Relação com Renato, saída de Grohe e coletiva “histórica” de Kannemann: um papo com JP Fontoura, autor de “Jornalismo e Vestiário”
João Paulo Fontoura foi assessor do Grêmio por mais de uma década tendo convivido com grandes nomes da história do clube; na entrevista, temas como Renato, Grohe e Kannemann
Foto: Reprodução/Instagram
Desligado do cargo de assessor de imprensa do Grêmio no começo de 2020, João Paulo Fontoura é o autor do livro “Jornalismo e Vestiário: histórias e bastidores contados por um assessor de imprensa” (saiba como comprar aqui) trazendo detalhes e passagens vividas com grandes nomes recentes do clube como Renato Portaluppi, Marcelo Grohe e mais. Ao Torcedores, JP, como era carinhosamente chamado pelos próprios atletas, abordou com mais ênfase alguns dos capítulos que também são tratados na obra.
A relação com o técnico Renato Portaluppi, com quem conviveu nas três passagens do treinador pelo clube, era e segue sendo “espetacular”, segundo o jornalista. O mesmo também vale para o goleiro Marcelo Grohe, com quem mantém contato até hoje – aliás, sobre o arqueiro, Fontoura detalha que jamais ouviu de sua própria boca o desejo de sair do Grêmio, indicando que era possível a sua permanência para 2019 caso houvesse uma contraproposta da direção em cima do que ofereceu o Al-Ittihad, da Arábia Saudita.
À reportagem, JP admitiu ter se sentido representado e até se emocionado com a famosa e, segundo ele, “histórica” entrevista coletiva de Kannemann no início de 2020 (relembre aqui), quando o argentino se disse “com raiva” da decisão do clube de demitir funcionários “que davam a vida pelo Grêmio”, dentre eles o próprio assessor de imprensa. Na época, outros nomes como o preparador de goleiros Rogério Godoy e o preparador físico Rogério Dias também tiveram seus cargos interrompidos.
Relação com Renato Portaluppi
“Minha relação com o Renato era e ainda é espetacular. Ele sempre foi atencioso com a assessoria e sempre soube para quem dar confiança e eu era uma dessas pessoas. Várias vezes tivemos posições diferentes e nunca deixei de respeitar o comando dele ou de qualquer outro treinador. Pela proximidade que se desenvolveu durante as três passagens dele – mais especificamente a última – e por me considerar mais rodado no clube, o alertei de algumas coisas que não era em prol do Grêmio e por isso tenho minha consciência muito tranquila”
Marcelo Grohe
“Minha relação com o Marcelo ainda é extraordinária. Neste final de semana ainda trocamos mensagem depois de uma postagem minha no Instagram entregando o livro à família dele aqui em Porto Alegre. Conforme descrevo no livro, quando tomei conhecimento da proposta árabe por ele, achei estranho. Não eram números altos e ele tinha mais dois anos de contrato a cumprir, sequer podendo lançar mão de uma hipotética pressão diante da possibilidade do clube não lucrar com a venda. É bom o torcedor recordar que naquele momento não havia executivo no futebol e os dirigentes políticos com quem conservo a amizade até hoje estavam em período de recesso. Quem conduziu a negociação foi o CEO do clube Carlos Amodeo. Conforme o relato das pessoas que conversei na época, não houve nenhuma manifestação por parte dele ou movimento indicando a vontade de não perder o ídolo da torcida. Tenho para mim que ao Renato e à direção foi contada uma história diferente da que de fato se desenrolava. Lembremos que não demorou muito para o anúncio do também goleiro Júlio Cesar, um atleta mais barato e que dos dois anos que esteve no clube, atuou apenas no primeiro, pois no segundo a direção buscou o Vanderlei. Na escrita do livro questionei o presidente sobre esse episódio e antes de responder, ele fez questão de afirmar que não lembrava quem havia sido o responsável pela condução das negociações com o Marcelo Grohe”
Entrevista de Kannemann em 2020
“Sem dúvida alguma me senti representado. Horas antes da minha demissão eu estava jantando com o gringo e com o Geromel, a convite do então capitão, justamente para darmos apoio a um dos quatro colegas que havia sido demitido uma semana antes. Conto detalhes desse encontro no livro e quando ouvi a entrevista – a meu juízo histórica – não tive como não me emocionar. Horas depois do mandatário máximo do clube, em uma coletiva, tentar contemporizar um movimento de demissões com explicações vazias, foi duramente afrontado por um funcionário, este sim, ídolo da torcida. Tanto se mostraram vazias as explicações que de lá para cá, praticamente todos os setores trocados naquele instante sofreram novas alterações – alguns mais de uma”
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