Home Futebol Nem mesmo o “ônibus” estacionado na frente da área do Villarreal foi capaz de frear o ímpeto insano do Liverpool

Nem mesmo o “ônibus” estacionado na frente da área do Villarreal foi capaz de frear o ímpeto insano do Liverpool

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das equipes de Jürgen Klopp e Unai Emery na partida disputada em Anfield Road

Por Luiz Ferreira em 27/04/2022 23:43 - Atualizado há 2 anos

Reprodução / Twitter / Liverpool FC

O futebol é forjado no mais puro caos e desordem. Um lance, uma decisão errada, uma hesitação por um décimo de segundo que seja pode influenciar todo o andamento de uma partida. É por isso que o velho e rude esporte bretão é cada vez mais estudado e cada vez mais analisado numa tentativa de se controlar mais o jogo com posse de bola e forte pressão no adversário. O que eu e você vimos nesta quarta-feira (27), em Anfield Road, foi o domínio completo do Liverpool sobre um organizado e aplicado Villarreal. Ainda que o time de Unai Emery tenha “estacionado um ônibus” na frente da área do goleiro Rulli, o escrete de Jürgen Klopp conseguiu superar essa retranca muita intensidade e com um ímpeto ofensivo quase insano. A vitória por 2 a 0 foi mais do que justa. É possível dizer até que o Villarreal saiu no lucro.

É bom que se diga que os jogadores e toda a comissão técnica do Liverpool pregavam muito respeito para com o “Submarino Amarelo”. Não somente pela organização defensiva quase perfeita e pelas atuações sólidas nessa Liga dos Campeões da UEFA, mas pela capacidade de surpreender até mesmo gigantes do futebol europeu como a Juventus e o Bayern de Munique. A vitória por 3 a 0 sobre “La Vecchia Signora” em Turim e o empate arrancado no final da partida na Allianz Arena falam por si só. Fora isso, o contra-ataque mortal do time de Unai Emery (um dos treinadores mais subestimados da Europa nos últimos anos) fez várias e várias vítimas ao longo de toda essa Liga dos Campeões. É por isso que os Reds adotavam um discurso mais pé no chão.

Há quem veja nessa postura uma mera formalidade por parte de Jürgen Klopp e seus jogadores. Mas os feitos do Villarreal merecem reconhecimento. Até pouco tempo, o time de Unai Emery, Pau Torres, Chukwueze, Parejo e companhia nem aparecia entre os melhores da Espanha. Era como se fosse uma espécie de “quinta força” do país, atrás de Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid e Valencia. Hoje, além de ser o atual campeão da Liga Europa (vencendo o poderoso Manchester United numa final emocionante), o escrete espanhol pode sim ser considerado um modelo de gestão no Velho Continente no meio de tantos clubes milionários. Na prática, o Villarreal é a prova de que se pode produzir grandes equipes com trabalho sério e sem gastar tanto.

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Sobre o confronto desta quarta-feira (27), no entanto, o Liverpool foi sim amplamente superior em todos os aspectos. Muito por conta da absurda entrega física e mental do escrete comandado por Jürgen Klopp. Tudo a serviço da técnica e do trabalho tático elaborado pela comissão técnica e com o claro objetivo de encontrar espaços no organizado e compactado 4-4-2 de Unai Emery dentro de um Anfield Road tomado pelos torcedores. Era como se o Villarreal criasse uma espécie de “teia de aranha” na frente da área para encaixotar Mané, Salah e Luis Díaz. Não foi por acaso que os Reds só conseguiram pisar na área do goleiro Rulli a partir do momento em que a equipe inglesa começou a fazer as viradas de jogo em alta velocidade. Thigo Alcântara recuava, Henderson avançava e os laterais davam apoio por dentro.

O Villarreal montou um verdadeiro ferrolho na frente da sua área para tirar o espaço de circulação do trio ofensivo do Liverpool. A solução encontrada foram as viradas de jogo com lançamentos às costas dos laterais. Foto: Reprodução / YouTube / TNT Sports Brasil

É interessante notar que o Liverpool não diminuiu o volume de jogo ou “tirou o pé do acelerador” em nenhum momento. Essa postura e os lançamentos às costas dos laterais Foyth e Estupiñán obrigaram o técnico Unai Emery a reforçar ainda mais o sistema defensivo com o recuo dos “pontas” Lo Celso e Coquelin para a última linha de defesa do “Submarino Amarelo”. Na prática, o 4-4-2 se transformava num 6-2-2 (o tal “ônibus estacionado” na frente da área do Villarreal). Do outro lado, os Reds aproveitavam que seus adversários jogavam extremamente recuados para adiantar ainda mais as linhas e atacar com até sete jogadores. Mané, Luis Díaz e Salah se juntavam aos laterais Alexander-Arnold e Robertson, Henderson infiltrava, Fabinho dava apoio e Thiago Alcântara distribuía o jogo com a qualidade de sempre.

Lo Celso e Coquelin recuavam para formar uma linha com até seis defensores na frente da área do Villarreal. O Liverpool, por sua vez, adiantava seus jogadores e criava superioridade numérica na intermediária ofensiva. Foto: Reprodução / YouTube / TNT Sports Brasil

O empate sem gols no primeiro tempo não deixou de ser um prêmio para a aplicação tática dos comandados de Unai Emery. No entanto, nem tudo pode ser controlado. Este colunista lembrou no primeiro parágrafo que o futebol não se deixa controlar por nada nesse mundo. Esse ponto explica o gol contra de Estupiñán aos sete minutos do segundo tempo. Bastou um deslize, um detalhe fora do script para que o Villarreal se desmanchasse. Tanto que o Liverpool balançou as redes pela segunda vez em jogada que começou com Alexander-Arnold jogando mais por dentro. Este encontrou Salah no meio dos jogadores do “Submarino Amarelo” e esperou o momento certo para fazer o passe que encontrou Sadio Mané no espaço entre Pau Torres e Estupiñán. Os Reds superavam o “ônibus estacionado” na base da intensidade e da persistência.

Salah recebe de Alexander-Arnold pelo meio e espera o momento certo para fazer o passe que encontrou Sadio Mané atacando o espaço entre Estupiñán e Pau Torres. Todo o lance do segundo gol teve a “cara” do Liverpool de Jürgen Klopp. Foto: Reprodução / YouTube / TNT Sports Brasil

É muito difícil crer numa recuperação do Villarreal na partida de volta diante do que se viu em campo nesta quarta-feira (27). Nem tanto por uma suposta incapacidade do time de Unai Emry de buscar o resultado dentro de casa, mas pelo volume de jogo insano do Liverpool e pela forma como a equipe da terra dos Beatles se comporta em todas as partidas. O escrete comandado por Jürgen Klopp conseguiu superar uma das equipes mais organizadas e mais sólidas dessa edição da Liga dos Campeões e criou chances suficientes para liquidar o confronto no Anfield Road. Vale sim destacar a grande atuação coletiva do “Submarino Amarelo” num cenário completamente favorável ao seu forte adversário. Não somente pela torcida e pelo clima no estádio, mas pela postura adotada pelo Liverpool em todos os confrontos da equipe inglesa.

Isso porque existe uma filosofia de jogo, um padrão muito bem assimilado pelos jogadores e muito bem executado em campo. Os Reds vêm quebrando certos “dogmas” do futebol com uma certa frequência nesses últimos anos. É bem possível que nos lembremos do Liverpool de Jürgen Klopp do mesmo modo que nos lembramos de outras equipes lendárias daqui a algumas décadas. Salah, Mané, Thiago Alcântara, Fabinho, Alisson, Alexander-Arnold, todos eles já têm seus lugares marcados na histórica do clube. Sem exagero.

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