Home Esportes Olímpicos Olimpíadas: Argentina vira sobre o Brasil e fatura o bronze no vôlei masculino

Olimpíadas: Argentina vira sobre o Brasil e fatura o bronze no vôlei masculino

Pela segunda vez em sua história – ambas contra a seleção brasileira – Argentina vence a disputa do terceiro lugar e fatura a medalha de bronze

Thiago Chaguri
Apaixonado por esporte desde criança, acompanho diversas modalidades por acreditar na magia e nas boas histórias que seus protagonistas e torcedores proporcionam. Além do entretenimento, admiro também as pluralidades táticas e estratégicas.

Repetindo o roteiro da primeira partida entre as seleções pelo grupo B, Brasil e Argentina protagonizam outro duelo de cinco parciais. No entanto, desta vez, o final feliz foi para os “hermanos’. Devolvendo o 3 sets a 2 (25/23, 20/25, 20/25, 25/17 e 15/13), o time do técnico Marcelo Mendez conquista a medalha de bronze pela segunda vez em sua história. Curiosamente, o Brasil foi sua vítima em ambas ocasiões. Nos Jogos Olímpicos de Seul-1988, os argentinos também aplicaram 3 sets a 2 para ficar com o terceiro lugar.

Facundo Conte foi o destaque com 21 pontos, seguido de Agustin Loser, com 14. Contando com ótima partida do levantador De Cecco e sua boa distribuição, mais três jogadores passaram dos 10 pontos: Bruno Lima e Ezequiel Palacios (13) e Sebastian Solé, somando 12.

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Wallace anotou 17 e Lucão obteve 14 acertos para o Brasil.

Argentina empata o retrospecto em Jogos Olímpicos

Esta foi a segunda partida entre as seleções neste Jogos Olímpicos. Pela fase de grupos, os ‘hermanos’ começaram muito bem e abriram 2 sets a 0. No entanto, o Brasil despertou, ressurgiu de forma impressionante e, num tie-break muito disputado, venceu por 16/14 e o jogo por 3 sets a 2, em uma virada épica.

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Ao longo da história olímpica, as seleções se enfrentaram oito vezes. Com a vitória de hoje (07), a Argentina voltou a igualar a rivalidade. E mais: venceu os brasileiros nas duas disputas pela medalha de bronze. A primeira em Seul-1988 e agora em Tóquio-2020, sendo estas as únicas medalhas do país na modalidade.

Assim como esta edição de Tóquio, as equipes da época se enfrentaram duas vezes em Atlanta-1996. Pela fase de grupos, deu Argentina. Na disputa do quinto lugar, os brasileiros deram o troco pelo mesmo placar, 3 a 1.

Nas quartas de final por Sidney-2000, zebra albiceleste. O país vizinho, classificado em quarto por outro grupo, tirou o Brasil que havia passado em primeiro, invicto nos cinco jogos anteriores.

Repetindo a dose em Londres-2012 e Rio-2016, as seleções realizaram novamente as quartas de final. Desta vez, o Brasil venceu por 3 sets a 0 e 3 sets a 1, respectivamente. Na Inglaterra, a seleção verde e amarela ficou com o vice. Em casa, conquistou o tricampeonato olímpico em pleno ginásio do Maracanãzinho.

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ESCALAÇÕES

BRASIL: Bruninho (capitão-levantador); Wallace (oposto); Lucarelli e Leal (ponteiros); Lucão e Maurício Souza (centrais); Thales (líbero).

Suplentes: Cachopa (levantador); Alan Souza (oposto); Maurício Borges e Douglas Souza (ponteiros); Isac (central)

Técnico: Renan Dal Zotto

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ARGENTINA: Luciano de Cecco (capitão-levantador); Bruno Lima (oposto); Facundo Conte e Ezequiel Palacios (ponteiros); Sebastian Solé e Agustin Loser (centrais); Santiago Danani (líbero)

Suplentes: Matias Sanchez (levantador); Federico Pereyra (oposto); Nicolas Mendez e Cristian Poglajen (ponteiros); Martin Ramos (central)

Técnico: Marcelo Mendez

 

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1º SET

O levantador argentino De Cecco marcou o primeiro ponto do jogo numa bola de cheque. Em longo rali, com bloqueio funcionando muito bem para amortecer o ataque argentino e a defesa ligada, Bruninho acionou e Lucão cravou na quadra adversária, passando o Brasil à frente por 2 a 1. Os argentinos anotaram dois pontos consecutivos de bloqueio e colocaram dois de vantagem, 7 a 5. Porém, a equipe deu quatro pontos aos brasileiros em erros cometidos, 9 a 7. Aos 12 a 9, Renan parou o jogo para não deixar o rival escapar no placar. Douglas Souza entrou no lugar de Leal para tentar corrigir o sistema defensivo.

Facundo Conte fez seu sétimo ponto na parcial e colocou 19 a 15 no marcador. A equipe argentina estava à vontade em quadra, repetindo a boa atuação do primeiro set do jogo da fase de grupos. Douglas Souza diminuiu a desvantagem para 19 a 17 e Marcelo Mendez paralisou o jogo. Cachopa e Alan Souza entraram na inversão de 5×1. Lucarelli acertou dois bons ataques e tirou a diferença para um ponto, 23 a 22. Lucão salvou um set point em 24 a 23, mas Conte, destaque da parcial, fechou o set em 25/23.

O ponteiro argentino despejou incríveis nove pontos. Lucão e Wallace marcaram cinco cada.

2º SET

A segunda parcial iniciou com os times trocando pontos e se alternando na liderança do placar. Lucão, em boa leitura, bloqueou o rival e Conte desperdiçou seu ataque, colocando 7 a 5 para o Brasil. Maurício Souza, sozinho, deu um belo toco em Palacios e Marcelo Mendez pediu tempo aos 13 a 10 e obteve sucesso. Sua equipe empatou o set em 13 a 13. Tentando forçar mais o saque, mas sem muita eficiência, a seleção brasileira desperdiçava o serviço. O ataque, bem distribuído por Bruninho, sustentava a equipe na dianteira.

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Douglas Souza acertou uma difícil paralela, contestada pelos argentinos. Após revisão de vídeo, confirmou-se o ponto brasileiro. Em seguida, Lucarelli fechou a porta no bloqueio e recolou três de vantagem, 20 a 17. Em boa ação do bloqueio, amortecendo o ataque argentino, Lucarelli pontuou em uma bonita diagonal e abriu 23 a 19. Chamou a atenção da queda de produção de Facundo Conte. O ponteiro havia feito 9 pontos no primeiro set. No entanto, marcou apenas um neste segundo. Poglajen sacou na rede e o Brasil obteve quatro set points. De bloqueio, freou o ataque argentino e fechou a parcial em 25/20.

Douglas Souza marcou cinco pontos, seguido de Lucarelli, com quatro. Para a Argentina, três jogadores terminaram o set com três pontos: Bruno Lima, Palacios e Sebastian Solé.

3º SET

O Brasil iniciou mal, sofrendo desvantagem de 3 a 0. O sistema defensivo não se encontrou, o passe saía quebrado e o ataque estava bem marcado. Bloqueando bem, a Argentina abriu 6 a 2 e forçou o técnico Renan a parar a partida para tentar reorganizar a equipe, que chegou a diminuir a diferença em dois pontos, mas viu o rival novamente colocar a vantagem em quatro, com 9 a 5 no marcador. Wallace, num bloqueio individual, tirou a distância para um ponto. O oposto novamente pontuou e empatou o set em 10 a 10. Quem pediu tempo no momento foi Marcelo Mendez. Sentindo o bom momento, Bruninho continuou acionando Wallace. A Argentina retomou dois de frente, mas o oposto brasileiro estava inspirado e colocou o placar em igualdade com um ace, 13 a 13.

Oscilando, o Brasil levou três pontos consecutivos. Renan substituiu Douglas Souza por Leal. O ponteiro entrou e passou a seleção brasileira à frente com um ace, 17 a 16. Federico Pereyra entrou no jogo. Pontuou, mas na sequência sacou na rede. Wallace dividiu uma bola com Poglajen na rede e levou vantagem à quatro pontos para o Brasil pela primeira vez, com 22 a 18. Bruninho acionou a jogada tradicional pelo meio com Lucão e o central cravou na quadra adversária. O cenário do segundo set se repetiu. Quatro set points para o Brasil e o bloqueio novamente encerrando a parcial, em 25/20.

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Wallace chamou o jogo no set e emplacou sete pontos. Lucarelli fez mais quatro, mesma pontuação do argentino Facundo Conte.

4º SET

Numa bola de cheque, os argentinos igualariam em 2 a 2. No entanto, a arbitragem marcou invasão. Inconformados, os rivais pediram desafio para tentar achar algum erro brasileiro na rede, já que invasão não tem revisão de video. De nada adiantou, 3 a 1 para o Brasil. No 6 a 5, Lucarelli acabou pisando no pé de De Cecco sem intenção, ao pousar do bloqueio. O lance preocupou, mas o levantador argentino levantou e voltou ao jogo. Após a breve paralisação, os argentinos voltaram melhor e anotaram três pontos em sequência. Cachopa e Alan Souza entraram no lugar de Bruninho e Wallace. Lucarelli parado pelo bloqueio e errando o ataque posterior, colocou os rivais em boa situação no set, com 12 a 7. Bruninho e Wallace voltaram à quadra e Douglas Souza entrou no lugar de Lucarelli. Após ser bloqueado, Lucarelli retornou no lugar de Douglas.

O Brasil sofreu um apagão e viu a Argentina disparar. Enquanto tudo funcionava para os ‘hermanos’, bem em todos os fundamentos, a equipe de Renan Dal Zotto estava perdida em quadra. O sistema defensivo não conseguia se encontrar, os passes saíam sem muita qualidade e o ataque sofria, tendo como consequência uma baixa eficiência. Bruno Lima acertou uma forte paralela e pôs 17 a 10 no marcador. Dominante na parcial, a Argentina não dava chances aos brasileiros. Renan usou as seis substituições possíveis e mesmo assim não achou um modo de conter os rivais. Irreconhecível e abatido, o Brasil fez seu pior set no campeonato e foi atropelado em 25 a 17.

Ezequiel Palacios fez cinco pontos, seguido de Agustin Loser e Bruno Lima, ambos com quatro.

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TIE-BREAK

Por toda sua história, com quatro finais olímpicas consecutivas e carregando a dolorosa derrota de virada para o Comitê Olímpico Russo, além de uma atuação muito ruim no set anterior, o Brasil entrou pressionado no tie-break. Para piorar, os argentinos iniciaram abrindo 3 a 0. Os rivais comandaram o placar na metade do set. Aos 7 a 3, Renan parou o jogo. Concentrados, venceram um belo rali e pegaram Douglas Souza no bloqueio, colocando 8 a 4 no marcador. Cachopa, Alan Souza e Isac entraram no set no lugar de Bruninho, Wallace e Maurício Souza.

Douglas Souza, na pipe, colocou a bola no chão e diminuiu para 10 a 8 a desvantagem. Alan Souza teve boa passagem pelo saque, desestabilizando o passe argentino. O oposto ainda anotou o nono ponto brasileiro, mas os argentinos anotaram dois pontos seguidos, abrindo 12 a 9. Renan usou seu último pedido de tempo. Cachopa deu nova esperança aos brasileiros com um bloqueio simples e empatou a parcial em 12. O técnico argentino paralisou o jogo. Facundo Conte explorou o bloqueio brasileiro. Set point argentino. Os rivais montaram um paredão e brecaram o ataque brasileiro, finalizando o set em 15/13 e o jogo em 3 sets a 2.

Facundo Conte comandou a pontuação, anotando quatro.

 

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CAMPANHA

Confira os resultados da seleção brasileira durante os Jogos Olímpicos.

Fase de grupos

23/07 – 23h00

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Brasil 3 x 0 Tunísia (25/22, 25/20 e 25/15)

26/07 – 9h45

Brasil 3 x 2 Argentina (19/25, 21/25, 25/16, 25/21 e 16/14)

28/07 – 9h45

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Brasil 0 x 3 Comitê Olímpico Russo (Rússia) – (22/25, 20/25 e 20/25)

29/07 – 23h05

Brasil 3 x 1 Estados Unidos (30/32, 25/23, 25,21 e 25/20)

31/07 – 23h05

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Brasil 3 x 2 França (25/22, 37/39, 25/17, 21/25 e 20/18)

Quartas de final

03/08 – 01h00

Brasil x Japão (25/20, 25/22 e 25/20)

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Semifinal

05/08 – 01h00

Brasil 1 x 3 Rússia (25/18, 21/25, 24/26 e 23/25)

Disputa do bronze

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Brasil 2 x 3 Argentina (23/25, 25/20, 25/20, 17/25 e 13/15)

 

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