Home Futebol Abel Ferreira coloca Marcelo Gallardo no bolso e faz Palmeiras jogar a sua melhor partida nessa edição da Libertadores

Abel Ferreira coloca Marcelo Gallardo no bolso e faz Palmeiras jogar a sua melhor partida nessa edição da Libertadores

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a grande vitória do Verdão sobre o River Plate na Argentina

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Três a zero. Fora o baile. Este que escreve acredita que nem mesmo o mais otimista dos torcedores do Palmeiras esperava uma atuação tão sólida e tão segura dos comandados de Abel Ferreira. Ainda mais diante do River Plate, clube que marcava presença nas semifinais da Copa Libertadores da América pela quarta vez consecutiva. Ao todo, os Millonarios chegavam à sua sétima semifinal de competição sul-americana sob o comando de Marcelo Gallardo. Só que o treinador argentino foi literalmente colocado no bolso nesta terça-feira (5) pelo comandante do Verdão. Sem exageros, meus amigos. Mesmo com o início de jogo melhor do River Plate. O Palmeiras de Abel Ferreira soube se adaptar às adversidades, teve um jogo coletivo soberbo e ainda teve controle dos nervos para não cair na pilha dos seus adversários. Foi a melhor partida da equipe paulista nessa edição da Libertadores.

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Aqui vemos novamente um dos conceitos mais importantes do velho e rude esporte bretão: não é sobre ter a bola, é sobre o que você vai fazer com ela. E o Palmeiras sabia muito bem o que, como e quando fazer. Não começou bem o jogo, é verdade. Matías Suárez, Ignacio Fernández e Borré levavam ampla vantagem em cima de Marcos Rocha e Gustavo Gómez e quase abriram o placar aos cinco minutos. Foi aí que Abel Ferreira fez a mudança tática que mudaria completamente o panorama da partida. Gabriel Menino (que começou jogando no meio-campo) foi recuado para a linha defensiva e Marcos Rocha virou um zagueiro pela direita. Em números, um 5-4-1 sem a bola e um 3-4-2-1 com a posse da redondinha. Aos poucos, o Palmeiras foi ganhando corpo e encontrando bastante espaço para explorar os contra-ataques com Gabriel Menino, Viña e Gustavo Scarpa voando pelos lados do campo.

River Plate vs Palmeiras - Football tactics and formations

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Marcos rocha virou zagueiro, Gabriel Menino virou ala e o Palmeiras se reorganizou num 5-4-1/3-4-2-1 para enfrentar um River Plate que atacava muita intensidade no Estádio Libertadores da América. Aos poucos, o escrete comandado por Abel Ferreira foi se encontrando e encaixando seu estilo de jogo.

O gol de Rony aos 26 minutos do primeiro tempo (logo na primeira finalização do Palmeiras em todo o jogo) não foi fruto do acaso. O Verdão chegou a controlar as ações dentro de campo e mostrou uma maturidade enorme para um duelo desse tamanho. Ainda mais com três jogadores muito jovens começando entre os titulares. Patrick de Paula, Danilo e Gabriel Menino (o melhor em campo na humilde opinião deste colunista) não ligaram para as provocações, marcaram, organizaram a saída de bola e ainda davam sequência às jogadas de ataque. Do outro lado, um River Plate perdido, mas que seguia ameaçando o gol de Weverton (Nacho Fernández chegou a acertar o travessão no final da primeira etapa). O belíssimo gol de Luiz Adriano (após belo passe de Danilo), no entanto, acabaria com qualquer traço de concentração do escrete comandado por Marcelo Gallardo. E isso aos dois minutos do segundo tempo.

Os números do SofaScore mostram que o Palmeiras teve 30% de posse de bola em toda a partida disputada no Estádio Libertadores de América, em Avellaneda. Por outro lado, a equipe de Abel Ferreira finalizou a gol onze vezes (mesmo número do River Plate) com seis chutes indo na direção do gol defendido por Armani. E a situação do escrete argentino ficaria ainda pior com a expulsão de Carrascal e o gol de Viña logo na sequência. O Verdão seguia colocando muita intensidade na marcação, linhas compactadas e uma grande obediência tática em toda a partida disputada em Avellaneda. Abel Ferreira ainda teve tempo para descansar alguns dos seus atletas e dar oportunidades para Raphael Veiga, Willian Bigode, Breno Lopes, Zé Rafael e Emerson Santos. A atuação do Palmeiras diante de um poderoso (e até então considerado favorito) River Plate foi simplesmente mágica.

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O Palmeiras de Abel Ferreira construiu uma vantagem importantíssima na briga por uma vaga na decisão da Libertadores. E tudo isso com o treinador português colocando Marcelo Gallardo no bolso com mexidas simples e muita dedicação de todos os jogadores durante toda a partida. Por mais que o velho e rude esporte bretão nos mostre que nada é impossível dentro das quatro linhas, a tendência é que o Verdão confirme a vaga jogando no Allianz Parque na próxima semana, já que o River Plate terá que fazer quatro a zero para se classificar no tempo normal e ainda lidar com os problemas defensivos. Desde a saída de Lucas Martínez Quarta para a Fiorentina, a zaga da equipe argentina não se acertou mais. E o grande mérito de Abel Ferreira foi ter notado esse problema no seu adversário desta terça-feira (5). Grande atuação coletiva contra uma das melhores equipes do continente.

Apesar do grande número de pessoas que ainda acreditam que basta juntar bons jogadores e entregar a bola para eles, este que escreve volta a defender a tese de que um bom treinador faz muita diferença. Foi assim com Jorge Jesus no Flamengo em 2019 e início de 2020 e está sendo assim com Abel Ferreira no Palmeiras. Com dois meses e três dias no comando da equipe paulista, a evolução de alguns jogadores salta aos olhos.

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