Home Futebol Cruzeiro usa objetividade e disciplina tática para conquistar vitória importantíssima na Série B

Cruzeiro usa objetividade e disciplina tática para conquistar vitória importantíssima na Série B

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o triunfo dos comandados de Felipão sobre o Sampaio Corrêa

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

O gol de William Pottker logo aos quatro minutos de partida deu a impressão de que o Cruzeiro não iria encontrar muitos problemas para vencer o Sampaio Corrêa na casa do adversário nesta sexta-feira (8). O que se viu no Castelão, no entanto, foi um jogo extremamente nervoso e que exigiu muito do escrete de Luiz Felipe Scolari. Principalmente depois que o já citado camisa 11 levou dois cartões amarelos em menos de dois minutos e foi expulso de maneira infantil (e justa) pelo árbitro Paulo Henrique Schleich Vollkopf. A Raposa teve que se desdobrar em campo com um jogador a menos e precisou usar toda sua disciplina tática para segurar a Bolívia Querida que, por sua vez, segue em má fase e sem mostrar um mínimo de criatividade para furar retrancas. Melhor para o Cruzeiro de Felipão que foi objetivo nos momentos certos e teve sabedoria para controlar espaços e segurar o resultado.

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O grande trunfo da Raposa nos primeiros minutos da partida em São Luís foi a movimentação do quarteto ofensivo. Rafael Sóbis era a referência móvel do 4-2-3-1 costumeiro de Felipão e abria espaços para as entradas em diagonal de Airton e William Pottker. Mais atrás, Giovanni qualificava o passe e buscava os dois “pontas” do Cruzeiro. Enquanto isso, o Sampaio Corrêa (que também se organizou no mesmo 4-2-3-1 do seu adversário) encontrava sérias dificuldades para levar a bola ao ataque. Muito por conta da noite apagada de Marcinho, o principal articulador de jogadas da equipe maranhense. As melhores jogadas saíram pelos lados do campo, onde Robson e Roney criavam muitos problemas para Raul Cáceres e Matheus Pereira e todo o sistema defensivo cruzeirense. E isso sem falar na noite infeliz de Caio Dantas, o artilheiro desse Campeonato Brasileiro da Série B com 17 gols.

Cruzeiro vs Sampaio Correa - Football tactics and formations

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William Pottker abriu o placar logo aos quatro minutos de partida aproveitando cruzamento de Airton vindo do lado esquerdo. O Cruzeiro aproveitava bem os espaços de um Sampaio Corrêa que tentou chegar no ataque através da velocidade de Robson e Roney, mas esbarrou na noite apagada do meio-campo Marcinho.

A primeira etapa deixou a impressão de que o Cruzeiro poderia até ter chegado ao segundo gol se não tivesse recuado tanto e tão cedo. Ainda mais com os sérios problemas na compactação das linhas e na recomposição defensiva do escrete comandado por Léo Condé. Vinícius Kiss e André Luiz subiam ao ataque, mas deixavam espaços entre eles e dupla de zaga formada por Joécio e Daniel Felipe e Eloir (substituto de João Victor) demorou a se achar na lateral-esquerda. Mesmo assim, a Bolívia Querida não conseguia chegar na frente com a consistência necessária. Ainda que a tola expulsão de William Pottker no início da segunda etapa e as saídas de Cacá, Matheus Pereira e Airton tivessem facilitado demais a vida da equipe do Sampaio Corrêa. Mesmo assim, faltou a objetividade e a disciplina tática que sobrou no Cruzeiro de Felipão em todo o jogo. Mesmo exitando em determinados momentos.

Léo Condé ainda tentou mandar sua equipe ao ataque com as entradas de Diego Tavares, Jackson e Roni nos lugares de Robson, Vinícius Kiss e Joazi respectivamente, mas acabou desorganizando ainda mais o Sampaio Corrêa ao empilhar atacantes sem ninguém que organizasse o jogo e encontrasse os espaços no 4-4-1 bem fechado de Felipão. E o que se viu daí para o final do jogo em São Luís foi o triunfo de uma equipe que “soube sofrer”. O Cruzeiro teve disciplina e resiliência para se fechar na defesa e ainda ameaçar a meta do goleiro Gustavo com as investidas de Marcelo Moreno e Wellinton. Fora as defesas salvadoras do experiente goleiro Fábio. Diante do que foi mostrado nesta sexta-feira (8), em São Luís, o resultado acabou sendo justo. O Cruzeiro de Felipão (ainda que tenha hesitado em alguns momentos) soube segurar o resultado contra um Sampaio Corrêa sem ideias e sem criatividade.

Sampaio Correa vs Cruzeiro - Football tactics and formations

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Felipão fechou o Cruzeiro num 4-4-1 e apenas foi controlando os espaços e esperando o tempo passar. Léo Condé tentou mandar o Sampaio Corrêa ao ataque organizando a sua equipe numa espécie de 4-2-4 que não tinha muita criatividade e abusava dos cruzamentos para a área. Venceu a equipe que melhor executou sua proposta de jogo.

De acordo com o SofaScore, o Sampaio Corrêa de Léo Condé teve 69% de posse de bola e finalizou 29 vezes, mas apenas seis delas foram na direção do gol defendido por Fábio. Por mais que o escrete maranhense tenha dominado as ações na partida, esse domínio foi quase estéril diante do que eu e você vimos durante os noventa e poucos minutos. Já são cinco derrotas seguidas e sete partidas sem vencer. Já o Cruzeiro conseguiu acabar com seu jejum de quatro rodadas sem vitórias no Brasileirão da Série B, praticamente acabou com qualquer chance de rebaixamento, mas ainda depende de um verdadeiro milagre para conseguir o acesso para a primeira divisão. Resta saber se a Raposa terá poder de reação para construir os bons resultados que precisa depois da partida desta sexta-feira (8). O triunfo sobre a Bolívia Querida foi importantíssimo, mas será preciso contar com a sorte daqui pra frente.

É bem verdade que esse contexto imposto pela pandemia de COVID-19, com estádios vazios, lesões em sequência e surtos dentro de elencos coloca tudo em perspectiva. Há como se questionar até se era mesmo necessário retomar as atividades no futebol diante de tanta confusão. Por outro lado, é impossível não concluir que, se o Cruzeiro não conseguir o acesso, será muito mais por conta dos próprios erros do que por qualquer outra coisa.

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