Home Futebol Copa Rio: Palmeiras é ou não é campeão mundial de 1951?

Copa Rio: Palmeiras é ou não é campeão mundial de 1951?

Verdão venceu a Copa Rio, torneio que tinha clubes importantes como a Juventus, que chegou à decisão

Matheus Camargo
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), colaborador do Torcedores.com desde 2016. Radialista na Paiquerê 91,7.
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O Palmeiras tenta provar há algumas décadas que é o primeiro clube a ter conquistado o título mundial de clubes. O Verdão usa sua conquista da Copa Rio de 1951, que foi disputada entre junho e julho daquele ano, para garantir que o primeiro time a levantar o troféu deste peso na história do futebol.

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A taça do Verdão virou motivo de piadas para muitos, já que as principais acusações são de que o clube foi atrás do título apenas quando o Corinthians, seu arquirrival, conquistou dois troféus de nível mundial, em 2000 e em 2012. Porém, o clube paulista reuniu uma série de documentos para enviar um dossiê à FIFA, maior entidade do futebol.

O Palmeiras conseguiu provar que o torneio teve status de mundial, especialmente pelos recortes da época, ganhou felicitações da FIFA e foi saudado, mas seu nome não aparece no site da entidade como campeão do mundo.

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Isso porque a Copa Rio, como foi chamado o torneio, não foi organizado pela FIFA, mas sim pela CBD (Confederação Brasileira de Desporto), precursora da CBF.

A ideia era reunir os clubes mais fortes do mundo no Brasil, um ano após a disputa da Copa do Mundo, em 1950, que terminou com o título do Uruguai. A FIFA foi comunicada na época e autorizou a disputa, mas não se envolveu na organização.

O que foi a Copa Rio?
O presidente da FIFA na época era Jules Rimet, que gostou da ideia de uma Copa do Mundo de Clubes e apoiou a CBD, mas garantiu que não houve envolvimento algum da entidade. Segundo ele, inclusive, a FIFA sequer teria que se envolver, já que naquela época a entidade cuidava apenas das seleções.

A Copa Rio inicialmente contaria com 16 clubes, mas problemas de deslocamento reduziram os participantes a oito, divididos em quatro em duas sedes: no Rio de Janeiro e em São Paulo.

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A ideia foi fazer formato semelhante ao que seria realizado quase 50 anos depois, em 2000, e colocar um cabeça de chave de cada local em cada grupo. Até por isso, a divisão dos grupos foi a seguinte:

Grupo A, sediado no Rio de Janeiro: Vasco (campeão carioca de 1950 e cabeça de chave), Sporting (campeão português), Áustria Viena (campeão austríaco da temporada 1949/50, que substituiu desistentes como Tottenham, Hibernian-ESC e Rapid Viena) e Nacional (campeão uruguaio).

Grupo B, sediado em São Paulo: Palmeiras (campeão paulista de 1950), Juventus (campeão italiano de 1949/50, que substituiu o Milan, campeão atual que optou por disputar outro torneio), Estrela Vermelha (campeão da Copa da Iugoslávia), Nice (campeão francês, que substituiu o Barcelona)

Os dois primeiros de cada grupo iriam à semifinal do torneio, o que foi realizado um em cada local. Em São Paulo, a Juventus bateu o Rapid Viena em dois jogos com placar agregado de 6 a 4, enquanto no Rio o Palmeiras bateu o Vasco em dois jogos por 2 a 1, também no agregado.

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Na decisão, o Palmeiras, que havia perdido para a Juventus na primeira fase por 4 a 0 e ficado em segundo no grupo, venceu os italianos em dois jogos, com placar agregado de 3 a 2, e conquistou a Copa Rio.

A briga pelo reconhecimento
O Palmeiras trata a si mesmo campeão mundial, mas não é visto assim por rivais e até mesmo pela FIFA. O mais próximo que o clube conseguiu foi uma publicação da entidade em 2016, o que muitos tratam como o reconhecimento esperado. Na ocasião, a FIFA não apenas parabenizou o Palmeiras pela conquista “mundial”, como diz no texto, como também lançou a frase tão repetida pela torcida: “Verde é a cor da inveja”.

Leia a publicação de 2016 da FIFA:

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“Verde é a cor da inveja. O Verdão foi a inveja do mundo inteiro nesse dia, 65 anos atrás. Um inspirado Liminha foi o destaque do Palmeiras e fez contra uma equipe da Juventus, que tinha Giampiero Boniperte e um deslumbrante trio dinamarquês, para se tornar o primeiro campeão intercontinental de clubes mundiais do esporte. 100.000 pessoas assistiram a isso no Maracanã. Um milhão inundaram as ruas de São Paulo para receber seus heróis em casa.”

Em uma relação de “morde e assopra”, a FIFA prometeu ao Palmeiras um reconhecimento em seus documentos oficiais, mas até hoje o clube não aparece por lá.

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