Home Futebol Goleada sobre o Santos mostrou um Flamengo menos intenso e que ainda oscila bastante; confira a análise

Goleada sobre o Santos mostrou um Flamengo menos intenso e que ainda oscila bastante; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a segunda vitória seguida dos comandados de Rogério Ceni no Brasileirão

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É preciso relativizar a goleada do Flamengo sobre o time alternativo do Santos por conta de todo o contexto envolvido na partida deste domingo (13). Cuca poupava seus principais jogadores visando a partida contra o Grêmio pelas quartas de final da Libertadores e apostava numa equipe formada por vários reservas e jovens da base do Peixe. Do outro lado, Rogério Ceni mandava a campo o que tinha de melhor à disposição. E o que eu e você vimos lá no Maracanã foi um Fla um pouco menos intenso do que o costume, um tanto desorganizado em determinados momentos e que ainda oscila demais dentro dos noventa minutos. É verdade que o que importa para o elenco e o torcedor são os três pontos e a segunda vitória seguida num Brasileirão que ainda está aberto. Mesmo assim, apesar de sua força, o Flamengo ainda tropeça nas próprias pernas e segue devendo uma atuação convincente.

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O Flamengo tomou a iniciativa desde os primeiros minutos. Rogério Ceni manteve o 4-4-2/4-2-4 com Bruno Henrique jogando bem próximo de Gabigol, mas voltando para compor a linha do meio-campo de olho nas subidas de Madson. Substitutos de Gustavo Henrique (suspenso) e Willian Arão (lesionado), os garotos Natan e João Gomes foram titulares e mostraram personalidade em vários lances. O problema, no entanto, estava na produção ofensiva. Com Éverton Ribeiro e Arrascaeta ainda abaixo do que podem render, o ataque rubro-negro criava chances, mas pecava demais pela lentidão e que finalizou míseras seis vezes a gol. Apenas uma foi no alvo. E além da má fase técnica das “cabeças pensantes” do time, o Flamengo também mostrava alguns problemas de execução. Faltava qualidade nos passes e coordenação dos movimentos para fazer a bola circular com velocidade na frente da área do Peixe.

Flamengo vs Santos - Football tactics and formations

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Rogério Ceni mandou o Flamengo a campo no seu 4-4-2/4-2-4 costumeiro e viu sua equipe errar demais na construção das jogadas de ataque. O Santos, por sua vez, apenas se defendia e esperava pelo momento certo para encaixar o contra-ataque através da velocidade de Tailson e Lucas Braga às costas de Isla e Filipe Luís.

Ao mesmo tempo, os comandados de Rogério Ceni também mostravam certas dificuldades na marcação do adversário e no posicionamento da defesa nas linhas mais altas de marcação. É bem verdade que todo o contexto e o pouquíssimo tempo à frente do time do Flamengo são algumas das grandes dificuldades do treinador. Por outro lado, a impressão que ficou após a partida (mesmo com a goleada) é a de que o escrete rubro-negro ainda parece sem confiança para tentar furar a defesa de um Santos que apenas saía para o ataque “na boa”. A bola parada descomplicou as coisas para o Flamengo com Gerson aproveitando o rebote após cobrança de escanteio. Mesmo assim, o time errava demais nas tomadas de decisão e finalizava muito pouco. A goleada foi construída muito mais em cima da fragilidade de um adversário do que na qualidade do futebol apresentado pelo Flamengo na partida.

Mas foi possível ver coisas boas no Flamengo. Um bom exemplo disso é a construção da jogada que originou o gol de Filipe Luís (o terceiro do Fla na partida). Arrascaeta impediu a saída de bola (após lançamento de Gerson) e, ao invés de acelerar, preferiu esperar que a equipe rubro-negra se posicionasse para receber o passe. Bruno Henrique recebeu o passe e fez bela jogada individual antes de fazer o cruzamento buscando a infiltração de Éverton Ribeiro. O goleiro João Paulo conseguiu cortar o cruzamento, mas a bola sobrou para Filipe Luís (que atacava por dentro) apenas ajeitar o corpo, se livrar da marcação e balançar as redes santistas. Por mais que o Flamengo tenha cometido erros bobos durante os noventa e poucos minutos e tenha se mostrado menos intenso, essa troca de passes (quando acertada) foi uma das principais jogadas ofensivas do escrete comandado por Rogério Ceni.

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Bruno Henrique recebe de Arrascaeta, arrasta a marcação para a linha de fundo e faz o cruzamento. Filipe Luís pega a sobra e marca o terceiro gol do Flamengo na partida. A jogada foi um dos poucos momentos em que o time de Rogério Ceni conseguiu trocar passes com qualidade no ataque. Foto: Reprodução / TV Globo

Com o resultado construído, Rogério Ceni deixou o Flamengo ainda mais agressivo no ataque com a entrada de Pedro no lugar de Gerson. Arrascaeta virou “volante” ao lado de João Gomes e deixou Bruno Henrique aberto pela esquerda. A goleada começou a ser construída a partir do momento em que o escrete rubro-negro aproveitou melhor os espaços na defesa do Santos após o primeiro gol. Mesmo assim, as oscilações de um time que ainda tenta se achar na temporada ainda vão se fazer presentes nas próximas partidas. E isso sem falar nos erros defensivos. Isla não esteve bem mais uma vez e errou quase tudo que tentou em termos ofensivos e defensivos. E do lado do Peixe, Madson, Jean Mota e o jovem Bruno Marques (autor do belo e único gol da equipe da Vila Belmiro) foram os destaques do escrete comandado por Cuca. A cabeça está no jogo da próxima quarta-feira (13). Não tem jeito.

É lógico que o torcedor pode e deve comemorar a goleada e a segunda vitória seguida no Brasileirão (ainda mais depois do tropeço do São Paulo contra o Corinthians). Mas é preciso entender que o Flamengo ainda tem muito a melhorar. Natan mostrou segurança ao lado de Rodrigo Caio, mas ainda precisa de mais minutos em campo. Assim como a formação utilizada por Rogério Ceni. É corrigir os erros e ir ajustando o time.

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