Home Futebol Domínio territorial e falta de ritmo marcam virada dos titulares do Flamengo sobre o Resende

Domínio territorial e falta de ritmo marcam virada dos titulares do Flamengo sobre o Resende

Titulares estreiam na temporada com vitória por 3 a 1 no Maracanã; Pedro estreia balançando as redes e Gabigol e Bruno Henrique fazem a diferença mais uma vez

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É preciso dizer (antes de qualquer coisa) que qualquer conclusão sobre essa versão 2020 do Flamengo vai soar precipitada e até mesmo leviana. Mesmo com a vitória (de virada) por 3 a 1 sobre o Resende nesta segunda-feira (3), na estreia dos titulares na temporada. O domínio dos comandados de Jorge Jesus foi claro e os números mostram bem isso. Foram 20 finalizações (sete no gol) contra 5 (apenas uma no alvo) da equipe do Sul Fluminense. Mesmo assim, o time do Flamengo já sabe que é a equipe a ser derrotada e que seu estilo de jogo já foi dissecado por todos os adversários. Mesmo partidas contra adversários sem tanta tradição vão ser muito mais complicadas do que seriam normalmente. A falta de ritmo e o pouquíssimo tempo de preparação (apenas uma semana) pesaram nos noventa e poucos minutos de partida. Mas acabou que o Flamengo conseguiu a vitória através do talento de Gabigol, Bruno Henrique e do estreante Pedro.

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A partida começou dentro daquilo que era esperado. O Flamengo tinha a posse de bola, dominava as ações no meio-campo e pressionava seu adversário no seu campo em busca do gol. Do outro lado, o Resende se defendia como podia, fechando espaços e se garantindo na boa atuação do goleiro Ranule. O tempo ia passando e o Fla (que entrou em campo armado no velho 4-1-3-2 de Jorge Jesus) criava oportunidades, mas não conseguia balançar as redes. Aos poucos, o Resende foi aproveitando a falta de ritmo e de entrosamento por parte da dupla de zaga formada por Gustavo Henrique e Thuler e também chegou com perigo, obrigando Diego Alves a trabalhar. Na prática, o que se viu foi o Flamengo jogando do jeito que o “Mister” gosta, sempre com objetividade, pressão na saída de bola e muita intensidade nas transições. Diego (titular no lugar de Gerson) e Éverton Ribeiro trocavam de posições, Filipe Luís jogava mais por dentro (como “lateral-armador”) e deixava que Bruno Henrique e Rafinha dessem amplitude ao time. Só faltava o gol.

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O Flamengo dominou amplamente o jogo, imprimiu muita intensidade nas transições e manteve o estilo de jogo agressivo preferido de Jorge Jesus. Destaque para as trocas de posição entre Diego e Éverton Ribeiro e o posicionamento de Filipe Luís por dentro. Foto: Reprodução / GloboEsporte.com

Uma coisa ficou bem clara na partida de hoje. Mesmo sendo a primeira apresentação dos titulares do Flamengo na temporada, a tendência é que todos os adversários utilizem estratégias semelhantes: muita compactação na frente da sua área, força na marcação e muita velocidade nos contra-ataques. Foi exatamente isso que o Resende fez no jogo. E foi exatamente assim que a equipe comandada por Edson Souza (que apostou num 4-5-1 bem fechado) chegou ao gol. Some-se isso ao desentrosamento natural de início de ano e à necessidade de adaptação de Gustavo Henrique dentro da estratégia de Jorge Jesus. O Flamengo é uma equipe que ataca e avança muito todas as suas linhas. Não por acaso o jogador mais recuado do time permanece na intermediária ofensiva em vários e vários momentos do jogo. No entanto, mesmo sendo a primeira apresentação dos titulares em 2020, já ficou mais do que claro que vai ter muita gente apostando na estratégia que o Resende usou na noite chuvosa desta segunda-feira (3) dentro de um Maracanã tomado por rubro-negros.

Por ser uma equipe que ataca muito, o Flamengo também acaba por ceder muitos espaços. A organização defensiva depende muito do entrosamento e da adaptação de Gustavo Henrique às ideias de Jorge Jesus. Foto: Reprodução / GloboEsporte.com

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Com a desvantagem no placar, Jorge Jesus mandou Pedro e Michael para o jogo, recuando Éverton Ribeiro para a função que era de Diego e rearrumando o Flamengo num 4-2-4 extremamente ofensivo. Por vezes, o time se organizava até mesmo num 3-2-5 com a subida dos laterais e chegada de todos ao ataque. O ex-atacante do Fluminense e da Fiorentina mostrou porque o “Mister” pediu tanto por um centroavante nos últimos meses mesmo com o sucesso de Gabigol na função. Jorge Jesus deslocou Bruno Henrique para o lado esquerdo e posicionou Pedro no comando de ataque, com o já citado camisa 9 mais próximo a ele e Michael pelo lado direito. Os gols foram saindo conforme o time do Flamengo atacava e aproveitava o cansaço do Resende no segundo tempo (outra marca registrada dessa equipe). E o camisa 21 teve estrela. Pedro não só marcou na sua estreia como fez a jogada do terceiro gol rubro-negro (marcado por Bruno Henrique). Ainda haveria tempo para Gerson entrar no lugar de Éverton Ribeiro e dar mais ritmo ao meio-campo do Flamengo.

Pedro e Michael entraram bem na partida e mostraram que podem ser ótimas opções para Jorge Jesus num calendário extenso e desgastante. Principalmente o camisa 21, jogador tão pedido pelo “Mister” nos últimos meses. Foto: Reprodução / GloboEsporte.com

O Flamengo fez seu papel e a alegria dos mais de 53 mil torcedores presentes no Maracanã. no entanto, como dissemos lá no início, é preciso ir devagar com as conclusões sobre essa versão 2020 do time de Jorge Jesus. O jogo contra o Resende foi o primeiro da temporada e a falta de ritmo se fez presente em vários momentos do confronto. Ao mesmo tempo, os estreantes Gustavo Henrique, Pedro e Michael ainda precisam de tempo para se adaptarem ao estilo de jogo de alta intensidade pedido pelo treinador português. Certo é que o Fla tem ótimas peças de reposição e que tem todas as condições de deixar seu torcedor feliz novamente. Ainda falta mais um pouco de objetividade numa equipe que tem tanto domínio territorial. Principalmente em momentos em que os jogadores tinham condição de concluir a gol, mas preferiam o toque para o lado ou para trás. Questões que o “Mister” terá que resolver nos próximos dias. Ainda mais com dois títulos importantes a serem disputados logo no mês de fevereiro.

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A versão 2020 do Fla mostrou um bom potencial apesar da falta de ritmo e do desentrosamento. O saldo foi sim positivo. Mas ainda é preciso ter um pouco de calma e paciência para que as peças se encaixem da maneira certa e o Flamengo volte a brilhar como brilhou em 2019.

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