Home Futebol São Paulo de Fernando Diniz usa movimentação e intensidade para massacrar um Botafogo combalido e devastado

São Paulo de Fernando Diniz usa movimentação e intensidade para massacrar um Botafogo combalido e devastado

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa mais uma vitória do Tricolor Paulista no Campeonato Brasileiro

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Este que escreve tem até dificuldades para encontrar as palavras certas para falar do que foi a goleada do São Paulo sobre o Botafogo nesta quarta-feira (9). O que eu e você vimos foi o predomínio completo dos comandados de Fernando Diniz (que abriram sete pontos de vantagem na liderança do Campeonato Brasileiro) sobre uma equipe completamente devastada nos aspectos técnico, tático e mental. A impressão que ficou após o massacre no Morumbi foi a de que Kalou, Pedro Raul, Bruno Nazário e companhia simplesmente entregaram os pontos e não têm mais forças para tirar a equipe carioca da zona do rebaixamento. A derrota para o São Paulo foi a sexta seguida do Glorioso no Brasileirão e o calvário do escrete de General Severiano parece longe do fim. Ainda mais quando as câmeras de TV flagraram o semblante cabisbaixo dos jogadores no banco de reservas ao final do jogo.

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Se o Botafogo anda muito mal das pernas, o São Paulo vive um momento mais do que especial. E o grande responsável por isso é o Fernando Diniz. O técnico do Tricolor Paulista vem conseguindo tirar o máximo do potencial dos seus jogadores e ainda tornar sua equipe extremamente difícil de ser batida. Tudo começa com o 4-4-2 básico que libera o quarteto ofensivo para se movimentarem e fazerem associações por todo o campo. Exatamente como aconteceu no lance do primeiro gol do São Paulo na partida. Gabriel Sara aparece no mesmo lado de Igor Gomes e Luciano se posiciona como “camisa 10” para explorar a velocidade dos “wingers” de Fernando Diniz. Ao mesmo tempo, a defesa do Botafogo concede todo o espaço possível para que Luciano faça o passe para o camisa 21 se lançar às costas de Marcinho e colocar a bola na cabeça do cada vez mais impressionante e decisivo Brenner.

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Gabriel Sara e Igor Gomes aparecem no mesmo lado, Luciano recua e Brenner aparece dentro da área junto de Tchê Tchê. O Botafogo marcava mal e concedia espaços generosos que foram muito bem aproveitados pela equipe do São Paulo. O espaço entre o meio e a defesa era imenso. Foto: Reprodução / TV Globo

O Botafogo (que já tinha que lidar com vários problemas antes do jogo) via seu adversário abrir o placar antes dos dez minutos de jogo. Não é exagero e nem uma tentativa de se diminuir a atuação correta e consistente do São Paulo, meu caro amigo. É a mais pura realidade dos fatos. O Glorioso simplesmente não jogou. Ou tentou não sofrer uma goleada histórica. Ainda sem Eduardo Barroca (que cumpre o isolamento por ter contraído a COVID-19), Felipe Lucena teve a ingrata missão de tentar tirar alguma coisa de um time sem brilho e sem vontade alguma. Fora isso, a comissão técnica não conseguiu dar um mínimo de organização ao time. A prova disso está no segundo gol do São Paulo. A torcida elegeu Marcinho como o culpado. Mas notem o posicionamento de Rafael Foster, José Welison e Caio Alexandre no lance. É uma verdadeira sucessão de erros num único segundo.

O segundo gol do São Paulo é uma boa amostra daquilo que foi a partida no Morumbi. De um lado, uma equipe intensa, focada e que executava muito bem os movimentos de ataque. Do outro, um time sem brilho, sem intensidade e sem o menor ímpeto ofensivo. Deu no que deu. Foto: Reprodução / TV Globo

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A situação do Botafogo ficaria ainda pior com a tola expulsão de Marcelo Benevenuto e o pênalti marcado após consulta ao VAR e muito bem convertido por Reinaldo. Com a vantagem de três gols no placar, o São Paulo foi tocando a bola e diminuiu um pouco o ritmo da partida enquanto seu adversário tentava se arrumar numa espécie de 4-4-1 com Kevin no lugar de Lucas Campos e Marcinho sendo deslocado para a lateral-esquerda. Não foi por acaso que os comandados de Eduardo Barroca (na figura do auxiliar Felipe Lucena) só conseguiram ameaçar a meta de Tiago Volpi exatamente no momento em que o São Paulo reduziu um pouco a velocidade nas transições e perdeu um pouco a concentração. Quem acompanha o SofaScore como este que escreve também deve ter ficado impressionado com o “momento de ataque” da goleada tricolor sobre um Botafogo completamente combalido e devastado.

O gráfico acima não só mostra o que foi a partida como é prova irrefutável da falta de ímpeto do Glorioso na partida desta quarta-feira (9). As coisas estavam tão fáceis para Fernando Diniz que ainda houve tempo para resenha à beira do campo com Luciano e para que jogadores como Hernanes, Pablo e Vítor Bueno ganhassem minutos em campo. O que mais impressionava, no entanto, era a falta de força mental dos jogadores do Botafogo. É como se o time já entrasse em campo derrotado e nocauteado sem ao menos esboçar uma reação. Diego Cavalieri ainda salvou o Fogão de uma goleada histórica, mas apenas olhou o chute de Hernanes acertar o ângulo direito. E mesmo organizado numa espécie de 4-4-1, o Botafogo permitiu que o camisa 15 recebesse a bola na entrada da área, ajeitasse o corpo, escolhesse o canto e concluísse a gol sem ser muito incomodado. A apatia do Botafogo era gigantesca.

Hernanes recebeu a bola na entrada da área e teve todo o tempo do mundo para ajeitar o corpo e acertar o ângulo do gol defendido por Diego Cavalieri. Mesmo arrumado num 4-4-1, o Botafogo concedia espaços de mais e pouco pressionava o São Paulo. Presa fácil. Foto: Reprodução / TV Globo

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O São Paulo fez a sua parte e abriu sete pontos de vantagem na liderança do Campeonato Brasileiro mais atípico de todos os tempos. Mesmo assim, Fernando Diniz provou seu valor mais uma vez ao manter o padrão de jogo mesmo com sério desfalque de Daniel Alves, um dos pilares da sua equipe. O Tricolor Paulista tem o segundo melhor ataque da competição com 42 gols (um a menos que o Atlético-MG) e a melhor defesa com apenas 20 gols sofridos (números iguais aos do Grêmio). Já o Botafogo amarga a sua sexta derrota seguida sem conseguir ao menos competir ainda que por poucos minutos contra o São Paulo. Aliás, a situação é extremamente preocupante. O Glorioso é o time que menos venceu, o que mais empatou e só não marcou menos gols do que o Coritiba, o Atlético Goianiense, o Sport e o Athletico Paranaense. Como querer conquistar as vitórias se sua equipe não consegue marcar gols?

Eu e você vimos duas equipes em momentos muito distintos nessa quarta-feira (9). Enquanto o São Paulo caminha para aquele que deve ser o título mais comemorado dos últimos anos, o Botafogo se dirige cabisbaixo e derrotado para mais um rebaixamento. E a cada dia que passa, fica mais e mais complicado imaginar o que Eduardo Barroca pode fazer para tirar o Glorioso dessa situação desesperadora.

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