Bill marcou o gol da vitória do Nova Iguaçu sobre o Vasco no último final de semana, quando as duas equipes disputaram a semifinal do Campeonato Carioca, no Maracanã. O jogador fez o gesto do arco e flecha ao celebrar o tento e a referência ao orixá Oxossi, do candomblé, não agradou aos torcedores.
Enquanto alguns questionavam a fé do atleta, Bill exclamava ao celebrar o gol: “Nunca foi sorte, sempre foi meu pai Oxóssi”. O jogador abordou o assunto em uma entrevista ao Globo Esporte.
“A comemoração representa minha mudança como ser humano. Eu morri para o mundo e renasci para o meu lado espiritual. Eu me sinto muito melhor. A fé está em todas as áreas da minha vida, no lado profissional, pessoal, psicológico. A importância é máxima. É uma coisa que vou continuar fazendo, vou levar para o resto da vida. E quem não gostar, vou fazer o quê? Só precisam me respeitar”, revelou.
Fé dentro do Nova Iguaçu
A fé contribuiu em um maior desenvolvimento de Bill como volante. O jogador é filho de Mãe Carla, uma Ialorixá de Belford Roxo, no Rio de Janeiro. O presidente do clube Jânio Moraes abordou o assunto, solicitando um maior diálogo ecumênico e inter-religioso na sociedade.
“A gente tem que saber conviver. É uma coisa natural. Ele usa isso e também faz a oração com os jogadores, puxa as mensagens antes dos jogos. É uma prova de que ele convive junto com a gente. Por que a gente não pode conviver com o que ele pensa?”, revelou o mandatário, que pratica a fé católica.
O treinador do Carrossel da Baixada, Carlos Vitor, também emitiu a sua opinião sobre a prática de fé do jogador. O técnico é evangélico, frequentador de uma Igreja Assembléia de Deus.
“A gente não está aqui para julgar ninguém. A gente precisa respeitar a escolha de ninguém. Deus não faz acepção de pessoas. É muito natural entre os jogadores essas diferenças. O importante é cumprirmos o nosso propósito”, afirmou.
O Nova Iguaçu conquistou uma classificação inédita à final do Campeonato Carioca. A Laranja Mecânica terá como próximo adversário o Flamengo, que eliminou o Fluminense na outra semifinal. Bill torce por um título e prometeu comemorar ao seu estilo caso seja o autor do gol.
“A gente só vai conseguir combater se continuar tendo cada vez menos vergonha de quem nós somos, do que nós somos. Isso serve para qualquer situação: intolerância religiosa, racial. Fica um pouco um sentimento de tristeza pela intolerância das pessoas. Mas a gente tem que continuar batendo nessa tecla porque um dia essa situação acaba”, finalizou.