Twitter Oficial / Nação Empoderada
O Flamengo é o clube de maior torcida no Brasil, com representatividade em todos os públicos.
Mas como ocorre com outras torcidas, também existe o receio das mulheres rubro-negras jogarem futebol ou mesmo irem aos estádios, prestigiar seu time de coração.
Nação Empoderada é o nome de uma torcida exclusivamente feminina do Flamengo, que surgiu para mostrar que as mulheres podem e merecem ter espaço nas arquibancadas.
Em entrevista exclusiva para o Torcedores, conversamos com Monalisa, administradora do movimento.
Torcedores – Como surgiu o movimento?
Eu sempre fui flamenguista, mas eu ia aos jogos com meu ex-namorado. Um relacionamento de muitos anos, mas logo que a gente se separou eu deixei de ir aos jogos, pelo medo de ser mulher e estar na arquibancada sozinha.
Só assistia de casa e isso era muito frustrante para mim, ficar longe do time que eu amo. Triste, muito triste mesmo.
Certo dia teve a despedida do Júlio César no Barra Shopping na loja da Adidas. Eu saí da faculdade e vi que estava tendo evento do Flamengo, acabei ficando para ver e vi mais duas meninas sozinhas lá.
Sou uma pessoa muito comunicativa e acabei puxando assunto com elas. Desde então criamos um grupo e fomos em nosso primeiro jogo juntas e a meta era de nós três irmos aos jogos eventos e eventos do Flamengo.
Só que percebi muitas meninas que postavam no Facebook sobre não ter companhia para poder ir aos jogos do Flamengo.
Postei no meu Instagram, convidando para que elas se juntassem ao grupo.
No princípio era um grupo só de amigas. Começamos com cerca de 15 meninas no grupo, só de conhecidas mesmo.
Quando o movimento foi criado?
Ele foi criado em 07 de maio de 2018.
Como foi o crescimento de vocês?
Nesse meio é fácil conhecer outras pessoas. Eu comecei a entrar em grupos do Flamengo pelo Twitter, fazer amizade e falar para as meninas dos outros grupos sobre o movimento e a intenção de ir aos jogos juntas.
Começamos a ter novas integrantes e a meta era ter 50 pessoas só para poder começar a administrar. Só que isso foi crescendo de uma forma inexplicável.
Resolvemos criar um Twitter para divulgação, para poder interagir mais com as pessoas. Posteriormente criamos nosso Instagram e assim temos nossa divulgação.
Hoje praticamente eu vivo disso.
Você disse que hoje vive disso. Como é a rotina do grupo?
Vivo 24 horas do dia por esse grupo. Se tornou uma coisa muito grande.
Tive que colocar mais três pessoas para poder administrar comigo e a gente divide as tarefas.
Eu cuido do o Twitter e divido nosso Instagram com as outras duas meninas que começaram o grupo comigo.
Uma faz as artes e administra o grupo e assim vai, mas eu sou a responsável por tudo, então tudo tem que passar por mim para manter o controle do que é postado.
Como você se sente em relação ao movimento?
Eu tenho muito orgulho de comandar esse grupo, acho lindo quando as meninas entram lá falando que não tinha companhia para ir nos jogos, que tinham medo e que sentem felizes de estar participando dele, por agora ter amigas.
Nós tornamos uma família. Somos em 150 meninas no grupo, a maioria do Rio.
Estamos fazendo a camisa do grupo e vamos fazer a festa de um ano da torcida.
É muito gratificante hoje administrar isso.
Qual o foco da Nação Empoderada?
Intuito maior é mostrar que lugar de mulher também é na arquibancada, que nossa voz feminina ser ouvida.
Longe de qualquer torcida organizada, nós somos nosso grupo, sem precisar de ajuda de ninguém
Nós ajudamos muitas instituições e fazemos projetos de caridade. Vamos fazer agora uma campanha de doação de sangue no dia 9 de março e no dia da mulher vamos visitar uma instituição de reabilitação feminina.
Vai ser um “dia da beleza”, vamos pegar alguns produtos de higiene feminina para poder ajudar.
Estamos crescendo muito e estamos tentando administrar isso. Cada dia que passa eu não tenho cabeça para nada, é uma divulgação atrás da outra.
Vamos participar desse projeto com as outras meninas de outros times (#TorçaComoUmaMulher), mostrar nossa voz, que mulher também tem que estar na arquibancada.
Sofremos com isso, de que mulher não sabe do time, de que mulher vai para ver homem jogar bola, ficar olhando os jogadores e às vezes a gente fica bem chateada com esse tipo de comentário.
Às vezes discutimos, mas o melhor de tudo isso é quando eles falam de nós e eles mesmo nos procuram para saber que que aconteceu no time, como ele foi escalado e até rimos dessas situações.
Você comentou que a maioria das meninas é do RJ. Pensa em ampliar as fronteiras, para acompanhar o Flamengo em outros estados?
Nós fizemos divisões aqui dentro do Rio de Janeiro mesmo.
Como o grupo foi crescendo a gente dividiu o grupo por regiões.
No momento as meninas que mais procuram o grupo são o Rio mesmo, mas não descartamos a possibilidade de ampliar para outros estados sim.
O que acha que precisa mudar no futebol feminino no Brasil?
Eu acho que deveriam ser proporcionadas as mesmas oportunidades que o futebol masculino oferece.
Acho que todos os clubes deveriam ter um time feminino. Deveriam existir campeonatos nos mesmos moldes dos masculinos, como Copa do Brasil e Libertadores.
Poderia ampliar a estrutura do futebol feminino no Brasil entre todos os times. O futebol ainda é visto como esporte masculino.
É a nossa luta, de mostrar que o espaço da mulher também é na arquibancada. Que nós também gritamos, apoiamos nosso time.
Muitas vezes gritamos mais do que os homens que estão do nosso lado, que às vezes ficam olhando para a gente incrédulos. Estamos lá para cantar, gritar, rodar a camisa. Não interessa, estamos ali mesmo para torcer.
Quais os planos futuros?
No momento estamos só vivendo tudo que está acontecendo. Tudo tão rápido que não temos dimensão do que pode acontecer, do que isso pode nos proporcionar.
Começamos com um grupo tão pequeno, com uma intenção e de repente ela virou algo tão grande.
Nem imaginávamos que iríamos viver tudo isso. É muito gratificante ver tudo isso crescendo dessa maneira.

Divulgação Autorizada / Nação Empoderada
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