Home Futebol Título da Série B não veio, mas torcedor do América-MG tem motivos de sobra para se orgulhar do seu time

Título da Série B não veio, mas torcedor do América-MG tem motivos de sobra para se orgulhar do seu time

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória dos comandados de Lisca Doido sobre o Avaí nesta sexta-feira (29)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É bem compreensível que o torcedor do América-MG esteja de cabeça quente depois do eletrizante final de Brasileirão da Série B que tivemos nesta sexta-feira (29). O Coelho esteve muito próximo de mais uma conquista ao vencer o Avaí por 2 a 1 na Arena Independência, mas viu a a taça de campeão mudar de mãos em poucos minutos com a vitória da Chapecoense em cima do Confiança por 3 a 1 na Arena Condá. Quiseram os deuses do velho e rude esporte bretão que o título fosse decidido a favor dos comandados de Umberto Louzer por causa de um mísero gol. No entanto, por mais que a diretoria do América-MG e o próprio Lisca Doido soltem os cachorros em cima das arbitragens das últimas partidas da Série B, a campanha do Coelho dá motivos de sobra para que seu torcedor se orgulhe do time e espere voos ainda mais altos na elite do futebol brasileiro. Sem exagero nenhum.

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Principalmente por conta de todo o trabalho feito por Lisca (que foi muito mais tático do que “Doido” nessa Série B). O folclórico treinador armou o América-MG num 4-1-4-1/4-3-3 móvel, intenso ao extremo em todas as transições e com um toque de bola que encheu os olhos deste que escreve. O trio ofensivo formado por Ademir (um dos melhores do elenco), Rodolfo e Felipe Azevedo se movimenta constantemente no ataque e ganha a companhia dos “volantes/meias” Alê e Juninho na frente. Contra o Avaí, o Coelho se organizou numa espécie de 4-2-4 com os avanços de um dos jogadores de meio-campo para a linha ofensiva. Tudo para ocupar melhor os espaços e espelhar o 4-4-2 de Claudinei Oliveira num Avaí que ainda sonhava com um acesso que acabou não vindo. A maneira como Lisca montou o América-MG também o credencia a voos mais altos na carreira e consolida de vez seu trabalho.

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Lisca Doido apostou numa espécie de 4-2-4/4-3-3 com o avanço de um dos “volantes/meias” (Alê ou Juninho) ao ataque. O América-MG mostrou organização, bom toque de bola e muita intensidade nas suas transições numa belíssima campanha na Série B. Foto: Reprodução / SPORTV

Matheus Cavichioli defendeu o pênalti cobrado por Alemão logo aos quatro minutos de partida e Rodolfo abriu o placar para o Coelho aos sete em bela jogada iniciada com um lançamento que veio da defesa buscando Felipe Azevedo no lado esquerdo. O América-MG seguiu empilhando chances até fazer o segundo com o ótimo Juninho chutando de fora da área e vencendo o goleiro Glédson (que foi o principal nome do Avaí em toda a partida com grandes defesas). Conforme o tempo ia passando, a partida ia ganhando contornos de um verdadeiro épico. E quando Getúlio diminuiu para o Leão da Ressacada aos 16 minutos do segundo tempo, o América-MG acabou sentindo o golpe. A equipe de Lisca Doido perdeu consistência e organização (num cenário muito parecido com o jogo contra o Palmeiras pelas semifinais da Copa do Brasil). Ademir ainda perderia grande chance no finalzinho da partida.

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O gol marcado por Anselmo Ramon aos 52 minutos do segundo tempo na Arena Condá foi suficiente para que a taça de campeão da Série B deixasse Belo Horizonte e fosse para as mãos da Chapecoense. Ao mesmo tempo, é mais do que natural (e justo) que torcedores, comissão técnica e diretoria do América-MG coloquem parte da culpa pelo vice-campeonato na conta da arbitragem. Ainda mais quando o título da Série B escapa por entre os dedos do jeito que escapou. Este que escreve, por outro lado, prefere olhar para alguns pontos importantes do time comandado por Lisca Doido como a já mencionada falta de concentração e frieza em momentos mais tensos e a desorganização causada por esse primeiro ponto. O América-MG fez uma campanha de encher os olhos, mas também precisa aprender com os erros que cometeu em jogos decisivos. Principalmente quando se fala em chances de gol desperdiçadas.

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Vale lembrar que o América-MG vai precisar se reforçar para continuar sendo competitiva na Série A do Brasileirão em 2021. Assim como a Chapecoense, o Cuiabá e o Juventude. Mas o ponto principal aqui é entender que concentração e força mental são dois pontos fundamentais para todas essas quatro equipes contra clubes mais tradicionais e poderosos do nosso futebol. Por tudo que se viu aqui nessa reta final incrivelmente emocionante da Série B, América-MG e Chapecoense têm totais condições de permanecerem na elite se mantiverem o bom trabalho e buscarem reforços pontuais para reforçar o elenco. Por sua vez, Lisca Doido e Umberto Louzer já possuem trabalhos consolidados e vitoriosos no cenário nacional e têm totais condições de levar suas equipes para um patamar mais alto. Ainda mais com o declínio de equipes como o Botafogo, Coritiba e Cruzeiro nesses últimos meses.

É por causa desses e de vários outros motivos que o torcedor do América-MG tem motivos de sobra para se orgulhar do seu time. Pelo andar da carruagem, a tendência é que passe a frequentar a elite do futebol brasileiro mais vezes. E Lisca Doido parece pronto para desafios ainda maiores como treinador. Embora ainda seja encarado como mais um “personagem”, o treinador do Coelho mostrou um trabalho extremamente consistente nessa Série B.

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