Home Futebol Conheça as virtudes e defeitos do Caracas Fútbol Club, adversário do Vasco na Copa Sul-Americana

Conheça as virtudes e defeitos do Caracas Fútbol Club, adversário do Vasco na Copa Sul-Americana

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa os pontos positivos e negativos do escrete venezuelano

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Mesmo com a evolução tática e técnica ocorrida em vários centros menos badalados do futebol, a Venezuela nunca foi considerada uma força na América do Sul. Nem mesmo quando a equipe Sub-20 ficou com o vice-campeonato mundial da categoria em 2017. Mesmo assim, o país tem melhorado sua performance nos principais torneios interclubes do continente. Esse é o caso do Caracas Fútbol Club. A equipe conhecida como “Los Rojos del Ávila” será o adversário do Vasco na segunda fase da Copa Sul-Americana após ficar na terceira posição do Grupo H (atrás de Boca Juniors e Libertad e na frente do Independiente Medellín). À primeira vista, o torcedor vascaíno pode até pensar que o time comandado por Ricardo Sá Pinto não irá encontrar muitos problemas diante da equipe venezuelana. No entanto, o Caracas tem sim as suas virtudes e pontos positivos que merecem muita atenção do Trem Bala da Colina.

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https://www.youtube.com/watch?v=4mBos0c9Els

As últimas quatro rodadas da fase de grupos da Copa Libertadores da América mostraram que o Caracas tende a ser uma equipe muito mais reativa e que gosta de aproveitar os espaços nas defesas adversárias para contra-atacar em alta velocidade. O escrete comandado pelo ex-jogador da “Vinotinto” Noel Sanvicente joga num 4-2-3-1 básico e organizado sem muitas trocas de posições, mas com alternativas interessantes para abrir espaços. O gol de Eduardo Ferreira na vitória por 3 a 2 contra o Independiente Medellín é um bom exemplo. O habilidoso meia Robert Hernández tabelou com Anderson Contreras na intermediária e este lançou a bola em profundidade para o lateral-direito (que vinha jogando mais por dentro e atacou o espaço aberto pela movimentação dos jogadores de meio-campo) tocar na saída do goleiro e abrir o placar para “Los Rojos del Ávila”. Boa ocupação de espaços no ataque.

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Eduardo Ferrera (na seta acima) aparece mais por dentro ocupando a posição que era de Robert Hernández (no círculo). Este último tabela com Anderson Contreras (o meia central do 4-2-3-1 de Noel Sanvicente) que faz o passe em profundidade para o lateral-direito balançar as redes. Do outro lado, Sandro Notaroberto também dá opção no meio. Foto: Reprodução / YouTube / Conmebol Libertadores

As vitórias contra o Independiente Medellín e contra o Libertad praticamente garantiram o Caracas na disputa da Copa Sul-Americana. Mesmo assim, é interessante notar que mesmo nessas duas partidas, o time venezuelano não teve superioridade na posse de bola e nem nas finalizações a gol. Os dados compilados pelo SofaScore mostram muito bem isso (você pode conferir clicando aqui e aqui). Essa postura vem diretamente da organização defensiva do 4-2-3-1 de Noel Sanvicente. A equipe tende a jogar de maneira bastante compactada na frente da área do goleiro Beycker Velásquez, apesar de mostrar uma certa afobação nas perseguições individuais em determinados momentos das partidas. Esses problemas ficaram bem claros na derrota por dois a zero para o Independiente Medellín dentro de casa com a expulsão de Sandro Notaroberto logo aos 19 minutos de partida.

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A equipe comandada por Noel Sanvicente compacta as suas linhas na frente da área de modo a diminuir espaços e cortar as linhas de passe, mas tende a se afobar nas perseguições individuais. Não é raro vermos os laterais e zagueiros saindo de suas posições para apertar a marcação. Foto: Reprodução / YouTube / Conmebol Libertadores

A partida contra o Boca Juniors na última rodada da fase de grupos da Libertadores mostrou que o Caracas também comete falhas visíveis de posicionamento e transição ofensiva. O 4-2-3-1 de Noel Sanvicente é bem nítido, mas a equipe venezuelana também tende a sofrer quando joga contra equipes mais velozes. Houve momentos em que os volantes Ricardo Andreutti e Leonardo Flores se confundiam na marcação aos jogadores adversários e abriam espaços generosos entre as linhas de “Los Rojos del Ávila” (ver no frame abaixo). O panorama se repetiu durante quase toda a partida contra o Boca Juniors. E vale também destacar que o Caracas só não passou para as oitavas de final da Libertadores no lugar do Libertad por conta do saldo de gols. Ou seja, o sistema defensivo, apesar da boa organização do time venezuelano, é uma das grandes dores de cabeça do técnico Noel Savincente.

A boa organização do Caracas tende a se desfazer contra equipes mais velozes nas transições ofensivas. Esse problema no sistema defensivo deixa volantes Ricardo Andreutti e Leonardo Flores sobrecarregados na cobertura e abre espaços generosos entre as linhas do escrete venezuelano. Foto: Reprodução / YouTube / Conmebol Libertadores

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Há caminhos que podem ser muito bem explorados pelo Vasco já na partida desta quarta-feira (28) dentro de São Januário. E o caminho está pelos lados do campo. O técnico Ricardo Sá Pinto pode explorar bem esse problema nas transições defensivas do Caracas para explorar esse espaço entre as linhas do seu adversário com jogadores rápidos atrás de Germán Cano num 4-2-3-1 ou até mesmo num 4-4-2 mais ortodoxo, com Talles Magno mais próximo do camisa 14 e Carlinhos partindo pelo lado e abrindo o corredor par a subida dos laterais. No entanto, é preciso ter atenção com as descidas de Robert Hernández e Eduardo Ferrera pelo lado direito da equipe do Caracas e também com as entradas em diagonal de Richard Celis saindo da esquerda. Ao contrário do que pode parecer, o escrete venezuelano não será uma “carne assada” como diziam os antigos. É preciso manter a concentração lá em cima.

O Vasco também terá que vencer a si mesmo nessas duas partidas diante do Caracas. Ricardo Sá Pinto já percebeu que sua equipe precisa de confiança e força mental para não se deixar abater pelo clima quente nos bastidores do clube de São Januário. Há como jogar mais e melhor já nesta quarta-feira (28). A questão aqui é saber se e como o Trem Bala da Colina irá reagir diante de situações adversas dentro de campo.

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