Home Futebol Assistência, gol e mais uma grande atuação: por que precisamos valorizar o futebol de Gabriel Jesus

Assistência, gol e mais uma grande atuação: por que precisamos valorizar o futebol de Gabriel Jesus

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do brasileiro na vitória do Manchester City sobre o Real Madrid na Liga dos Campeões

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Este que escreve já havia abordado o assunto no jogo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, quando o Manchester City venceu o Real Madrid por 2 a 1 em pleno Santiago Bernabéu com grande atuação de Gabriel Jesus. Eis que o camisa 9 dos Citzens voltou a brilhar quase seis meses depois. E contra o mesmo adversário. Mais uma assistência, mais um gol e mais uma atuação de grande destaque jogando com mobilidade quase que total no 4-3-3 armado por Pep Guardiola. E o que é melhor: atuando sem sentir o peso de uma partida eliminatória da UEFA Champions League. A evolução técnica e tática de Gabriel Jesus já é nítida e seu futebol precisa sim ser mais valorizado por parte da imprensa esportiva e também pelos torcedores. Ótima notícia para Tite, tendo em vista que o atacante brasileiro é um dos seus homens de confiança na Seleção Brasileira.

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O grande “reforço” do Manchester City para esse jogo de volta acabou aparecendo em fevereiro, no Santiago Bernabéu, quando Gabriel Jesus sofreu a falta que resultou na expulsão (justa) de Sergio Ramos, referência defensiva e uma das grandes lideranças do Real Madrid dentro de campo. É bem verdade que Éder Militão (seu substituto na partida disputada no City of Manchester) não fez uma partida ruim. Por outro lado, o francês Varane parecia sentir demais a falta do espanhol. Tanto que sofreu demais com a mobilidade de Phil Foden, Sterling e Gabriel Jesus. Este último procurou justamente o lado esquerdo de ataque (às costas do lateral-direito Carvajal) e buscando as infiltrações em diagonal. A pressão em cima do adversário funcionou quando Varane “entregou a paçoca” pela primeira vez na partida e o atacante brasileiro serviu Sterling que só completou para o gol vazio.

Manchester City vs Real Madrid - Football tactics and formations

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Pep Guardiola apostou num 4-3-3 de extrema mobilidade no ataque e encontrou em Gabriel Jesus a sua principal arma ofensiva. O brasileiro explorou bem as subidas de Carvajal e infernizou a vida do francês Varane. Já o Real Madrid tentava tocar a bola no ataque, mas explorava pouco as jogadas com Rodrygo pela direita.

Vale lembrar que o Manchester City nem teve tanta posse de bola como de costume (55% contra 45% de acordo com o ótimo SofaScore). A equipe de Pep Guardiola apostava num estilo bem semelhante ao implantado por Jürgen Klopp no Liverpool: pressão alta no portador da bola e alta velocidade nas jogadas de ataque. O Real Madrid sofria com a movimentação do adversário e também explorava pouco uma das jogadas com Rodrygo em cima de João Cancelo pela direita (um dos poucos setores onde os merengues levavam vantagem sobre os Citzens). Não por acaso, a jogada do (belo) gol de Benzema nasceu dos pés do jovem brasileiro em cima do lateral português improvisado na esquerda. As coisas ainda ficariam mais complicadas para Zinedine Zidane na segunda etapa, quando o Manchester City aumentaria ainda mais a velocidade com Kevin de Bruyne fugindo de Casemiro no meio-campo.

Não demorou muito para que o time espanhol sentisse a pressão e para que Varane “entregasse a paçoca” mais uma vez. Há quem diga que Gabriel Jesus e companhia só fizeram o que fizeram por conta das trapalhadas do sistema defensivo merengue. Por outro lado, é preciso destacar que o brasileiro fez a leitura correta em quase todas as jogadas e estava pronto para aproveitar o novo vacilo do zagueirão francês e tocar na saída de Courtois. Zidane ainda tentou dar sangue novo ao seu time, mas acabou tendo que ver o City ainda mais móvel com as entradas de Bernardo Silva e David Silva e a mudança para um 4-2-3-1 sem referência ofensiva, com De Bruyne mais solto em campo e com Gabriel Jesus aproveitando os espaços generosos pelo lado esquerdo de ataque. O brasileiro se tornava o principal responsável pela primeira eliminação de Zidane como treinador numa Champions League.

Real Madrid vs Manchester City - Football tactics and formations

O Manchester City seguiu superior no segundo tempo e chegou ao segundo gol com Gabriel Jesus aproveitando nova “paçocada” de Varane. O Real Madrid tentou se impôr nos minutos finais com as mexidas de Zidane, mas o time de Pep Guardiola seguiu dominando as ações e controlando a partida até o apito final.

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Gabriel Jesus foi um dos jogadores mais criticados da Seleção Brasileira após a Copa do Mundo da Rússia. No entanto, como já foi dito várias e várias vezes aqui neste espaço, o atacante brasileiro precisa ser mais valorizado. Ainda mais quando eu e você estamos vendo seu amadurecimento cada vez mais consolidado e, de quebra, se tornando um dos homens de confiança de Pep Guardiola. Gabriel Jesus vem reunindo todas as características de um atacante moderno e mostrou isso nos 180 minutos contra o Real Madrid. O camisa 9 se movimenta, marca gols decisivos, alia intensidade e leitura correta dos espaços e o melhor de tudo: parece não sentir o peso de jogos decisivos. O feito de Gabriel Jesus merece sim ser celebrado. Não é qualquer jogador que consegue ir bem em duas partidas contra o Real Madrid e em situações completamente diferentes.

Com certeza Tite viu o jogo e comemorou a atuação de um dos seus homens de confiança. Resta saber como o treinador da Seleção Brasileira vai esse amadurecimento do atacante do Manchester City nas partidas válidas pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Gabriel Jesus já mostrou sua qualidade várias e várias vezes jogando com liberdade de movimentação no time de Pep Guardiola. Que Tite entenda essa lição e repita esse processo no escrete canarinho.

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