Home Futebol Precisamos admitir que Pia Sundhage foi coerente na convocação da Seleção Feminina para os Jogos Olímpicos

Precisamos admitir que Pia Sundhage foi coerente na convocação da Seleção Feminina para os Jogos Olímpicos

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a lista final de convocadas para as Olimpíadas e explica a ausência de Cristiane

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
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Quem acompanha a coluna aqui no TORCEDORES.COM já sabe que este que escreve acabou se transformando num dos maiores críticos do trabalho de Pia Sundhage por conta das suas escolhas para a Seleção Feminina e a insistência em jogadores que já não entregam o desempenho necessário para competições de alto nível. No entanto, este mesmo colunista precisa admitir que a comandante do escrete canarinho talvez tenha feito a sua convocação mais sensata e mais coerente desde que assumiu o comando da equipe. Dentre as concessões feitas nos últimos dois anos, as dezoito atletas escolhidas por Pia Sundhage para a disputa dos Jogos Olímpicos e da tão sonhada medalha de ouro na capital japonesa mostram que a treinadora não quer fazer figuração em Tóquio e que há uma linha de raciocínio muito clara sendo seguida. Mesmo com as lamentações sobre a ausência da atacante Cristiane da lista final.

É plenamente possível questionar a presença de uma lateral-direita de ofício na lista final. Só que Pia Sundhage mostrou muita firmeza e confiança nas suas escolhas ao longo dos últimos meses. Por mais que o 4-4-2/4-2-4 com as “gambiarras” criadas para encaixar Marta dentro da equipe não tenha passado segurança suficiente contra equipes mais fortes. Inclusive, este que escreve segue defendendo que a nossa camisa 10 deve ser escalada mais próxima da área adversária e sem tantas obrigações defensivas. Por outro lado, o grupo que Pia Sundhage escolheu para a disputa dos Jogos Olímpicos segue bem a linha utilizada defendida por ela e traz as jogadoras que possuem as características que melhor se encaixam no 4-4-2/4-2-4 utilizado na Seleção Feminina. É preciso notar que há um planejamento bem claro sendo elaborado há bastante tempo e que as escolhas finais se basearam nele.

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No entanto, a convocação final não deixa de ter algumas surpresas. A maior delas (pelo menos para este que escreve) está nas ausências de Aline Reis e Andressa Alves das dezoito convocadas. Ainda que as duas tenham participado de vários jogos da Seleção Feminina, as presenças de Letícia Izidoro (goleira do Benfica) e de Adriana (meia do Corinthians) são muito mais coerentes. E sobre a famigerada lateral-direita, a convocação de Poliana (também do Corinthians) e a presença de Letícia Santos entre as suplentes indica que Pia Sundhage quer mesmo uma jogadora que faça o balanço defensico e libere Tamires para o apoio ao ataque (mesmo correndo o risco de ver a Seleção Feminina “torta” para a esquerda). A formação da Seleção Feminina nos amistosos contra Rússia e Canadá já indicava que a treinadora sueca iria mesmo apostar no seu 4-4-2/4-2-4 com uma lateral mais presa.

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No empate sem gols com o Canadá, Pia Sundhage apostou na entrada de Bruna Benites no lugar de Letícia Santos e na entrada de Júlia Bianchi no lugar de Formiga e manteve o 4-4-2/4-2-4 utilizado na vitória sobre a Rússia. A Seleção Feminina deve seguir a mesma linha durante a disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

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Formiga (se estiver plenamente recuperada de lesão) deve recuperar a vaga no meio-campo ao lado de Andressinha. Ao mesmo tempo, pelo conhecimento da posição e pelo poder de marcação no setor, este que escreve apostaria em Poliana como lateral-direita titular da Seleção Feminina nos Jogos Olímpicos. A única questão ficaria por conta do quarteto ofensivo. Pia Sundhage apostou em Ludmila jogando mais aberta pela direita como uma espécie de “ala” naquele lado (para preencher o espaço que Bruna Benites não ocupava). Já se sabe que a jogadora do Atlético de Madrid é uma atacante de movimentação e rende muito mais entrando em diagonal na direção do gol ou buscando a linha de fundo. Se for para usar uma “ala”, talvez a melhor opção de Pia Sundhage para a Seleção Feminina seja a corintiana Adriana, que já mostrou toda a sua versatilidade nos jogos da She Believes Cup.

Por fim, chegamos em Cristiane. Este que escreve já se declarou fã da maior artilheira da história do futebol nos Jogos Olímpicos e lamenta sim a sua ausência da lista final de convocadas. Por outro lado, é preciso entender (e aceitar) que ela não passa por um bom momento dentro de campo. Os problemas físicos, as dificuldades para ter uma sequência mínima de partidas e as atuações ruins pelo Santos pesaram contra Cristiane na avaliação de Pia Sundhage que, como já foi mencionado anteriormente, escolheu as atletas que têm mais condições de executarem o plano de jogo que ela elaborou nesses últimos meses. Este colunista entende sim todo o “hype” em cima de Cristiane e seria o primeiro a defender a sua convocação para a Seleção Feminina se ela estivesse entregando um bom desempenho dentro de campo. Infelizmente, as coisas não funcionam do jeito que a gente quer. Paciência e vida que segue.

Seja como for, a lista de Pia Sundhage traz bons nomes para a Seleção Feminina e segue a coerência das últimas convocações. No entanto, por mais que os dezoito nomes escolhidos para a disputa dos Jogos Olímpicos sigam essa linha de raciocínio já traçada e explicada em outros momentos, é impossível não se ter um pé atrás com determinadas opções. Ainda mais quando a equipe já apresentou dificuldades quando encarou seleções mais fortes.

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