Home Futebol Avaí/Kindermann luta até o último instante, mas equipe peca nos pequenos detalhes e está fora da Libertadores Feminina

Avaí/Kindermann luta até o último instante, mas equipe peca nos pequenos detalhes e está fora da Libertadores Feminina

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Rodolfo Segundo e a atuação das Caçadoras na partida contra o Santa Fe

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Ainda é meio complicado encontrar as palavras certas para analisar o jogo desta sexta-feira (12). O que é certo é que o Avaí/Kindermann lutou demais. Mesmo diante de todas as dificuldades dentro e fora de campo, as Caçadoras fizeram campanha extremamente honrosa nessa Libertadores Feminina e saem da competição de cabeça erguida e com a certeza de que tinham plenas condições de chegarem ainda mais longe. No entanto, a eliminação diante do bem organizado Santa Fe de Joemar Guarecuco acabou acontecendo nos pequenos detalhes. Faltou concentração e também um pouco de controle dos nervos durante os noventa (e poucos) minutos de partida no Arsenio Erico (principalmente nos contra-ataques concedidos pelo escrete colombiano) e na decisão por pênaltis. Bárbara, Bárbara Melo, Tuani, Cássia (a melhor em campo na opinião deste que escreve) e todas as jogadoras do Avaí/Kindermann (muito bem montado por Rodolfo Segundo) saem da Libertadores Feminina de cabeça erguida e merecem nosso respeito.

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É verdade que o primeiro tempo da partida no Arsenio Erico foi marcado por um jogo truncado e sem muitas chances claras de gol para os dois lados. Avaí/Kindermann e Santa Fe se estudavam constantemente e pareciam receosos de darem o “próximo passo”, isto é, arriscar mais um pouco no campo ofensivo. As Caçadoras só conseguiam chegar na área adversária na base das bolas levantadas na área e das jogadas em velocidade pelo lado direito, onde Bárbara Melo encontrava certo espaço, mas nada de muito extraordinário. Rodolfo Segundo apostou num 4-1-4-1 que se transformava num 5-4-1 em determinados momentos com o recuo de uma das pontas (Cássia ou Katy) para fechar o corredor e conter as investidas de Guarecuco, Chacon e Celis às costas da última linha. Na prática, o que se via era um jogo muito mais de imposição física do que de toques rápidos, ponto que explica muito bem o placar zerado na primeira etapa. Estava bem claro que faltava ousadia e um pouco mais de intensidade dos dois lados.

Rodolfo Segundo apostou num 4-1-4-1 com Zóio na proteção da zaga, Patrícia e Camila saindo para dar o combate e Cássia e Caty fechando os lados do campo. Embora organizado na defesa, o Avaí/Kindermann ameaçou pouco o gol de Katherine Tapia nos primeiros 45 minutos da partida em Assunção. Foto: Reprodução / Facebook / Conmebol Libertadores

O Santa Fe voltou do intervalo mantendo a marcação mais alta e empurrando o Avaí/Kindermann para trás. Só que foram as Caçadoras quem abriram o placar aos nove minutos da segunda etapa, com Lelê aproveitando rebote de Tapia em chute de Cássia. Vale destacar que a jogada nasceu de um dos primeiros contra-ataques bem encaixados pelo escrete de Rodolfo Segundo em toda a partida. Albeiro Erazo, por sua vez, já havia percebeu que sua equipe precisava de mais habilidade e agressividade nas transições ofensiva. Já com Kena Romero e Gisela Robredo em campo, o Santa Fe abandonou o 4-3-3 inicial e apostou num 3-4-1-2 de muita movimentação e que dava liberdade para Guarecuco circular por todo o campo como uma espécie de “enganche”. A equipe do Avaí/Kindermann demorou demais para assimilar a mudança tática das suas adversárias e acabou não encontrando mais tanto espaço para criar suas jogadas. Difícil não perceber também que o trio ofensivo acabou mais isolado do restante da equipe.

Após o intervalo, Albeiro Erazo arrumou o Santa Fe num 3-4-1-2 que povoava o meio-campo e tirava o espaço que o Avaí/Kindermann precisava para encaixar as jogadas de ataque. Aos poucos, o escrete colombiano foi empurrando a equipe brasileira para trás e pressionando bastante a saída de bola das Caçadoras. Foto: Reprodução / Facebook / Conmebol Libertadores

O Santa Fe conseguiu virar o jogo em apenas três minutos. Salazar empatou em cobrança de falta digna de manual e Fany Gauto fez o segundo praticamente no lance seguinte, convertendo pênalti cometido pela zagueira Carla. Todo o cenário estava claramente favorável à equipe comandada por Albeiro Erazo. Primeiro por conta da virada conquistada em tão pouco tempo. E depois, pelas dificuldades que as Caçadoras ainda encontravam para sair do seu campo. Só que Rodolfo Segundo respondeu com a entrada de Vilma no meio-campo (e abandonando o 4-3-3 para apostar num 4-2-3-1 que lembrava um 4-2-4 em alguns momentos). A camisa 8 encontrou Cássia atacando o espaço às costas da última linha de defesa do Santa Fe, avançou e deslocou Tapia com um leve toque e marcou o gol de empate. O Avaí/Kindermann reagia rápido e voltava para o jogo na base da aplicação tática, da vontade e com um espírito de luta louvável no Arsenio Erico. Mesmo assim, a vaga nas semifinais da Libertadores Feminina seria decidida nas penalidades.

O Avaí/Kindermann sofreu a virada do Santa Fe em poucos minutos, mas encontrou forças para reagir com Vilma encontrando Cássia atacando o espaço às costas da última linha de defesa adversária. O contra-ataque das Caçadoras funcionou e a camisa 18 só teve o trabalho de deslocar Tapia com um leve toque. Foto: Reprodução / Facebook / Conmebol Libertadores

Cássia, Zóio e Geovana desperdiçaram as cobranças das Caçadoras e viram o Santa Fe comemorar a passagem para a fase seguinte da competição sul-americana. Nada disso, no entanto, é motivo para se envergonhar ou lamentar. Todo o espírito de luta da equipe comandada por Rodolfo Segundo deve ser celebrado. Ainda mais quando eu e você temos noção de todas as dificuldades que a equipe catarinense vem passando nesses últimos meses por conta de uma série de problemas. Até mesmo a continuidade do projeto em Caçador está em xeque. É por isso que Bárbara, Tuani, Zóio, Cássia, Bárbara Melo, Camila, Caty, Lelê, Vilma, todas as jogadoras e toda a comissão técnica merecem nosso respeito, nosso abraço e nosso apoio nesses próximos meses. Não é barato manter uma equipe de futebol feminino que já chegou longe tantas vezes nessas últimas temporadas. O Santa Fe fez por merecer a classificação por conta da eficiência nas penalidades. Mas isso não tira os méritos e nem diminui a atuação do Avaí/Kindermann.

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Este que escreve só deseja que o projeto belíssimo em Caçador tenha continuidade e que todas as jogadoras continuem jogando o futebol que tanto amam. É compreensível que a eliminação na Libertadores Feminina (ainda que tenha acontecido nos detalhes) deixa o futuro bastante nebuloso. Só que é praticamente impossível imaginar o futebol feminino no Brasil sem a presença do simpático e aguerrido Avaí/Kindermann. Ainda mais sabendo de tudo que a equipe fez pela modalidade nesses últimos anos. O projeto tem que continuar.

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