Home Futebol Portugal mostra competitividade, bom jogo coletivo e solidez no empate sem gols com a França; confira a análise

Portugal mostra competitividade, bom jogo coletivo e solidez no empate sem gols com a França; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o confronto entre portugueses e franceses válido pela Liga das Nações

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
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Este que escreve já falou mais de uma vez que a Seleção de Portugal já havia entrado no seleto “hall” das melhores do mundo por conta da conquista da Eurocopa em 2016 e da primeira edição da Liga das Nações (disputada na temporada passada). O empate sem gols com a França em partida disputada neste domingo (11), no Stade de France, em Paris, mostrou mais uma vez que a equipe comandada por Fernando Santos está, pelo menos, entre as cinco maiores do planeta. A equipe lusitana une o talento individual de nomes como Cristiano Ronaldo, Bruno Guimarães e João Félix com um sistema de jogo consistente e bastante sólido. Por mais que o time de Didier Deschamps tenha criado problemas, a grande verdade é que Portugal merecia ter saído da capital francesa com os três pontos. Não é um futebol vistoso, é verdade. Mas o nível de competitividade do escrete das Quinas é bem alto.

O técnico Fernando Santos repetiu o seu 4-4-2 básico na partida deste domingo (11) mas com variações interessantes para outros esquemas táticos. Cristiano Ronaldo era a referência móvel e contava com a intensa movimentação de João Félix, Bruno Fernandes e Bernardo Silva na intermediária ofensiva. Ao mesmo tempo, Portugal também tinha profundidade e jogadas de linha de fundo com os constantes avanços de Semedo e (principalmente) Raphael Guerreiro ao ataque. Do outro lado, Didier Deschamps apostava num 4-3-1-2 com Griezmann e Mbappé jogando mais soltos no ataque e transitando entre as linhas da defesa portuguesa. Mais à frente, Giroud prendia os zagueiros Pepe e Rúben Dias e esperava o passe em profundidade para a conclusão a gol ou a tabela com seus companheiros de equipe. Apesar do equilíbrio nas estatísticas, Portugal seguia um pouco superior na partida.

Franca vs Portugal - Football tactics and formations

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Enquanto Didier Deschamps armou a França num 4-3-1-2 com Griezmann e Mbappé mais soltos na frente, Fernando Santos apostava no seu usual 4-4-2 com intensa movimentação atrás de Cristiano Ronaldo. A Seleção de Portugal mostrava mais solidez e mais jogo coletivo mesmo atuando na casa do seu adversário.

A segunda etapa começou com a França aproveitando os (poucos) cochilos da defesa portuguesa. Logo no primeiro minuto da segunda etapa, Mbappé se livrou de Danilo Pereira, mas parou no goleiro Rui Patrício. A solução encontrada por Fernando Santos foi recuar sua equipe e tirar os espaços entre a zaga e o meio-campo. Pouco depois, o treinador lusitano sacava Bernardo Silva e mandava Diogo Jota para o campo. O atacante do Liverpool deu mais movimentação pelos lados do campo e foi importantíssimo nas tramas ofensivas ao aplicar mais intensidade nos passes. Aos 26 do segundo tempo, o camisa 21 recebeu de Bruno Fernandes e ajeitou para João Félix, mas a conclusão foi no meio do gol. Dois minutos depois, Pepe balançava as redes após cobrança de falta de Raphael Guerreiro, mas a arbitragem viu impedimento na jogada. Portugal retomava o controle da partida.

As entradas de Renato Sanchez e Trincão nos lugares de Bruno Fernandes e João Félix respectivamente deram mais solidez ao meio-campo e permitiu que Diogo Jota se aproximasse ainda mais de Cristiano Ronaldo. Portugal já jogava num 4-3-3 mais definido e com ótimo jogo coletivo, mas ainda faltava acertar as conclusões a gol. A França respondeu com um chute de Pogba aos trinta minutos e foi só. A equipe lusitana avançou as suas linhas e quase abriu o placar nos acréscimos com Renato Sanches e Cristiano Ronaldo parando em Lloris. Quiseram os deuses do futebol que o confronto entre França e Portugal terminasse empatado apesar da partida cheia de alternativas e repleto de boas ideias de Didier Deschamps e Fernando Santos. Mesmo assim, o escrete das Quinas foi um pouco superior, foi altamente competitivo e esteve mais perto de sair de Paris com os três pontos.

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Portugal vs Franca - Football tactics and formations

Diogo Jota deu mais dinâmica e mais movimentação ao setor ofensivo de Portugal e Renato Sanchez ajudou a segurar os avanços de Pavard. Do outro lado, Didier Deschamps manteve o 4-3-1-2 e só mexeu na dupla de ataque, mas viu a França sofrer nos acréscimos para segurar o empate sem gols dentro dos seus domínios.

A boa fase da Seleção de Portugal é fruto de um trabalho iniciado no final dos anos 1990 e início da década de 2000. Além de Cristiano Ronaldo (um dos maiores jogadores do século), o país revelou vários talentos que hoje vestem as cores das equipes mais fortes da Europa. Rúben Dias, João Cancelo e Bernardo Silva jogam no Manchester City, Diogo Jota está no Liverpool, Trincão foi contratado pelo Barcelona, Anthony Lopes vem jogando muito no Lyon, João Félix defende o Atlético de Madrid e Bruno Fernandes caiu nas graças da torcida do Manchester United. E isso sem mencionar os novos talentos que surgem nas categorias de base. A França, por sua vez, busca aproveitar a base campeã mundial em 2018 com a entrada de atletas mais jovens, como Rabiot, Kimpembe e Aouar, mas Didier Deschamps ainda busca a melhor formação e a consistência necessária para a sua equipe.

A tendência é que Portugal siga colhendo os frutos do bom trabalho feito nos bastidores e aparecendo cada vez mais entre as seleções mais tradicionais do planeta. E não é exagero nenhum afirmar que o trabalho de Fernando Santos é impressionante. Não só pela montagem da equipe e pela união dos talentos num sistema eficiente e sólido, mas por conseguir fazer o escrete lusitano jogar bem sem Cristiano Ronaldo. E isso é muito.

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