Home Opinião Flavio Pires: Caso Ronaldinho: há abuso de autoridade e oportunismo por parte dos paraguaios

Flavio Pires: Caso Ronaldinho: há abuso de autoridade e oportunismo por parte dos paraguaios

Blog conversou com especialista em marketing e analisou detenção de Ronaldinho no país vizinho

Flavio Pires
Colaborador do Torcedores

A coluna desta semana analisa o tema do momento: a prisão de Ronaldinho Gaúcho em solo paraguaio. Para isso, o convidado da vez é Angelo Canuto, empresário e diretor da Fênix Gestão e Marketing Esportivo e AMC Consultoria e gerenciamento esportivo, especialista em assuntos que envolvam futebol e encarceramento.

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Autor do livro “Extra Campo, na ótica do cárcere”, Canuto acredita que tirar a liberdade do ex-craque do Barcelona e da seleção brasileira é um excesso cometido por parte da autoridade local, na qual repudia. Vale destacar que o blog compartilha da opinião.

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“Eu acho que prender a pessoa, colocar atrás das grades, por ora, é um excesso. Uma vez que ele não oferece risco nenhum à sociedade. Se as questões envolvem finanças, valores, ele [Ronaldinho] tem patrimônio suficiente para ser punido, para ser confiscado, bloqueado. E não seu bem maior que é a liberdade. Expande essa sequela [do encarceramento] ao filho, à mãe, à sociedade como um todo. Por ser uma pessoa pública, que forma opinião e que as crianças o seguem, abala. Quantas crianças não devem estar tristes e abismadas com isso?”, afirmou o especialista.

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“A meu ver, as autoridades estão tirando o foco dos cidadãos paraguaios, porque tem lá uma investigação que pesa sobre eles há muito tempo. E o Ronaldo, com o objetivo de promover o marketing esportivo naquele país, acabou entrando. Se houver algum tipo de participação [em algum esquema], não é ofensiva”, acrescentou.

Em cerca de 30 minutos de debate sobre o assunto, Canuto aproveitou para fazer uma ressalva aos jogadores de futebol do momento. O especialista, na verdade, faz um alerta sobre questões de responsabilidades e contratuais que os atletas devem ter ao longo da carreira.

“É um problema que eu detecto muito nos jogadores hoje. Atribuir aquilo que ele vai assinar no final a responsabilidade de uma pessoa. E essa pessoa também atribui esta responsabilidade a um terceiro. Quando, na verdade, quem põe a caneta no final é o jogador. Então tem que ter muito cuidado em relação a isso”, ponderou Angelo, destacando que talvez tenha faltado um acompanhamento jurídico a Ronaldinho desde a chegada ao Paraguai.

Outro ponto da conversa foi em relação à imagem de Ronaldinho. Como será que fica a representatividade do craque depois deste caso? É capaz de ele perder fãs? A idolatria irá diminuir? Canuto, como especialista em negócios do esporte, opinou.

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“Acredito que, sim, vai ficar marcado por um período, mas que não vai destruir a imagem dele, porque ele fez muito por nós, na história do futebol, como pessoa. O Ronaldo faz muitas ações sociais pelo mundo, é uma pessoa humana.”

Para o blog, e para o convidado, há inversão de valores e alguns comportamentos oportunistas, de abuso de autoridade. Fica o questionamento. E se fosse outro cidadão qualquer, teríamos as mesmas repercussão e punição?

Quem é Angelo Canuto

Nascido em 1973, Angelo Canuto cresceu na periferia e sempre esteve ligado ao futebol. Quando criança, tinha o desejo de ser jogador profissional, mas não conseguiu realizar o sonho. Mais velho, tornou-se policial, depois cumpriu 15 anos de prisão e, já em liberdade, dedicou-se aos estudos.

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Foi aí, então, que se tornou bacharel em Administração pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduando MBA em Gestão e Marketing Esportivo pela Trevisan Escola de Negócios, em São Paulo.

“A violência está muito presente na periferia. E quem esteve sempre mais perto para me acolher, uma vez que não tenho pai, afinal de contas nem sei quem é meu pai, era a violência. E o que tem para você? Eu já praticava pequenos delitos com 16, 17 anos, porque a fome bate e você precisa fazer alguma coisa”, contou, brevemente, sobre sua adolescência.

Atualmente, Canuto também dá palestras, principalmente para jogadores em formação. No ano passado, por exemplo, esteve no Centro de Treinamento do São Caetano para passar suas experiências aos atletas de base do Azulão. O intuito é formar cidadãos não só para o futebol, mas para a sociedade como um todo.

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