Home Futebol Corinthians repete velha (e eficiente) fórmula em vitória sobre um Cruzeiro cada vez mais perdido

Corinthians repete velha (e eficiente) fórmula em vitória sobre um Cruzeiro cada vez mais perdido

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos times comandados por Arthur Elias e Rodrigo Campos no jogo deste domingo (6)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É chover no molhado afirmar que o Corinthians ainda é uma das melhores equipes do país na atualidade. Os números e a posição da equipe na tabela do Brasileirão Feminino estão aí para provar essa tese. Tanto que o escrete comandado por Arthur Elias repete a mesma fórmula de outros anos nas partidas da competição nacional. E não foi diferente contra o Cruzeiro. Marcação alta, muita intensidade nas transições e na movimentação ofensiva, muita leitura dos espaços e ótima execução do “jogo de posição” proposto pelo treinador corintiano foram alguns dos trunfos da vitória sobre as Cabulosas por 2 a 1 neste domingo (6), na Fazendinha. Isso tudo diante de um adversário que parece cada vez mais sem rumo na temporada. Não é difícil concluir que o Cruzeiro (agora comandado por Rodrigo Campos) se tornou vítima de uma série de decisões ruins tomadas ao longo da temporada

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O gol de Gabi Portilho logo no primeiro minuto de partida na Fazendinha é emblemático. A construção da jogada desde o início é um belo exemplo de como o Corinthians de Arthur Elias se comporta diante de equipes mais fechadas e de como ela consegue encontrar espaços. É a síntese do “jogo de posição”: se movimentar, atrair as adversárias, fixá-las num ponto e atacar tendo como base a posição da bola. Amplitude de profundidade. Gabi Nunes avança pela esquerda e cruza rasteiro para a área enquanto o Cruzeiro tenta se fechar com nove jogadoras (além da goleira Mary Camilo) dentro da área. Só que o 4-1-4-1 de Rodrigo Campos não conseguiu acompanhar a intensa movimentação de Bianca Gomes e Vic Albuquerque no lance. As duas atraem a marcação de Capelinha, Thamirys e Carol e liberam o espaço para Gabi Portilho aparecer com liberdade na área e apenas escorar para as redes.

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Gabi Nunes avança pela esquerda, Vic Albuquerque e Bianca Gomes atraem as defesa adversária e abrem o espaço para Gabi Portilho atacar e marcar o primeiro gol do Corinthians na partida. O Cruzeiro não conseguiu fechar sua defesa mesmo com quase todo o time dentro da área. Foto: Reprodução / BAND

Todas as jogadas passavam pelos pés de Andressinha, Tamires (que jogou na lateral-esquerda, mas centralizava com frequência para ajudar na criação das jogadas) e Ingryd. Na prática, o 4-4-2 de Arthur Elias se transformava num 2-3-5 (como costuma acontecer nas equipes que praticam o “jogo de posição”) de muita mobilidade e movimentação intensa no terço final. Vic Albuquerque era a referência do ataque, mas nada impedia que Bianca Gomes aparecesse por ali e a camisa 17 jogasse mais pelo lado. Ou que Gabi Nunes e Gabi Portilho entrassem em diagonal buscando o chute a gol. Do outro lado, o Cruzeiro tentava se fechar como podia na frente da sua área. Tanto que a goleia Mary Camilo fez pelo menos três grandes defesas e salvou as Cabulosas de uma goleada histórica na Fazendinha. Com Mayara Vaz e Lucero bem marcadas, o escrete de Rodrigo Campos teve apenas algumas chances de balançar as redes.

Cruzeiro vs Corinthians - Football tactics and formations

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Gabi Nunes, Bianca Gomes, Vic Albuquerque e Gabi Portilho se movimentavam muito na frente da área e conseguiam bagunçar a defesa do Cruzeiro. Ao mesmo tempo, a equipe comandada por Rodrigo Campos não conseguia sair do seu campo e vencer a pressão imposta pelo Corinthians na saída de bola.

Ainda que o Cruzeiro tenha conseguido descontar numa das poucas bolas longas que levaram algum perigo, o panorama da partida pouco mudou no segundo tempo. O Corinthians seguiu dominando as ações e as Cabulosas foram se fechando na defesa em busca da retomada da posse e dos passes longos para Duda, Lucero e Mayara Vaz às costas da última linha do escrete paulista. Mesmo assim, o volume de jogo do time comandado por Arthur Elias era enorme. E as entradas das mais experientes (Gabi Zanotti, Adriana e Grazi) ajudou na cadência e no controle do ritmo de jogo ainda que a intensidade tenha continuado lá em cima. Duda descontou para o Cruzeiro em penalidade sofrida por Vanessinha aos 34 minutos da segunda etapa, mas a reação cruzeirense acabou esbarrando na falta de fôlego e de concentração para suportar tamanha pressão de um Corinthians altamente organizado e agressivo no ataque.

Mesmo com as linhas bem próximas, o Cruzeiro não conseguiu conter os avanços de um Corinthians extremamente organizado e intenso nas transições. As entradas de Gabi Zanotti, Adriana e Grazi ajudaram no controle do ritmo das jogadas e na administração do placar na Fazendinha. Foto: Reprodução / BAND

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O que se viu na prática foi um Corinthians que repetiu a velha (e eficiente) fórmula de conquistas passadas: intensidade nas transições, muito volume de jogo, marcação alta, alta qualidade no passe e uma equipe comprometida até o último fio de cabelo com as estratégias do seu treinador. Este que escreve já se declarou fã do trabalho de Arthur Elias e da maneira com a qual ele vem mantendo o Timão no topo ao mesmo tempo em que vai renovando este ou aquele setor do seu elenco. Bem diferente de um Cruzeiro cada vez mais afundado na tabela do Brasileirão e que sofre as consequências da gestão ruim do clube e das decisões ruins dos últimos meses. As Cabulosas possuem bons valores individuais, mas ainda não conseguiram recuperar o bom futebol de outros tempos. Além disso, a impressão que fica é a de que a troca de treinadores (Marcelo Frigério por Rodrigo Campos) aconteceu tarde demais. A conferir.

A nota triste da partida fica por conta da entrada criminosa de Duda em cima de Miriã no segundo tempo. Por mais que os nervos estejam á flor da pele com a entrada do Cruzeiro na zona do rebaixamento, nada justifica tamanha irresponsabilidade. Mas nada justificam os ataques dirigidos à camisa 10 das Cabulosas nas redes sociais. Seu semblante na entrevista após a partida mostrava bem o arrependimento da jogadora com relação ao erro cometido dentro de campo.

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