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Família Kindermann anuncia encerramento de atividades com futebol feminino

Membros da família se pronunciaram pela primeira vez após a morte de Salézio Kindermann, presidente e fundador do clube, em maio deste ano.

Joana Berwanger
Jornalista e fotógrafa • Escrevo sobre futebol gaúcho, principalmente sobre o Sport Club Internacional, futebol feminino e a luta pela democratização do esporte. Volta e meia, também dou meus pulos por games e outras modalidades.
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Após 46 anos dedicados ao futebol, sendo 13 destes ao futebol feminino, a família Kindermann anunciou o encerramento das atividades com o futebol feminino nesta quarta-feira (17). Em entrevista exclusiva para a jornalista Andrielli Zambonin, do portal SCC10, a família, que gerencia a equipe “Avaí Kindermann”, se pronunciou sobre o futuro do time pela primeira vez, após o falecimento do presidente e fundador do time aos 77 anos, Salézio Kindermann, em maio deste ano.

Todas as 18 jogadoras que atuavam pelo clube foram desligadas, de acordo com Daniel e Valéria Kindermann, genro e filha de Salézio. As leoas, como eram chamadas, tinham carteira de trabalho assinada, sendo dispensadas com baixa e com os direitos previstos em lei pagos. A comissão técnica, que acompanhava o elenco, também passou pelos mesmos trâmites.

– Tomamos essa decisão com a alma, coração e consciência limpa, sabendo que fizemos o que foi possível para que o time chegasse até aqui e concluísse o calendário de competições previstas para 2021. Sabemos do carinho que muitos brasileiros têm pelo Kindermann Futebol Feminino, o quanto essa história e esse legado merecem respeito – disseram Daniel e Valéria.

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No último dia 12 de novembro, o clube foi eliminado da Copa Libertadores Feminina de 2021 para o Santa Fe, da Colômbia, em decisão pelos pênaltis. Apesar da desclassificação nas quartas de final, o clube encerrou sua primeira participação na competição em quinto lugar.

– Esse era o sonho do Salézio Kindermann. O futebol ocupava 100% do tempo dele, ele tinha dedicação exclusiva a isso, entendia e amava esse mundo. Em respeito ao legado dele, nós como família e as atletas que permaneceram até aqui, fechamos este ciclo com a participação na Libertadores, onde encerramos como a 5ª melhor equipe. O legado nunca será apagado, mas a era Kindermann futebol, mantida pela nossa família, encerra aqui – completaram Daniel e Valéria.

 

A pandemia como agravante

A morte de Salézio Kindermann, em decorrência da COVID-19, foi um dos pontos que mais afetou as estruturas de gerenciamento de futebol da família Kindermann. Salézio tesoureiro, secretário, recursos humanos, marketing, vendas, logística e outras posições que pudesse ocupar nos clubes que gerenciava, fosse o Avaí Kindermann ou o Napoli – campeão brasileiro da série A2 de 2020.

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Salézio contraiu a doença no começo de abril, durante a preparação Campeonato Brasileiro, o qual disputaria tanto com Avaí Kindermann quanto com Napoli. Apesar de já ter tomado a primeira dose da vacina contra a doença, o presidente e fundador da Associação Esportiva Kindermann acabou sendo internado três dias depois, em estado gravíssimo. Salézio chegou a apresentar certa melhora, mas, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória, seu quadro piorou novamente. Em 15 de maio, acabou falecendo.

Para trás, ficaram dois times, assim como 65 funcionários e o custo mensal de 270 mil reais para financiar as equipes. O abalo da morte de Salézio afetou não só a família, mas as jogadoras e as comissões técnicas dos clubes. Apesar disso, os Kindermann se organizaram para que a temporada não fosse encerrada bruscamente, e os clubes pudessem finalizar suas participações.

– Do dia para a noite, apesar de não ser nossa obrigação continuar com tudo isso, nos viramos do zero para organizar e entender como tudo funcionava. Demos o nosso melhor para que a equipe não se encerrasse no meio de uma competição e cumprisse o seu calendário de disputas. Fizemos isso não por ser nossa obrigação, porque esse era compromisso do Salézio, mas fizemos para honrar o nome e o legado dele. Demos o nosso melhor e chegou a hora de encerrar – explicaram Daniel e Valéria.

Logo após ser eliminado no Campeonato Brasileiro A-1, a equipe do Napoli encerrou suas atividades. O time foi devolvido à Associação Esportiva Napoli, que deve avaliar um possível futuro do futebol feminino, depois de cumprirem as eleições para um novo presidente.

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Um futuro de incertezas

O encerramento das atividades do Kindermann não afeta somente o clube que era gerenciado por Salézio Kindermann, mas também o Avaí. Desde 2019, os dois clubes formaram uma parceria em que o Avaí pagaria um valor mensal de 50 mil reais e, assim, o Kindermann passaria a usar o nome do clube em conjunto e o escudo lado a lado.

Apesar disso, todas as vagas que o clube fundido conquistasse, estariam no CNPJ do Kindermann. Dessa forma, o Avaí não teria acesso a nenhuma destas vagas se não atuasse junto com o outro clube. Com eleições presidenciais em dezembro, é possível que o Avaí assuma o time feminino, mas isso depende do resultado do processo eleitoral.

– Quem tem preferência em ficar com o time é o Avaí. Mas estamos abertos a negociações caso alguém queira investir ou comprar a equipe. A equipe vem com o peso e o respeito já conquistados, também a vaga na primeira divisão e todas as contas em dia. Vamos entregar um time fechadinho, tabelado e pronto para ser tocado. Mas vamos avaliar se a pessoa que for assumir tem responsabilidade para honrar toda a história até aqui – explicou a família.

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O nome“Kindermann”, no entanto, não deve seguir sendo usado pelos próximos donos do clube. Isso porque se trata do sobrenome da família, que prefere não fazer utilização, salve em situações legais.

Ainda, caso outra pessoa assuma o clube, apesar de ter um time com vagas e sem contas, também não terá atletas no elenco. Cerca de 90% das jogadoras do Kindermann já passam por processos de negociação com outras equipes do Brasil. A comissão técnica, no entanto, segue à disposição.

– Se o Avaí não assumir, se mais ninguém quiser fazer a gestão e bancar a equipe, vamos enviar uma carta a CBF abrindo mão das nossas vagas e dar seguimento aos tramites legais e burocráticos – finalizou a família.

 

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Confira a entrevista completa aqui.

 

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