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Atlético-MG: mais um elo rompido com passado

Fim de vínculo com Tardelli é uma peça a menos no tabuleiro que levou Galo a período mais glorioso de seus 113 anos

Cláudio Arreguy
Colaborador do Torcedores

A decisão anunciada pelo Clube Atlético Mineiro nesta quinta-feira, 27 de maio de 2021, de não renovar o contrato de Diego Tardelli Martins, paulista de Santa Bárbara d’Oeste que 17 dias antes completou 36 anos, é mais um elo rompido com o momento mais glorioso da história alvinegra. Ela se dá um ano após a despedida do futebol do zagueiro Leonardo Silva e três meses depois do adeus do goleiro Victor ‒ ambos efetivados como funcionários atleticanos. Neste período, o zagueiro Réver cada vez se consolida mais como opção no banco de reservas.

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Para os torcedores do Galo, ficam as boas lembranças do atacante talentoso, rápido, acima da média. Revelado pelo São Paulo, com passagens discretas por Bétis, São Caetano, PSV Eindhoven, Flamengo, o russo Anzhi Makhachkala, o catariano Al-Gharafa e o chinês Shandong Luneng, foi com a camisa listrada em preto e branco com o escudo em forma de coração que ele encontrou seu lar ideal. Sobretudo nas duas primeiras passagens, em que somou a maioria de seus 230 jogos e dos 112 gols que o situam como o 15º artilheiro dos 113 anos da agremiação. Sai com o saldo de sete títulos.

É provável que grande parte da torcida esteja a lamentar a saída de um ídolo com quem se identificava, digno representante da dinastia de Dario e Reinaldo, entre outros. Tardelli incorporou como poucos a alma do Galo. Mas não custa observar que o atacante passou discretamente pelo Grêmio e, de volta ao habitat, ficou mais tempo contundido. E quando jogou, mostrou muito pouco do lampejo que o consagrou.

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Num momento em que o Galo almeja novos tempos de conquistas de peso e constrói estádio próprio ‒ ainda que movido ao aporte milionário de seu quarteto de mecenas a compensar a condição atual de maior devedor entre os clubes do país ‒, é tempo mesmo de deixar o passado para trás. De não mais se apegar a dias já eternizados na sala de troféus para justificar a esperança no futuro.

Como Leonardo Silva, Victor e, em breve, Réver, Tardelli deu sua valiosa contribuição à vida atleticana. Mas esta continua, aberta a novos ídolos e heróis. Curiosamente sob a condução de Cuca, o treinador campeão da Libertadores de 2013, com o quarteto mencionado, Jô, Bernard e, a cereja do bolo, Ronaldinho Gaúcho.

Ocorre que o próprio treinador, ao abrir mão de Tardelli, dá sinais de que compreendeu esta necessidade de fechar a cortina de um espetáculo que não mais acontecerá. De prestigiar artistas desembarcados na Cidade do Galo nos últimos dois anos: Weverson, Junior Alonso, Guilherme Arana, Tchê Tchê, Zaracho Savarino, Hulk, Keno e ‒ candidatíssimo ao papel antes executado por R10 ‒ o argentino Nacho Fernández.

Aonde irá esse Atlético que fechou como líder geral e sua melhor campanha na história a fase de grupos da Libertadores? Que arrebatou o bicampeonato mineiro e se habilita entre os principais candidatos a um título brasileiro que persegue há 50 anos? Depende da qualidade de igualmente fortes adversários, como Flamengo e Palmeiras, os dois últimos campeões brasileiros e da Libertadores; São Paulo e a dupla Gre-Nal. E também da evolução que seu elenco lhe permite esperar. Não dos valores individuais, o que é visível. Mas em conceito de jogo, em repertório mais amplo de lances capazes de surpreender os rivais. Algo que Cuca mostrou nos tempos iniciais de treinador e até na recente passagem pelo Santos, finalista da decisão continental, perdida no derradeiro lance.

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Que Tardelli consiga se livrar das contusões e ainda ser útil a um grande clube brasileiro, porque talento ele tem. Seu lugar na história do Atlético está garantido. Mas não nos próximos capítulos.

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