessas circunstâncias seria sem precedentes no futebol inglês. O Chelsea está avaliado em cerca de 1,9 bilhão de euros (cerca de R$11 bilhões), segundo a KPMG, o que significa que uma aquisição pode ser uma das maiores do futebol europeu. Em comparação, o fundo soberano da Arábia Saudita no ano passado comprou o Newcastle United FC em um acordo que avalia o clube da Premier League do Reino Unido em 305 milhões de libras (R$2,1 bilhões).
| VALOR (US$) | |||||||||||
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Manchester United | $4.65bi | ||||||||||
| Liverpool | $4.14bi | ||||||||||
| Manchester City | $4.00bi | ||||||||||
| Chelsea | $3.35bi | ||||||||||
| Arsenal | 3.06bi | ||||||||||
Fonte: Sportico (2021)
Não está totalmente claro como um acordo funcionaria se o Reino Unido impusesse sanções. Indivíduos sancionados não poderiam vender seus ativos no Reino Unido, que seriam congelados, de acordo com Stacy Keen, advogada especializada em sanções da Pinsent Masons LLP.
Abramovich tem um patrimônio líquido de cerca de US$ 13 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index, tendo construído sua fortuna com dividendos e vendas de ativos privatizados adquiridos da antiga União Soviética. A secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, se recusou nesta semana a descartar a adição de Abramovich a uma lista atualizada de indivíduos sancionados.
2. A interferência no ambiente dentro antes da decisão contra o Liverpool
Em entrevista coletiva realizada na última sexta-feira (25), Thomas Tuchel admitiu que ele e seus jogadores estão preocupados e distraídos com a “incerteza” criada pelo dono do Chelsea, Roman Abramovich, sendo citado no parlamento inglês.
Tuchel disse estar ciente de que o Chelsea pode ser afetado se o governo do Reino Unido punir Abramovich com sanções após a invasão da Ucrânia pela Rússia. O técnico reconheceu que o Chelsea não pode ignorar que um parlamentar disse que Abramovich foi identificado pelo Ministério do Interior em 2019 como tendo vínculos com o Estado russo, bem como com “atividades e práticas corruptas”.
Dizendo aos parlamentares que estava citando um documento do Ministério do Interior que vazou para ele, Chris Bryant sugeriu que o Reino Unido deveria confiscar os ativos de Abramovich e impedi-lo de possuir o Chelsea. Bryant também questionou por que nada mais foi feito sobre os ativos do britânico de 55 anos, dado este veredicto oficial.
“Estou ciente de todos esses cenários e de todas essas discussões no momento. Eu adoraria ter o meu direito de não comentar sobre isso até que uma decisão seja tomada. Mas estamos cientes disso e isso está nos distraindo, está nos preocupando. Até certo ponto, posso entender as opiniões e as opiniões críticas em relação ao clube, a nós que representamos esse clube. Eu posso entender isso e não podemos nos libertar totalmente disso.
Talvez as pessoas entendam que eu como treinador ou como jogadores, não temos a visão do que realmente está acontecendo. No momento, não nos sentimos responsáveis por tudo isso. Nós sentimos que é horrível a guerra e não pode haver dúvida sobre isso. A guerra na Europa foi impensável para mim por um longo período. O impacto é claro e as discussões têm impacto. Vamos ser um pouco mais pacientes e entender quais serão as medidas e então talvez tenhamos que lidar com isso.”
Durante a coletiva, Tuchel aceitou que o Chelsea poderia estar sob um holofote mais duro agora e não se esquivou de uma pergunta sobre Abramovich ser nomeado no parlamento.
“Você está certo, não devemos fingir que isso não é um problema e eu concordo. A situação em geral, para mim e para minha equipe e para todos aqui no Cobham, para os jogadores, é horrível. Ninguém esperava isso. É bastante irreal, está afetando nossas mentes, está afetando nosso emocional e traz uma enorme incerteza. Muito mais a todas as pessoas e famílias que estão realmente mais envolvidas do que nós. E nossos melhores votos e nossos cumprimentos e pensamentos estão obviamente com eles.”
Em 2018, Abramovich retirou seu pedido de um novo visto de investidor do Reino Unido, em meio ao agravamento das ligações entre o Reino Unido e a Rússia. Abramovich tem um passaporte israelense e desde então viajou para o Reino Unido usando isso.
Em novembro passado, ele assistiu sua primeira partida do Chelsea em Stamford Bridge em mais de três anos e continuou a dar ao clube um enorme apoio financeiro.
3. A possibilidade do Chelsea quebrar financeiramente
Diversos especialistas em finanças ouvidos pela imprensa inglesa alertaram que o Chelsea pode enfrentar a falência se o governo sancionar Roman Abramovich antes de qualquer negociação, enquanto vários pretendentes estão considerando uma oferta pública de aquisição.
Kieran Maguire, professor de finanças de futebol da Universidade de Liverpool, disse ao The Times o seguinte: “Se ele sente que está sendo feito de bode expiatório para as atividades de Putin, o pior cenário é que ele tente pedir o empréstimo. Então teremos uma crise. Ele e Putin podem argumentar que foi o governo britânico que destruiu o Chelsea Football Club.’
Rob Wilson, professor de finanças da Sheffield Hallam University, também demonstrou preocupações ao ser ouvido pelo The Times: “Se o governo apreender os ativos, nesse caso eles interrompem as atividades do Chelsea, isso provavelmente é para ele seria a gota d’água”.
Enquanto as partes não chegam à nenhuma resolução, o torcedor do Chelsea segue acompanhando de forma apreensiva a escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia.
