Home Futebol Benfica “estaciona ônibus” na frente da área, suporta a pressão do PSV Eindhoven e avança na Champions League

Benfica “estaciona ônibus” na frente da área, suporta a pressão do PSV Eindhoven e avança na Champions League

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Jorge Jesus remontou a sua equipe após a expulsão de Lucas Veríssimo aos 32 minutos do primeiro tempo

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É muito difícil falar da atuação do Benfica sem mencionar a tola expulsão de Lucas Veríssimo. Isto porque ela acabou condicionando toda a atuação do escrete comandado por Jorge Jesus na partida decisiva contra o PSV Eindhoven, no jogo de volta do playoff da Liga dos Campeões da UEFA. O empate sem gols nesta terça-feira (24) colocou os Encarnados na fase de grupos da competição interclubes mais importante do Velho Continente. O “ônibus estacionado” na frente da área do bom goleiro Odysseas Vlachodimos e a aplicação tática do Benfica são sim elementos que mostram uma evolução tática do time nesse início de temporada, mas também deixa claro que a equipe lusitana vai precisar melhorar muito se quiser ir longe na “menina dos olhos” do “Mister”. Ainda mais quando sabe que o nível de intensidade será muito maior do que o exigido no Campeonato Português ou na Liga Europa.

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Com dez jogadores em campo desde os 32 minutos da primeira etapa, o Benfica (que entrou em campo escalado num 3-4-2-1 com o ex-zagueiros do Santos formando trio defensivo com o argentino Otamendi e o também brasileiro Felipe Morato) teve que se fechar na frente da sua área para conter os avanços do PSV Eindhoven. O escrete de Roger Schmidt tentava ganhar profundidade com o alemão Mario Götze se aproximando de Gakpo, Zahavi e Madueke no 4-2-3-1 inicial. O camisa 23 do PSV conseguiu criar boas chances sempre que saía da direita para dentro e puxava a marcação adversária, mas a equipe holandesa só conseguia pisar na área de Odysseas Vlachodimos quando acelerava o passe na intermediária e se movimentava mais na frente da zaga benfiquista. Muito pouco para furar o ferrolho e superar o “ônibus estacionado” por Jorge Jesus na sua defesa com o experiente João Mário aparecendo na última linha.

A expulsão de Lucas Veríssimo acabou condicionado toda a atuação do Benfica de Jorge Jesus que teve que se fechar na frente da sua área para frear as investidas do PSV Eindhoven. João Mário foi fundamental nesse processo ao fechar o lado esquerdo da defesa encarnada. Foto: Reprodução / SBT

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O PSV Eindhoven ocupava o campo de ataque, tentava se movimentar com mais intensidade, mas acabava esbarrando na “arapuca” montada por Jorge Jesus. A ideia aqui era ter os jogadores mais próximos e fechando bem os espaços entre cada um deles. Muita concentração para não dar botes errados e bloquear as arrancadas em diagonal dos atacantes adversários. No entanto, conforme o tempo ia passando, o desgaste ia aumentando e cobrando seu preço seja nos aspectos físicos e mentais. Gonçalo Ramos, Vertonghen e André Almeida entraram nos lugares de Yaremchuk, Taarabt e Gilberto aos 16 minutos da segunda etapa. No lance seguinte, Felipe Morato falhou e permitiu que Gapko partisse pela direita com liberdade e fizesse o cruzamento rasteiro buscando Zahavi. Com Odysseas Vlachodimos já batido e com o gol vazio, o camisa 7 acertou o travessão na melhor chance da partida. O susto foi suficiente para o Benfica retomar a concentração.

Essa também foi a senha para que Jorge Jesus radicalizasse e relembrasse seu compatriota José Mourinho ao posicionar seis jogadores na linha da grande área com o claro objetivo de fechar espaços e tirar a profundidade do PSV Eindhoven. Tanto que a equipe holandesa só conseguia levar perigo em chutes de média e longa distância (duas vezes com o zagueiro brasileiro André Ramalho e com Marco van Ginkel da entrada da área) que Odysseas Vlachodimos defendeu com segurança. No entanto, mesmo com jogadores mais descansados em campo, o Benfica voltou a baixar a concentração e permitiu que o PSV explorasse o espaço entre Felipe Morato e o lateral Grimaldo em bela enfiada para Yorbe Vertessen obrigar o goleiro do Benfica a fazer duas defesas incríveis. Por mais que o grego tenha sido fundamental na passagem para a fase de grupos da Champions League, os “apagões” defensivos poderiam ter custado a classificação.

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Jorge Jesus radicalizou no segundo tempo e literalmente “estacionou um ônibus” na frente da área do Benfica para segurar o ímpeto ofensivo do PSV Eindhoven. Mesmo assim, a equipe lisboeta sofreu para fechar seu lado esquerdo. Felipe Morato e Grimaldo falharam muito na marcação. Foto: Reprodução / SBT

O objetivo de Jorge Jesus foi finalmente atingido e o Benfica está na fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA. Mas não sem passar por alguns momentos de tensão e incerteza. Primeiro com a expulsão de Lucas Veríssimo (que parecia nervoso e afobado em vários lances) e depois com os problemas defensivos que ainda fazem parte do cotidiano da equipe portuguesa. A opção do “Mister” pelo “ônibus estacionado” na frente da área acabou sendo a mais correta diante do contexto da partida no PSV Stadoin. Ainda mais quando a equipe comandada por Roger Schmidt já adotava uma postura mais agressiva desde o apito inicial. Ao mesmo tempo, o Benfica poderia ter tido mais calma nas tomadas de decisão diante de todo o espaço que seu adversário concedeu quando se lançou ao ataque nos minutos finais. Faltou aquele jogador para prender a bola e distribuir passes em profundidade. Mesmo com todo o desgaste físico da partida.

Certo é que o nível exigido na fase de grupos da Liga dos Campeões será muito mais alto e que o Benfica vai precisar de reforços para encarar esse novo desafio. E nesse ponto, os 37 milhões de euros de premiação serão muito úteis para que Jorge Jesus possa correr atrás dos jogadores certos para cada setor. Ainda que o sorteio da próxima quinta-feira (26) coloque o escrete lisboeta num gurpo mais forte. Já passou da hora do “Mister” mostrar a que veio nesse retorno ao Benfica.

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