Home Outros Esportes Opinião: Patrick Mahomes e Josh Allen desafiam a realidade na montanha-russa da NFL

Opinião: Patrick Mahomes e Josh Allen desafiam a realidade na montanha-russa da NFL

Chiefs e Bills entregam um dos melhores jogos da história da NFL

Paulo Foles
Jornalista, amante da escrita e apaixonado por esportes. Falo sobre futebol internacional, nacional e esportes americanos, principalmente NFL e NBA. Santista e apreciador do bom futebol. Twitter: @PaulFoles

Arrowhead Stadium com uma atmosfera que já é comum em dias de playoffs em Kansas: torcida inflamada, fogos de artifício, céu radiante e muito frio. A energia é contagiante. Por outro lado, Buffalo, ainda sangrando pela temporada passada, busca uma revanche e a redenção derradeira. Voltar ao Super Bowl depois de quase duas décadas é o grande sonho, mas pelo caminho há o mais temível rival.

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Um comandante que emana brilhantismo de cada lado. Cada um do seu jeito, Patrick Mahomes e Josh Allen têm olhares focados, como um leão em busca de sua caça. Na expressão de ambos é possível observar o desejo de apenas vencer. Nasce uma rivalidade histórica.

É inegável que o clima é quente, apesar do frio intenso.

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O primeiro tiro vem do potente braço de Josh Allen, que é como um tanque de guerra preparado para machucar o adversário de diversas formas. O ensurdecedor silêncio no Arrowhead diz muita coisa: o golpe foi sentido. Já é possível dizer que será uma longa noite. E histórica. 7 a 0.

Para vencer não basta só talento – vide Aaron Rodgers. Mahomes, com improviso e garra para correr quando preciso, avança o campo com a bravura de quem já colocou um anel no dedo. Ele não teme terceiras longas e sempre acha uma maneira de conseguir ir adiante. Não importa como, ele não aceita desistir de uma jogada. A expressão facial apresenta a nítida vontade de não decepcionar quem tanto confia em suas magias. 7 a 7.

Ainda estão com cinto de segurança? A aventura dessa montanha-russa só está começando. Na verdade está com velocidade reduzida comparado ao que virá daqui para frente.

Em movimento, lançando sem espaços e sendo auxiliado pelas tropas terrestres, o camisa 15 de Kansas avança mais uma vez na reta final da etapa inicial para dar mais um golpe, o da virada. Na red zone, ele gira, recebe grande pressão e consegue achar um passe digno de seu talento. Jogada tão bizarra de complicada, mas que nossos olhos já estão acostumados a ver que parece fácil. Fácil só para não humanos. 14 a 7.

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Pouco tempo no relógio antes do término do primeiro tempo? Me dê uma posse que eu faço chover. Josh Allen novamente esfriou gradativamente os torcedores presentes no Arrowhead. Querer vencer é passar por cima das circunstâncias, seja questões de tempo ou espaço. 14 a 14.

Quem manda na minha casa sou eu. Destemido, convertendo até uma quarta descida, os Chiefs voltaram com um devastador instinto predador, com sangue nos olhos. Um field goal, a defesa forçando um rápido punt e um touchdown. Kansas abre 23 a 14 na reta final do terceiro quarto. Será que é hora de encaminhar a vitória e vencer com facilidade assim como nos playoffs passado?

Cuidado.

Josh Allen na sideline se levanta. Coragem. Duas posses de bola de desvantagem contra Mahomes com o estádio pegando fogo. O barulho do Arrowhead é devastador. É como o inferno para os visitantes. Isso poderia ser um grande problema para qualquer outro quarterback, não para Allen.

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Rapidamente ele responde com um tiro que atravessa o campo de batalha. O potente braço do QB dos Bills acha Gabriel Davis em profunidade queimando a confusa secundária dos Chiefs. Um golpe certeiro e imediato para deixar tudo em aberto para o quarto derradeiro. 23 a 21.

Eu tenho pena de quem não viveu o que vem a seguir. Todos que viram com os próprios olhos entraram em um novo universo, onde todos os sentimentos estiveram em conflito.

Com o jogo 26 a 21 depois de um field goal de Kansas, Josh Allen começa um dos maiores tiroteios já vistos na história da NFL, quiçá o maior. Uma sequência insana de talento e adrenalina. É como um roteiro de Hollywood de um filme de ação, onde há cenas que parecem fugir da realidade de tão exageradas. É como Velozes e Furiosos, em que a emoção imposta atravessa a quarta parede.

Allen não só atravessa o campo, como gasta parte do tempo. É uma mistura de golpes curtos e ataques pelo chão. A defesa até tenta reagir, mas é improvável pará-lo com tanta obsessão pela vitória. O que era óbvio se concretiza: touchdown. Isso acontece em uma quarta descida para 13 jardas. Vencer é passar por cima das adversidades. 29 a 26 Buffalo.

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Dois minutos restantes no relógio que mais parece uma eternidade. O tempo se confunde e já não é tão real a partir daqui. Esqueça o que você conhece sobre a realidade. Rapidamente Mahomes acha Tyreek Hill no meio do campo, que corre, ou melhor, flutua e levita até a end zone. Uma nova virada que parecia ser o fim de temporada para os Bills. 33 a 29.

Não há fim enquanto há tempo. Desistir não é uma escolha. Nesse momento os dois quarterbacks pareciam ter alcançado a perfeição. Tudo que passa pelas mãos deles se torna em dádiva. Os deuses do futebol americano abençoaram os jovens talentos. Eles tocaram os altos céus e se imortalizaram na história.

Allen, em modo semideus, acha um passe entre os safeties de Kansas para virar o jogo faltando 13 segundos. Uma campanha mágica que ofusca o imponderável. 36 a 33.

Lembra que o tempo já não faz mais parte da realidade? Pois é, 13 segundos é tempo o suficiente para tudo mudar. Até menos seria. Mahomes consegue colocar Harrison Butker em condições de dar o tiro derradeiro do tempo normal. A prorrogação é questão de destino.

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Depois de alcançar a perfeição, o último golpe seria de quem tivesse a última bola. Entre tantas emoções, a NFL não parece muito justa nesse momento. Mas Mahomes já deixou de ir ao Super Bowl, na temporada 2018, por conta dessa regra do jogo. Todos sabiam que ele não iria falhar em atravessar o campo mais uma vez. O golpe final é um passe certeiro para Travis Kelce. 42 a 36.

O Arrowhead explode.

Mahomes interrompe parte da comemoração, atravessa o campo e cumprimenta Josh Allen em um ato de: “Fizemos história”. Depois de uma insana guerra resta o respeito por quem alcançou a perfeição junto a ti. Eles ultrapassaram todas as barreiras para alcançar a história.

Quem contemplou este embate com os próprios olhos, jamais se esquecerá das imensas sensações. É como estar em uma gigantesca montanha-russa, onde diversos sentimentos se alternam entre a realidade e a fantasia. E que bom que esse Kansas City Chiefs x Buffalo Bills foi real… Tão real que jamais sairá de nossas memórias.

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Obrigado, futebol americano. Obrigado, NFL!!!

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