Home Futebol Cenas lamentáveis, tensão ao máximo e boas ideias de Renato Gaúcho e Eduardo Coudet: os capítulos do Gre-Nal 424

Cenas lamentáveis, tensão ao máximo e boas ideias de Renato Gaúcho e Eduardo Coudet: os capítulos do Gre-Nal 424

Primeiro clássico entre Grêmio e Internacional da história da Libertadores terminou sem gols em Porto Alegre; apesar da pancadaria nos minutos finais, tricolores e colorados protagonizaram jogo recheado de bons lances

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

O primeiro Gre-Nal da história da Copa Libertadores da América ficou marcado por uma série de fatores que transformam esse clássico no mais disputado do Brasil e talvez do mundo. Falo com tranquilidade. Futebol ofensivo, boas ideias dos técnicos Renato Gaúcho e Eduardo Coudet, muita intensidade, chances e mais chances de gol e nervos à flor da pele. Tão à flor da pele que o Gre-Nal 424 também será lembrado pelos oito cartões vermelhos mostrados pelo árbitro argentino Fernando Rapalini após a confusão generalizada que manchou o clássico nos minutos finais da partida. Enquanto os jogadores se concentraram apenas em jogar futebol (e pudemos ver como Renato Gaúcho e Eduardo Coudet pensam suas equipes), podemos dizer que tivemos uma partida à altura do clássico mais disputado do país. É uma pena que as coisas tenham saído (muito) do controle nos minutos finais.

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Tirando uma cabeçada de Pedro Geromel (bem defendida por Marcelo Lomba), um belo chute de Edenílson (igualmente bem interceptado por Vanderlei) e uma chance incrível desperdiçada por Boschilia aos 32 minutos, a primeira etapa não contou com grandes chances de gol. O Grêmio tentava controlar o jogo no meio-campo a partir do 4-3-3 de Renato Gaúcho e da trinca de volantes formada por Maicon, Lucas Silva e Matheus Henrique. Essa formação do Tricolor Gaúcho também fazia com que os pontas Everton Cebolina e Alisson (depois Pepê) buscassem mais o meio e abrissem o corredor para as subidas de Victor Ferraz e Caio Henrique por fora e também por dentro. A partir da entrada de Jean Pyerre no lugar de Maicon (que saiu de campo sentindo lesão muscular), o time do Grêmio melhorou e ficou mais vertical e contou com um passe que poderia quebrar as linhas bem postadas do Internacional. Em tempo: o camisa 21 não pode ser reserva nesse time.

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Renato Gaúcho apostou no controle do jogo no meio-campo a partir do seu 4-3-3. Os volantes se aproximavam, os laterais avançavam e os pontas davam amplitude. Vale destacar que a entrada de Jean Pyerre (jogador com a bola na foto) deu mais mobilidade ao time do Grêmio. Foto: Reprodução / globoesporte.com

Mas o Internacional também tinha as suas armas. O argentino Eduardo Coudet organizou sua equipe no seu 4-1-3-2 costumeiro com muita intensidade na marcação e alta velocidade nas transições para o ataque. E se o primeiro tempo foi marcado por poucas chances de gol, a segunda etapa mostrou um Inter mais corajoso com Edenílson e Boschilia acertando a trave de Vanderlei. E vale destacar aqui a grande atuação do camisa 8 (o melhor em campo pelo escrete colorado na humilde opinião deste que escreve). Não é exagero dizer que Eduardo Coudet encontrou a posição de Edenílson dentro do seu esquema tático. Com Musto à frente da zaga, Marcos Guilherme e Boschilia se movimentando pelos lados e buscando Guerrero e Thiago Galhardo (depois D’Alessandro), coube a Edenílson controlar o jogo, buscar espaços vazios e participar ativamente da criação das jogadas, tarefas que vem cumprindo com muita eficiência no Internacional.

Edenílson (no círculo) se transformou na peça chave do esquema tático de Eduardo Coudet. Jogando por dentro no 4-1-3-2 costumeiro do treinador argentino, o camisa 8 tem liberdade para se movimentar por todo o campo e abrir espaços para as chegadas dos companheiros de equipe ao ataque. Foto: Reprodução / globoesporte.com

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A lamentar somente a confusão generalizada que tomou conta do gramado da Arena do Grêmio após dividida entre Pepê e Moisés na lateral do campo. Foram 10 minutos de jogo parado com trocas de socos e empurrões num verdadeiro circo criado diante das mais de 53 mil pessoas presentes no estádio. Foram oito expulsões ao todo e muitas acusações de ambas as partes. E isso numa partida que tinha tudo para ser uma das mais fantásticas da história do clássico. O Gre-Nal 424 teve bom futebol, bons duelos táticos de Renato Gaúcho e Eduardo Coudet e muita luta no meio-campo. Mas acabou manchado por conta dos fatos já amplamente relatados. Este que escreve prefere ficar com a imagem das oportunidades de gol criadas, pela movimentação das duas equipes e pela ótima atuação dos goleiros Marcelo Lomba e Vanderlei. É simplesmente uma pena que o clássico tenha terminado dessa maneira. Ainda mais quando não fazemos ideia de quando teremos o retorno dos jogos da Libertadores da América por causa do surto de coronavírus.

Renato Gaúcho e Eduardo Coudet mostraram que Grêmio e Internacional podem chegar muito longe nessa temporada pelas ideias apresentadas na partida desta quinta-feira (12). Bom futebol, ideias claras de jogo e estratégias bem assimiladas por parte das duas equipes. Apesar da pancadaria no final, a partida foi boa.

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