Home Futebol Um “homem gol” cairia muito bem no time do Santos; confira a análise

Um “homem gol” cairia muito bem no time do Santos; confira a análise

Luiz Ferreira destaca a boa atuaçao do Peixe e a ausência de um atacante que “coloque a bola para dentro” no escrete comandado por Cuca

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Botafogo e Santos fizeram um jogo bem movimentado neste domingo (20), no Estádio Nilton Santos. Faltou apenas ele: o gol. Ou os gols. Não seria nenhum exagero vermos três, quatro ou até mais gols nessa partida diante do número de chances reais criadas durante os noventa (e poucos) minutos de partida. O que chamou a atenção deste que escreve, no entanto, foi o fato de que a produção ofensiva dos comandados de Cuca segue extremamente prejudicada pela ausência de um “homem gol”, aquele atacante nos moldes de Cano, Luiz Adriano, Gabigol e outros, que está lá para definir as jogadas. O Santos tem ótimo volume de jogo, é extremamente vertical, trabalha bem a bola pelos lados e ocupa bem os espaços. Mas ainda falta aquele toque final, o chute que vence o goleiro adversário e balança as redes. Pior para o Peixe que poderia ter saído do Rio de Janeiro com os três pontos.

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Os números do excelente SofaScore mostram bem o que foi essa partida no Engenhão. Foram 21 finalizações para o Santos contra apenas sete do Botafogo. Cuca armou sua equipe no seu usual 4-3-3/4-1-4-1 com Marinho solto pela direita e com liberdade para percorrer todo o setor ofensivo. Mais à esquerda, Arthur Gomes fazia bom jogo pra cima de Fernando e Marcelo Benevenuto. Era por ali que o Peixe criava as suas principais jogadas de ataque, já que Davi Araújo pouco ajudava na marcação e fazia com que Caio Alexandre largasse seu posto para cobrir as subidas do lateral botafoguense ao ataque. Do outro lado, Rentería não conseguia cortar as linhas de passe de Marinho, Sánchez e Pará. Mas gol que é bom, nada. Raniel não é o “homem gol” que o Santos precisa e Gatito Fernández mostrava mais uma vez porque é um dos principais jogadores do Botafogo há algum tempo.

Botafogo vs Santos - Football tactics and formations

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O Santos mostrou intensidade e jogo vertical para não deixar o Botafogo sair do seu campo, mas acabou pecando demais nas finalizações. Faltou o atacante de referência, o “homem gol” que Cuca tanto procura no elenco santista para dar o último toque nas boas jogadas de Marinho, Raniel, Carlos Sánchez e Arthur Gomes.

Cuca não fez nenhuma mexida até os 20 minutos da segunda etapa, momento em que Tailson e Kaio Jorge entraram nos lugares de Jean Mota e Raniel respectivamente. O desenho tático também mudou: o Santos saiu do 4-3-3/4-1-4-1 para um 4-2-3-1 que lembrava mais um 4-2-4 em alguns momentos. Mas ainda faltava o principal: alguém que concluísse as jogadas de ataque. Do outro lado, Paulo Autuori só começou a mexer no time a partir dos 30 minutos. E ainda assim por lesão: Davi Araújo e Fernando foram sacados para as entradas de Barrandeguy e Honda. O japonês até melhorou o passe no meio-campo e começou a dar trabalho para o lado esquerdo da defesa do Peixe, mas nada que ameaçasse o gol defendido por João Paulo. O time da Vila Belmiro seguia errando demais no último toque e na conclusão das jogadas. Com isso, Gatito, Marcelo Benevenuto e Kanu iam se destacando na partida.

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Mesmo pressionando e forçando o jogo pra cima dos laterais botafoguenses, o Peixe seguia esbarrando no problema já mencionado aqui mais de uma vez. Marinho pegava a bola a partir da direita, acionava Lucas Lourenço, este virava o jogo para Tailson que buscava Kaio Jorge entre os zagueiros adversários. O Santos virava o jogo, ocupava o campo de ataque, mas pecava demais nas conclusões a gol. Não que os jogadores citados não saibam marcar gols. Sabem e muito bem. O problema é que o estilo de jogo que Cucar deseja implementar no Peixe só funciona na sua totalidade se o time contar com um atacante de referência para segurar a bola e prender os zagueiros. E olha que o Botafogo pouco ameaçou no final da partida. Mesmo com espaços à sua frente. Só que Kalou, Matheus Babi e companhia não estavam numa noite lá muito feliz lá no Estádio Nilton Santos.

Santos vs Botafogo - Football tactics and formations

Cuca fez substituições, mudou o desenho tático para o 4-2-3-1 (que lembrava um 4-2-4 em determinados momentos), mas não conseguiu vencer Gatito Fernández. A ausência de uma referência no ataque acabou falando mais alto diante de um Botafogo que pouco se arriscou na segunda etapa. Mesmo com espaços para isso.

É bem verdade que Cuca terá que se virar com o que tem à sua disposição no elenco do Peixe por conta da punição da FIFA. O treinador santista, inclusive, já testou as mais diferentes formações na busca do melhor encaixe para o time do Santos. Fato é que a equipe ainda sente muito a falta desse jogador de referência e definição no setor ofensivo. Soteldo, Marinho e Arthur Gomes não são os “homens gol” que Cuca tanto procura. O argentino Jorge Sampaoli conseguiu resolver esse problema (em parte) implementando uma alta intensidade nas transições ofensivas, mas sempre reclamou da ausência desse atleta. Jesualdo Ferreira veio e foi embora, Cuca assumiu a equipe e conseguiu colocar um estilo bem vertical no Peixe. Falta é esse jogador ou uma outra formação equilibrada que encaixe os talentos de Marinho, Soteldo e companhia. Não é fácil.

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Mesmo com os problemas relatados aqui (e vários outros causados pela péssima gestão financeira do clube), o Santos segue na briga pelas primeiras posições e está a apenas cinco pontos do Atlético-MG, líder do Brasileirão. Diante disso, não é nem um pouco difícil concluir que o Peixe estaria numa situação ainda melhor na atual temporada se não fossem seus dirigentes e suas péssimas decisões. É a vida…

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