Home Futebol Jovens do Grêmio repetem erros do “time de cima” em partida sem lá grandes emoções; entenda

Jovens do Grêmio repetem erros do “time de cima” em partida sem lá grandes emoções; entenda

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do time de Alexandre Mendes para o Juventude de Marquinhos Santos nesta quinta-feira (25)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
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O Grêmio é um dos poucos clubes do Brasil que pode se gabar da qualidade das suas categorias de base. É bastante comum ver jovens talentos surgindo de tempos em tempos e ocupando seu lugar entre os titulares e despertando a cobiça dos clubes europeus. A confiança na base gremista era tão grande que, diante da necessidade de se descansar o “time de cima” para a disputa da fase eliminatória da Copa Libertadores da América, a comissão técnica deixou o auxiliar Alexandre Mendes no comando da equipe depois das duas vitórias sobre o Ayacucho. No entanto, o Grêmio acabou sofrendo a sua primeira derrota no Campeonato Gaúcho para um aplicado e aguerrido Juventude (comandada por Marquinhos Santos) nesta quinta-feira (25) na Montanha dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. Alguns jogadores (principalmente Lucas Araújo e Pedro Lucas) não tiveram bom desempenho diante da equipe de Caxias do Sul.

É interessante notar que o auxiliar Alexandre Mendes utiliza a mesma formação (o 4-2-3-1) e a mesma estratégia do time considerado titular. Tudo para que jogadores como Ferreira, Darlan, Ricardinho, Léo Pereira e outros não sintam tanta diferença na transição. Só que o problema da equipe do Grêmio nem estava na disposição dos atletas dentro de campo. Havia organização e um plano bem definido de jogo. O que prejudicava demais as transições era a execução das jogadas e a falta de aproximação entre o quarteto ofensivo. Lucas Araújo pouco acrescentou no meio-campo e Pedro Lucas esteve disperso em alguns lances. Com isso, Darlan acabou sobrecarregado na marcação e Ferreirinha teve que se virar para levar a bola ao ataque. Aliás, foi dos seus pés que surgiu a jogada do (único) gol do Grêmio no final da primeira etapa em chute que acertou as costas de Ricardinho e enganou o goleiro Marcelo Carné.

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Alexandre Mendes apostou no mesmo 4-2-3-1 utilizado por Renato Gaúcho no time titular do Grêmio, mas viu sua equipe cair de produção e sofrer demais com a marcação do Juventude. Faltava aproximação entre os jogadores do Grêmio e mais intensidade nas transições. Foto: Reprodução / YouTube / GE

A primeira grande chance do Grêmio saiu apenas aos 33 minutos do primeiro tempo (em falta cobrada por Vanderson e defendida por Marcelo Carné). A equipe tinha a posse da bola, mas estava em noite muito previsível em Bento Gonçalves. Por mais que Ferreirinha e Léo Pereira tentassem romper as linhas do Juventude na base do drible, a impressão que ficou naqueles que viam o jogo pela TV foi que esse “mistão quente” repetia os mesmos erros crônicos da “equipe de cima” na criação das jogadas e na falta de ideias. Problema grave que merece a atenção de toda a comissão técnica. Tudo por conta das atuações fracas de Pedro Lucas e Lucas Araújo. Além de participarem pouco da partida, os dois erraram praticamente tudo que tentaram e sobrecarregaram seus companheiros de equipe. Além disso, a insegurança de Rodrigues no miolo de zaga foi determinante na virada sofrida no segundo tempo.

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Vendo que o Grêmio encontrava muitas dificuldades para fazer a bola rolar de pé em pé (apesar da vantagem no placar obtida no primeiro tempo), Marquinhos Santos adiantou a marcação do Juventude e criou seríssimos problemas para o Tricolor Gaúcho. Lucas Araújo parecia não saber para onde ir em cada lance de perigo do escrete jaconero. Pedro Lucas sumiu do jogo e concedeu espaços generosos no seu setor. Com isso, o futebol do Grêmio foi caindo até que o Juventude construísse a virada com gols de Matheus Peixoto e Eltinho. E é sempre bom lembrar que não foram poucas as vezes em que a defesa do time comandado por Alexandre Mendes foi surpreendida “com as calças na mão” nos rápidos e intensos contra-ataques do Juventude. Além das perseguições mais longas na intermediária, o meio-campo abriu espaços demais na frente da zaga. E isso só facilitou a vida do time comandado por Marquinhos Santos.

O Juventude voltou do intervalo com as suas linhas de marcação mais adiantas e criou sérios problemas para o Grêmio. A virada foi construída em cima dos erros de posicionamento e da afobação dos defensores do Tricolor Gaúcho na perseguição a Matheus Peixoto, Guilherme Castilho e Capixaba. Foto: Reprodução / YouTube / GE

Este que escreve entende que Grêmio, Juventude e todas as demais equipes do Brasil ainda estão no início da temporada e que toda análise deve ser relativizada por conta do contexto difícil de pandemia de COVID-19 e colapso do sistema de saúde. O que preocupa no time do Grêmio, no entanto, é a repetição dos erros do time principal. Falta de intensidade, previsibilidade nas ações e transição defensiva lenta são alguns dos problemas percebidos na derrota para o Juventude. Há sim bons nomes oriundos das categorias de base. Ferreirinha, Darlan e Vanderson já tiveram diversas oportunidades com Renato Gaúcho. Brenno vem mostrando a segurança que Paulo Victor e Vanderlei já não entregam mais. E apesar da atuação fraca nesta quinta-feira (25), Lucas Araújo e Pedro Lucas mostraram qualidade em partidas anteriores e podem sim ser boas opções para a sequência da temporada.

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Mesmo assim, é preciso corrigir os problemas táticos e coletivos dessas duas versões do Grêmio. A impressão que fica é que a equipe pouco aprendeu com as derrotas na Copa Libertadores da América e na decisão da Copa do Brasil. Alexandre Mendes identificou (na coletiva de imprensa) que um dos grandes problemas do Tricolor Gaúcho estava no setor de criação das jogadas. Problema visto também em vários outros momentos na temporada passada. Não é coincidência.

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