Home Futebol Vitória sem muito brilho de Portugal mostra que caminho das grandes seleções nas Eliminatórias não será tão fácil

Vitória sem muito brilho de Portugal mostra que caminho das grandes seleções nas Eliminatórias não será tão fácil

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o triunfo da equipe de Fernando Santos sobre o Azerbaijão em jogo realizado nesta quarta-feira (24)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Os jogos desta quarta-feira (24) na rodada de abertura das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022 na Europa já apresentaram um panorama que deve se repetir mais algumas vezes. Seleções mais tradicionais do velho continente como França, Portugal, Holanda e Bélgica encontraram muitas dificuldades contra equipes menos badaladas. No caso da equipe comandada por Fernando Santos, a vitória sobre o Azerbaijão só veio quando o goleiro Mahammadaliyev falhou numa saída de gol (após cruzamento de Rúben Neves) e a bola acertou o zagueiro Medvedev antes de balançar as redes. De resto, eu e você vimos o escrete de Cristiano Ronaldo, João Cancelo e companhia dominar o jogo no Juventus Stadium, em Turim, mas sem conseguir transformar essa superioridade clara em gols. Portugal (assim como todas as outras seleções citadas acima) vão ter que lidar com muitas retrancas nessas Eliminatórias.

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Fernando Santos repetiu o seu 4-3-3 costumeiro com um meio-campo experiente e muita rapidez nas transições para o ataque. Cristiano Ronaldo era o jogador mais avançado do escrete lusitano (saindo da esquerda para o meio) e fazia boas trocas de posição com André Silva e Pedro Neto. Faltava, no entanto, o acerto nas conclusões a gol e um pouco mais de calma para superar o forte bloqueio defensivo da equipe do Azerbaijão. Com CR7 explorando bem o lado esquerdo e ganhando a companhia de Nuno Mendes, João Moutinho e André Silva naquele setor, o italiano Giovanni De Biasi recuou Abbas Hüseynov e Azer Salahli para junto da linha defensiva e tentar conter um pouco do ímpeto ofensivo e do (gigantesco) volume de jogo de Portugal. O bom goleiro Mahammadaliyev vinha se transformando no grande nome da partida até falhar bisonhamente no único gol da partida no Juventus Stadium.

Azerbaijao vs Portugal - Football tactics and formations

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O 4-3-3 de Fernando Santos era eficiente para abrir espaços através da constante movimentação da equipe lusitana em torno de Cristiano Ronaldo. Portugal tinha a posse da bola, criava boas chances, mas esbarrava na boa atuação do goleiro Mahammadaliyev. Isso até o camisa 12 falhar bisonhamente no lance do gol.

O que aconteceu com Portugal também aconteceu com a França, com a Holanda e com a Bélgica. Todas elas encontraram dificuldades contra seleções fora do primeiro escalão europeu por uma série de motivos. O contexto imposto pela pandemia de COVID-19, lesões nos elencos e também o crescimento de produção de equipes como Azerbaijão, Turquia e Ucrânia. Por mais que esse último fator já seja facilmente percebido por todos aqueles que acompanham o futebol do velho continente, não havia um único torcedor que esperasse algo além de uma vitória de Portugal por (pelo menos) três gols de diferença nesta quarta-feira (24). É claro que as Eliminatórias da Copa do Mundo ainda estão na sua primeira rodada e a tendência é que as melhores seleções acabem se sobressaindo com o tempo. Mas é preciso notar aqui que as coisas não andam tão fáceis como em outros tempos não tão distantes assim.

A segunda etapa no Juventus Stadium foi praticamente uma repetição dos primeiros 45 minutos. Tanto que o SofaScore aponta 66% de posse de bola para Portugal com 29 finalizações a gol (14 no alvo) e 731 passes (86% de acerto) trocados durante a vitória sobre o Azerbaijão. Um volume de jogo e uma superioridade imensa diante de uma seleção que pouco chegou no campo ofensivo e se preocupou em “evitar o vexame”. Fernando Santos ainda lançou Rafa Silva, João Palhinha, Bruno Fernandes, Sérgio Oliveira e João Félix na partida, mas o panorama não mudou. O escrete lusitano atacava, ocupava a intermediária do Azerbaijão, mas esbarrava mas defesas de Mahammadaliyev (que se redimiu completamente do vacilo no gol contra de Medvedev com quatorze defesas em todo o jogo). A vitória magra diz muito sobre os obstáculos que Portugal terá que superar na caminhada até a Copa do Mundo do Catar, em 2022.

Portugal vs Azerbaijao - Football tactics and formations

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Fernando Santos renovou o fôlego de Portugal no segundo tempo com as entradas de Rafa Silva, João Palhinha, Bruno Fernandes, Sérgio Oliveira e João Félix, mas viu sua equipe esbarrar nas defesas de Mahammadaliyev. Faltou calma nas tomadas de decisões e um pouco de frieza nas finalizações a gol.

Com um elenco estrelado e composto por alguns dos nomes mais promissores da nova geração de jogadores do velho continente, não se esperava menos de Portugal do que uma vitória tranquila e por uma boa margem de gols. O que se viu, no entanto, foi uma atuação irregular diante de um Azerbaijão que se preocupou em “perder de pouco” no Juventus Stadium. É claro que o escrete de Fernando Santos pode render muito mais. Assim como a França de Didier Deschamps e a Holanda de Frank de Boer. Por outro lado, a impressão que fica para este que escreve é que as coisas vão ficar um pouco mais complicadas daqui pra frente com a melhora do desempenho de seleções tidas como parte do seleto grupo dos “azarões” na Europa. Itália e Holanda já provaram o gosto amargo da ausência de uma Copa do Mundo não faz muito tempo. E as duas tropeçaram justamente contra equipes (em tese) mais fracas.

É bem verdade que as seleções mais tradicionais podem reencontrar o “caminho das pedras” daqui a algumas rodadas. E a tendência é essa mesmo. Com ou sem pandemia de COVID-19. O problema aqui é notar que as coisas não andam mais tão fáceis como era antes. E Portugal (atual campeã da Eurocopa) deve se preparar para embates ainda mais complicados na caminhada rumo ao Mundial do Catar. Fernando Santos precisa encontrar soluções. E rápido.

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