Home Futebol Não foi acidente: Botafogo ainda peca pela falta de intensidade e pela péssima transição ofensiva

Não foi acidente: Botafogo ainda peca pela falta de intensidade e pela péssima transição ofensiva

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória justa do Cuiabá sobre os comandados de Bruno Lazaroni

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Este que escreve precisa ser sincero, pessoal: o Cuiabá é hoje o favorito no confronto contra o Botafogo nessas oitavas de final da Copa do Brasil. E não digo isso apenas pelo resultado final da partida desta terça-feira (27), no mas por tudo que foi apresentado Estádio Nilton Santos. O Dourado (que jogou de verde) foi muito mais organizado, intenso, concentrado e aplicado taticamente do que o Glorioso. Aliás, a derrota dentro de casa também escancarou os problemas táticos do escrete de Bruno Lazaroni. Lentidão na saída de bola, falta de intensidade e de objetividade, além de uma transição ofensiva de péssima qualidade. É bem verdade que o Botafogo pode se recuperar no jogo de volta na Arena Pantanal (marcado para a próxima semana), mas precisa apresentar um futebol muito mais eficiente do que aquele que eu e você vimos nesta terça-feira (27).

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Também é preciso dizer que a vitória do Cuiabá não foi nenhum acidente de percurso ou “tropeço” de um clube de muito mais tradição e história do que a equipe do Mato Grosso. Os comandados de Marcelo Chamusca não estão disputando as primeiras posições do Brasileirão da Série B. Time ajustado num 4-2-3-1 que concedia poucos espaços na frente da sua área e que explorava bem as deficiências do seu adversário. Hayner e Maxwell aceleravam o jogo pelos lados do campo, Elvis distribuía bem os passes e ainda contava com a chegada constante de Nenê Bonilha e Matheus Barbosa. Do outro lado, o Botafogo (que também jogava no 4-2-3-1) abusava da lentidão nas trocas de passe no ataque. Bruno Nazário não se achou jogando pelo lado do campo, Cícero não conseguia dar a dinâmica necessária na saída de bola e os laterais Kevin e Victor Luís estavam bem vigiados.

Cuiaba vs Botafogo - Football tactics and formations

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O Cuiabá mostrou muito mais organização e aplicação tática do que o Botafogo na partida no Estádio Nilton Santos. A equipe comandada por Marcelo Chamusca bloqueava espaços e explorava bem a falta de velocidade e objetividade do seu adversário no Estádio Nilton Santos. Organização e aplicação tática.

É bem verdade que o Cuiabá entrou em campo com o objetivo de “cozinhar” a partida e sair do Rio de Janeiro com pelo menos um empate ou uma derrota por uma diferença mínima de gols. Pelo menos, era o que a lógica dizia antes da bola rolar. Ainda mais com os ONZE desfalques da equipe na partida desta terça-feira (27). Só que o Botafogo chegava ao campo de ataque com uma lentidão absurda e só conseguia ameaçar o gol de João Carlos através das bolas levantadas para a área. Muito pouco para quem contava com Bruno Nazário, Honda e outros jogadores de boa qualidade no elenco alvinegro. Bruno Lazaroni até possui boas ideias e há como se tirar coisas positivas desse seu início de trabalho no Botafogo. No entanto, mesmo com mais posse de bola e finalizando mais a gol, a condição de favorito no confronto passou a ser do Cuiabá. Simples assim, meus caros.

O gol de Matheus Barbosa (em falha de Honda na saída de bola e de todo o sistema defensivo alvinegro na marcação ao volante do Cuiabá) apenas ajudou a escancarar o abismo tático que existia entre as duas equipes. A proposta tática de Marcelo Chamusca era clara: dar a bola ao seu adversário e esperar o melhor momento para encaixar o contra-ataque. E com a defesa bem postada, o Dourado apenas viu o Botafogo levantar bolas na área e chegar no campo ofensivo de maneira completamente desorganizada. Bruno Lazaroni desfez o 4-2-3-1 e apostou numa espécie de 4-2-4 com Honda jogando ao lado de Caio Alexandre, Lecaros e Kelvin jogando pelos lados e Pedro Raul e Matheus Babi no comando de ataque. Do outro lado, o Cuiabá apenas se fechava no seu campo, negava espaços e esperava o apito final para comemorar bastante a vitória justíssima dentro do Estádio Nilton Santos.

Botafogo vs Cuiaba - Football tactics and formations

Burno Lazaroni empilhou atacantes no Botafogo após o gol de Matheus Barbosa, mas conseguiu apenas desorganizar ainda mais sua equipe. O Cuiabá apenas se fechou no seu campo e controlou o jogo. Mais uma vez o Glorioso pecava pela falta de intensidade e de ideias diante de um adversário mais organizado e aplicado.

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É preciso repetir que o que aconteceu nessa terça-feira (27) não foi acidente. O que se viu no Estádio Nilton Santos foi a vitória de uma equipe que colocou em prática uma proposta de jogo consistente e que soube muito bem como executá-la diante de um adversário que trazia consigo apenas a grife de um clube de Série A e o passado glorioso de glórias e títulos. O Botafogo precisa melhorar e muito se quiser se manter na primeira divisão e conquistar a vaga nas quartas de final da Copa do Brasil. Há como Honda render mais num meio-campo mais rápido e com jogadores mais ligados e intensos nas transições ofensivas. E há como se resolver o problema da saída de bola lenta da equipe alvinegra. Por outro lado, o Botafogo ainda sente muito a falta de uma alternativa de velocidade pelos lados. Rhuan é voluntarioso, mas ainda peca demais nas tomadas de decisão.

Não foi nenhum acidente. E a eliminação na Copa do Brasil será extremamente prejudicial para o Botafogo em termos financeiros. Além de brigar contra o resultado no jogo de ida, um Cuiabá qualificado e organizado e o relógio, Honda, Bruno Nazário e companhia terão que lidar com a pressão que certamente virá de torcedores e dirigentes. São muitos adversários para apenas noventa e poucos minutos de partida.

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