Home Esportes Olímpicos Fernanda Garay e jogadores da dupla Gre-Nal relatam casos de racismo: “ser negro é ser resistência”

Fernanda Garay e jogadores da dupla Gre-Nal relatam casos de racismo: “ser negro é ser resistência”

O Jornal do Almoço, telejornal gaúcho, mostrou nesta sexta-feira (05) uma reportagem exclusiva com Fernanda Garay, Jean Pyerre e Patrick relatando casos de racismo e como isso mudou a vida deles

Andressa Fischer
Gaúcha, 22 anos | Escrevo sobre vôlei, futebol feminino e dupla Gre-Nal.

Apresentadora do Globo Esporte RS, Alice Bastos Neves mostrou dentro do Jornal do Almoço dessa sexta-feira (05) uma entrevista exclusiva com três atletas negros e grandes nomes do esporte gaúcho. Fernanda Garay, campeã olímpica com a seleção de vôlei, e Jean Pyerre, destaque do Grêmio, gaúchos de nascimentos, e Patrick, carioca, mas destaque do atual elenco do Internacional.

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Jogadora do Praia Clube e da seleção brasileira, Garay lamentou o fato de as pessoas negras precisarem sobreviver no meio da sociedade. Segundo a ponteira, os negros não recebem o mesmo tratamento de igualdade como os outros e relatou um caso de racismo sofrido na infância.

“Ser negro no Brasil é ser resistente. A nossa sobrevivência, a nossa vida, ela é a uma vida de resistência. Eu sofri bastante na minha infância. A gente estudava numa escola particular e eu vivia na batalha diariamente”, afirmou Fê Garay.

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“E a minha mãe, uma mulher muito forte e sábia, ela me ajudou muito nesse processo. Porque ela falava: ‘te olha no espelho, tu é linda, olha o teu cabelo, olha os teus olhos, a tua beleza’. A gente precisa construir uma defesa muito grande. Porque diariamente a gente tá em combate”, completou.

Fernanda Garay enxerga que o esporte traz um lado positivo do negro em contramão ao racismo

Questionada se no meio esportivo a abordagem contra pessoas negras é diferente, Garay disse que o esporte mostra um lado positivo do negro e que é difícil de ser visto em outros lugares, como na porta da universidade, pela falta de representatividade.

“Acredito sim, que ali a gente é representado de uma forma muito positiva. É um forma de mostrar uma coisa boa do negro, um lado muito bom do negro. A gente não tem uma representatividade nas universidades, nos cursos de Direito, de Medicina. Uma minoria negra que tem oportunidade, que tem acesso. Por isso é tão importante a gente falar de políticas inclusivas, de dar oportunidades”

Jean Pyerre foi acusado de roubo e precisou dar explicações sobre o carro que comprou por causa do racismo

Bastante participativo nas redes sociais, Jean Pyerre contou que sofreu preconceito depois que estourou no Grêmio em 2019. O meia foi em uma concessionária e comprou um carro de uma marca famosa mundialmente e precisou dar explicações sobre como adquiriu o veículo.

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No entanto, algum tempo depois, um jogador (branco) da base gremista apareceu com um carro da mesma marca e não foi questionado.

“Quando eu comprei o meu carro, meu Deus do céu. O pessoal falava e julgava: ‘da onde que tem dinheiro? Você subiu agora’. Na mesma revendedora que eu comprei, um tempo depois, um moleque da base foi e conseguiu comprar um carro desse (da mesma marca) e ninguém falou nada”, lamentou.

O camisa 21 do Imortal ainda disse que na infância passou por duas escolas diferentes e em ambas era o único negro da sala. Natural de Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, o meio-campista foi acusado de roubo em um comércio perto de onde morava.

“Eu acho que a gente tem que falar mais sobre isso. Em dois colégios diferente eu era o único negro da sala. Fui acusado de roubo num mercado que é do lado da minha casa. Automaticamente as pessoas colocam os negros como os monstros”, afirmou.

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“Se tu entra num lugar que tu não tá acostumado a ir, as pessoas ficam te olhando. A minha mãe esses tempos foi no mercado e o segurança ficava seguindo ela. Não precisa acontecer isso com ninguém, entendeu? Ele (negro) é um ser humano”, completou.

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