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Futebol já pode voltar na Alemanha, mas por que não no Brasil?

Maneira que os países lidaram com a pandemia explica atraso do Brasil

Matheus Camargo
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), colaborador do Torcedores.com desde 2016. Radialista na Paiquerê 91,7.

O governo da Alemanha aprovou nesta quarta-feira (6) o retorno do futebol no país para os próximos dias. Sem data confirmada, a Bundesliga trabalha com possível volta para 15 ou 22 de maio, sendo assim a primeira grande liga a retornar aos gramados após o surto do novo coronavírus, que explodiu para o mundo em janeiro, na China, e já matou mais de 270 mil pessoas.

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Mas qual é o motivo da Alemanha estar aptar a receber jogos de futebol e o Brasil, mesmo com o desejo dos governantes, da CBF e de vários cartolas, ainda não? A maneira como ambos os países lidaram com a pandemia do novo coronavírus pode explicar bem.

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A nova doença explodiu na Alemanha no início de março, mas como há um período de 15 a 20 dias para a internação ou óbito de um paciente, o governo local promoveu o fechamento da maioria dos serviços do país antes mesmo dos casos chegarem ao pico.

Próximo à Itália, Espanha e Reino Unido, países que se tornaram o epicentro do coronavírus após o surto deixar a China, a Alemanha recebeu vários casos da doença, mas iniciou as internações e os testes rapidamente. Além disso, o país tem o maior número de leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) em média da Europa.

Curva na Alemanha está na descendência desde o meio de abril e o número de casos por dia está em direção abaixo dos 600 (Reprodução)

Para se ter ideia, são oito leitos de UTI para cada mil habitantes, enquanto na Itália o número fica próximo a três por mil habitantes e, na Espanha, dois.

Com testagens, internações e mais leitos, a Alemanha atingiu um dos menores índices de mortalidade do mundo. São 167 mil casos, quase 130 mil recuperados e pouco mais de 6 mil mortos. A capital Berlim, por exemplo, registrou apenas 157 mortos.

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E o Brasil?
O Brasil viveu um dos casos mais curiosos da pandemia, já que o coronavírus iniciou seu surto por aqui no fim de março. A medida tomada pelos governadores foi acertada, já que a quarentena iniciou no Brasil antes mesmo do número de casos chegar à primeira centena.

Os primeiros casos explodiram no meio de abril, contando com o tempo de 15 a 20 dias da incubação e manifestação do vírus, o que fez com que várias pessoas entendessem que a quarentena não funcionou e voltassem para as ruas.

O governo federal não apoiou o isolamento e várias cidades voltaram a abrirem os comércios antes mesmo do primeiro mês de quarentena.

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Brasil teve bom início na pandemia, mas relaxou o isolamento e pode ser novo epicentro. Número de casos diários deve ultrapassar os 7 mil nos próximos dias. (Reprodução)

É possível ver que o Brasil chegou a ter uma descendência no número de casos, mas logo explodiu na semana seguinte pelo relaxamento do isolamento.

Vários estudos indicam que o país será o novo epicentro do novo coronavírus dentro de alguns dias, o que pode gerar um ‘lockdown’, medida extrema de fechamento e isolamento de pessoas para conter a pandemia.

Com isso, enquanto a maioria dos países estão em curva descendente, o Brasil está em ampla ascensão de casos e não deveria haver previsão para retorno do futebol por aqui.

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Mortes no Brasil
A Alemanha tem um mês a mais de surto pelo novo coronavírus que o Brasil, até por isso o número de casos é maior por enquanto, mas mesmo assim o número de mortos no país já ultrapassou os europeus.

Se por lá são pouco mais de 6 mil mortes, o Brasil, com cerca de 120 mil casos confirmados até o momento, já ultrapassou os 8 mil mortos.

Além do isolamento relaxado, o país é um dos que menos testou os suspeitos, tendo feito cerca de 400 mil testes – cerca de um quarto foi diagnosticada como positivo. Além disso, o número de UTIs no Brasil é extremamente baixo em relação aos alemãs, já que por aqui, a cada mil habitantes, 0,2 tem leitos disponíveis.

Bundesliga de volta, Brasileirão não
Os jogadores da Bundesliga não se opuseram ao retorno do futebol na Alemanha, mesmo que alguns jogadores tenham sido atingidos pelo novo coronavírus, especialmente por terem sido convocados para reuniões e estarem cientes da descendência da curva.

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No Brasil, porém, já nasce um embate entre jogadores e cartolas para o retorno. Atletas como Alexandre Pato e Daniel Alves, do São Paulo, e Netto, do Internacional, se mostraram descontentes com a ideia da volta ao futebol. Diretor do São Paulo, Raí também se mostrou contrário e atacou o presidente Jair Bolsonaro, que declarou publicamente ser a favor da volta imediata do futebol.

A CBF indicou que quer o retorno e apontou o dia 16 de maio como uma ideia. O Internacional e o Grêmio, por exemplo, estão programando a volta aos treinos, assim como o Flamengo.

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