Home Futebol Por que a CBF deixou o mata-mata de lado e optou pelo Brasileirão em pontos corridos?

Por que a CBF deixou o mata-mata de lado e optou pelo Brasileirão em pontos corridos?

Tentativa de modernizar e de enfraquecer Clube dos 13 foram os principais motivos

Matheus Camargo
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), colaborador do Torcedores.com desde 2016. Radialista na Paiquerê 91,7.

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) decidiu encerrar o Brasileirão no sistema de mata-mata em 2002 e a partir de 2003 implantou o sistema de pontos corridos, que é utilizado até hoje e que é o mesmo modelo dos principais campeonato nacionais do mundo.

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Mas por que a CBF deixou de lado o mata-mata para formatar o Brasileirão em pontos corridos?

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A ideia ganhou força em 2001, quando Ricardo Teixeira, presidente da CBF, já tinha a ideia de aumentar os poderes da Confederação e de enfraquecer o Clube dos 13, que reunia os principais clubes brasileiros para a tomada de decisões sobre os torneios.

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A primeira decisão de Teixeira foi a extinção dos campeonatos regionais, como o Torneio Rio-São Paulo, a Copa dos Campeões, a Copa do Nordeste – que voltaria em outro formado há alguns anos -, entre outros.

A justificativa foi pela modernização do futebol brasileiro, para que gerasse equidade ao europeu na fórmula de disputa e para que as datas não fossem espremidas e não batessem com as competições internacionais.

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“Os regionais, inclusive o Rio-São Paulo, e a Copa dos Campeões acabaram”, disse Ricardo Teixeira em entrevista à Folha em 2002.

“Isso já está decidido. A partir de 2003, haverá só dois torneios de âmbito nacional: o Campeonato Brasileiro, que durará oito meses, e a Copa do Brasil.”

O Brasileirão em oito meses ainda não estava definido oficialmente como em pontos corridos, mas a CBF preparava para o mês seguinte a divulgação da nova fórmula de disputa.

Na época, a Confederação contou com o apoio da Globo na extinção dos regionais, mas não na troca do mata-mata pelos pontos corridos.

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Das 27 federações estaduais, 25 apoiaram as decisões tomadas pela CBF, o que enfraqueceu mais ainda o poder do Clube dos 13.

Ricardo Teixeira tomou a decisão sem esperar a reunião dos clubes e justificou dizendo que isso só cabia à CBF e que o Clube dos 13 não teria poder de veto ou de escolha no novo calendário e no sistema de disputa.

Na mesma entrevista à Folha, pouco tempo antes da oficialização dos pontos corridos, o ex-presidente da entidade não cravou, mas admitiu o desejo do novo sistema no Brasileirão.

“Essa é uma reivindicação antiga”, disse em 2002.

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“Acho que devemos colocá-la em prática até para ver se dá certo.”

Dezembro de 2002

O Clube dos 13 então se reunião em dezembro de 2002 para discutir a possível mudança no sistema de disputa do Brasileirão e a decisão tomada surpreendeu a muitos e desagradou a Globo.

“Não ignoramos o risco, mas temos que experimentar. No próximo ano, o time que tiver o melhor planejamento vai ser campeão”, disse Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo, para justificar seu voto favorável à mudança para o sistema de pontos corridos.

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A decisão foi praticamente unânime entre os membros do Clube dos 13 e agradou a muitos na época. A Globo, porém, por meio de Julio Mariz, diretor de Esportes da emissora, não demorou a se pronunciar.

“Acreditamos que os clubes tomaram uma decisão equivocada, mas ela é soberana”, disse o representante.

“Esperamos que, por ser uma novidade, o sistema de pontos corridos traga atratividade ao campeonato.”

A única voz do Clubes dos 13 a ser contrária à alteração foi Eurico Miranda, então presidente do Vasco. Em entrevista à Folha após a reunião, detonou a CBF pela mudança no Brasileirão.

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“Esse sistema é um suicídio para o futebol brasileiro. A CBF tem a ideia, mas quem vai pagar a conta no final nunca é ela.”

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