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Você contrataria Renato Gaúcho para ser técnico do seu time?

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica o que o agora ex-técnico do Grêmio ainda pode oferecer na beira do gramado

Por Luiz Ferreira em 20/04/2021 01:05 - Atualizado há 3 meses

Lucas Uebel / Grêmio FBPA

Renato Gaúcho é o tipo de treinador que divide opiniões onde quer que seu nome seja citado. Uns o consideram ultrapassado e nada além de um “motivador” que fala a “língua dos jogadores”. Outros o colocam no seleto grupo dos técnicos mais vitoriosos dos últimos anos. De fato, seu trabalho à frente do Grêmio foi sim cercado por grandes títulos e por ótimos resultados em quase cinco anos à frente do Imortal. De fato, o torcedor gremista vai se lembrar do título da Copa do Brasil de 2016, do tricampeonato da Copa Libertadores da América de 2017, da conquista da Recopa Sul-Americana em 2018 e do tricampeonato gaúcho em 2018, 2019 e 2020 por bastante tempo. Por outro lado, essa passagem de Renato Gaúcho pelo Grêmio ficou marcada por bravatas, reclamações públicas sobre a ausência de reforços e uma visível queda técnica de um elenco que conquistou quase tudo o que disputou nas últimas temporadas.

A favor de Renato Gaúcho ficam as boas campanhas do Grêmio a nível internacional (onde a equipe disputou três semifinais de Libertadores seguidas) e as boas campanhas nas quatro últimas edições do Campeonato Brasileiro (sempre pelo menos em quarto lugar em 2017, 2018 e 2019). Tudo aliando muita marcação no meio-campo com um bom toque de bola no seu 4-2-3-1 básico. Luan, Arthur, Everton Cebolinha, Pepê, Matheus Henrique, Darlan, Ferreira e Jean Pyerre foram alguns dos principais nomes que surgiram na base gremista e que foram bastante utilizados por Renato Gaúcho e ventilados nas seleções de base e principal. No entanto, a insistência em atletas já desgastados com a torcida e em má fase técnica acabou marcando as duas últimas temporadas do treinador pela equipe de Porto Alegre. Não que isso tenha interferido num âmbito geral, mas prejudicou a equipe em vários momentos decisivos.

As goleadas sofridas para o Flamengo de Jorge Jesus em 2019 e para o Santos de Cuca em 2020 (ambas em fases avançadas da Libertadores), as atuações da equipe na decisão da Copa do Brasil contra o Palmeiras e as derrotas recentes para o Independiente del Valle contribuíram para que Renato Gaúcho fosse se desgastando no comando do Grêmio. Principalmente quando se nota que o desempenho do escrete gremista caiu demais nos últimos meses. A postura mais pragmática, com a defesa fechada e forte marcação no meio-campo começou a perder consistência na mesma medida em que o treinador utilizava o maior poder de investimento dos grandes rivais do Grêmio nas últimas temporadas como justificativa para as derrotas e eliminações. Os triunfos nos clássicos contra o Internacional também perderam força mesmo tendo um ótimo aproveitamento nessas quase cinco temporadas de Renato Gaúcho à frente do Grêmio.

Mas o que teria causado essa queda de rendimento no Grêmio? Há quem fale na influência clara de Valdir Espinosa, técnico campeão da Libertadores e Mundial em 1983, na montagem do time campeão continental em 2017. E há quem fale num certo desdém de Renato Gaúcho no que se refere a treinamentos e todo o trabalho tático em cima da equipe. É como se houvesse uma confiança demasiada no talento individual de Pepê, Diego Souza e companhia. Tomando os dois jogos da decisão da Copa do Brasil de 2020, fica difícil entender algumas das escolhas de Renato Gaúcho principalmente quando já se sabia como o Palmeiras de Abel Ferreira jogava. A principal dessas escolhas estava no setor ofensivo, onde Jean Pyerre jogou quase como um volante pela esquerda quando poderia ser muito mais útil atuando mais próximo de Diego Souza e Pepê. O time teve movimentação confusa e bastante previsível no terço final.

Renato Gaúcho manteve seu 4-2-3-1 costumeiro nas finais da Copa do Brasil, mas inexplicavelmente posicionou Jean Pyerre longe do ataque numa linha com três jogadores à frente da zaga. O Grêmio acabou tendo movimentação ofensiva bem confusa nos dois jogos contra o Palmeiras. Foto: Reprodução / TV Globo

Por mais que o Grêmio tenha bons números quando o assunto é o seu sistema defensivo, é preciso notar que o sistema defensivo falhou quando mais pressionado. Renato Gaúcho optava por perseguições mais longas já na última linha. Com Pedro Geromel fazendo a cobertura, Kannemann podia sair no encalço dos adversários sem muitos receios. A lesão do camisa 3 tricolor, no entanto, enfraqueceu demais a defesa e Renato Gaúcho não conseguiu suprir essa ausência. Ao mesmo tempo, sem o substituto adequado (e com as escolhas no mínimo questionáveis para as finais da Copa do Brasil), o Grêmio acabou sucumbindo. Se Jean Pyerre não agradou no jogo de ida, Thaciano foi utilizado como um volante pela direita e abriu ainda mais o meio-campo gremista. Além disso, a estratégia de perseguições mais longas foi facilmente superada pela movimentação do ataque do Palmeiras e do Independiente del Valle.

Algumas das escolhas de Renato Gaúcho começaram a ser bastante questionadas assim que o desempenho do time do Grêmio diminuiu nos últimos meses. As perseguições individuais, o posicionamento dos jogadores e a falta de organização foram fatais para o treinador. Foto: Reprodução / TV Globo

Por mais que entregasse bons resultados e tivesse ótimo aproveitamento nos Gre-Nais, Renato Gaúcho acabou sendo vítima do desgaste natural de uma relação longa entre técnico e jogadores. Não é algo fácil de se administrar ainda mais num ambiente em que o resultado acaba sendo mais importante do que o desempenho dentro de campo. Não há dúvidas de que Renato ainda estaria empregado se o Grêmio tivesse conquistado a classificação para a fase de grupos da Copa Libertadores da América. Mesmo com as atuações bem abaixo do esperado e com bons nomes sendo sacrificados num esquema tático que criava pouco e transpirava muito. Não que isso seja ruim ou “errado” no futebol. Mas fato é que o elenco do Grêmio poderia ter feito muito mais nas duas últimas temporadas do que vencer os clássicos contra o Internacional e conquistar campeonatos estaduais. Acabou que a relação entre equipe e treinador se desgastou demais nesses últimos meses.

A escolha do comandante de uma equipe (seja ela qual for) deve levar em consideração a características dos jogadores, as necessidades do elenco e mais uma série de questões. Diante de tudo o que foi colocado anteriormente, este colunista deixa a pergunta: você contrataria Renato Gaúcho para ser o técnico do seu time? Você pode responder usando a enquete abaixo durante a próxima semana. E não importa qual é seu clube do coração.

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