Home Futebol Movimentação, visão de jogo, intensidade e gols: esse é o Neymar que a gente quer ver em campo

Movimentação, visão de jogo, intensidade e gols: esse é o Neymar que a gente quer ver em campo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do camisa 10 do Paris Saint-Germain na vitória sobre o Olympique de Marselha

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É muito difícil encontrar hoje um jogador de futebol que chame tanto a atenção como Neymar. A grande questão é que isso nem sempre acontece pelos motivos certos, já que o próprio camisa 10 da Seleção Brasileira e do Paris Saint-Germain busca esse tipo de situação com suas atitudes fora de campo. Dentro dele, no entanto, ele segue genial. Sua atuação na vitória do PSG sobre o Olympique de Marselha não só deixou o escrete parisiense a uma vitória do título francês como fez como que eu e você nos lembrássemos daquele Neymar voluntarioso e muito mais preocupado em jogar para o time do que em monopolizar os holofotes. O brasileiro distribuiu passes, se movimentou, marcou e ainda deixou sua marca na boa vitória por 2 a 1 sobre o time de Jorge Sampaoli. Esse é o Neymar que o povo quer ver jogando.

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A empolgação com o futebol do brasileiro no jogo disputado neste domingo (17) tem suas justificativas. O PSG vinha de uma eliminação bastante doída na Liga dos Campeões da UEFA para o Real Madrid e as críticas sobre a postura do time comandado por Mauricio Pochettino ganharam força diante da falta de encaixe do trio ofensivo (dos sonhos) formado por Messi, Mbappé e o próprio Neymar. Fora isso, as acusações de que o camisa 10 estaria chegando aos treinamentos em “estado lastimável” também ecoaram na imprensa esportiva de todo o mundo e levantaram várias dúvidas sobre seu futuro no futebol. Neymar é uma estrela, sem qualquer dúvida. Mas também é um jogador de futebol que precisa exercer sua função.

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É por isso que sua atuação na vitória sobre o Olympique de Marselha deve sim ser comemorada. Ao invés do jogador que baixava a cabeça e que queria os holofotes para si, vimos um atacante ligado em todas as ações da partida e que buscava a todo momento o espaço vazio para levar seu PSG ao ataque contra um Olympique de Marselha que tentou competir povoando o meio-campo e fechando a entrada da área com uma linha de cinco jogadores. Tudo para frear Messi, Mbappé e Neymar e ir ganhando tempo e terreno para encaixar os contra-ataques com Payet, Ünder e Gerson (que jogou como ponta pela esquerda). O grande problema do time de Sampaoli, é que é muito difícil segurar o PSG quando o trio ofensivo está num dia bom.

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Neymar começou a partida jogando pelo lado esquerdo no 4-3-3 costumeiro de Mauricio Pochettino. Ao invés de se manter preso no setor, o camisa 10 circulava por todo o setor ofensivo dividindo as responsabilidades na criação das jogadas com Messi, acionando Mbappé com passes em profundidade e aparecendo dentro da área como autêntico ponta de lança que é sempre que era possível. Exatamente como no lance do gol marcado por ele mesmo aos 11 minutos do primeiro tempo. Nesse ponto, é preciso dizer que Pochettino acertou em cheio ao posicionar Verratti como uma espécie de “regista” na frente da zaga. Com Idrissa Gueye e Danilo Pereira vigiando as subidas de Guendouzi, Papa Gueye e tirando o espaço de circulação de Payet por dentro, o PSG conseguiu se impor e controlar as ações sem muitos problemas.

Neymar não se manteve preso do lado esquerdo. Circulou por todo o campo, distribuiu passes e ainda apareceu na área como ponta de lança dos velhos tempos. Todo o lance do gol do camisa 10 teve muito dessa movimentação. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

É verdade que o Paris Saint-Germain ainda sofre muito com a falta combatividade do seu trio ofensivo. Tanto que não é por acaso que Mauricio Pochettino tenta compensar esse problema com linhas mais adiantadas e a diminuição do espaço que seus adversários têm para trabalhar a bola no meio-campo. O raciocínio é simples: com a última linha mais próxima do ataque, a distância que tem que ser percorrida é menor. É exatamente por isso que Verratti tinha tanta facilidade para encontrar Mbappé e Neymar se lançando nas costas da zaga do Olympique a todo momento. Fora isso, Messi também aparecia no espaço que o brasileiro abria no seu setor com seu deslocamento para mais próximo da trica de volantes. Na prática, o camisa 10 assumia de fato a função de grande criador de jogadas do Paris Saint-Germain.

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Caleta-Car empatou a partida ainda no primeiro tempo (em mais uma falha do goleiro Donnarumma) e Mbappé fez recolocou o PSG em vantagem no final da primeira etapa cobrando penalidade marcada após consulta ao VAR. O segundo tempo, no entanto, nos mostrou um Olympique de Marselha mais insinuante e mais presente no campo de ataque. Principalmente depois que Jorge Sampaoli mexeu na sua equipe. Faltou, no entanto, mais intensidade para furar a bem posicionada dupla de zaga formada por Marquinhos e Kimpembe. Mais à frente, Neymar seguia fazendo sua parte segurando a bola e chamando a marcação do adversário para abrir espaços para os companheiros de equipe. Não foram poucas as vezes em que o camisa 10 chegou a jogar como referência móvel e se transformou num verdadeiro garçom. Ótima atuação.

Neymar segura a bola na frente e espera a passagem de Hakimi, Messi e Mbappé às costas da última linha do Olympique de Marselha. O camisa 10 foi importantíssimo no segundo tempo e ajudou o PSG a administrar a vantagem. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

É verdade que o “velho Neymar” se fez presente no Parque dos Príncipes logo depois de levar um cartão amarelo por falta em Guendouzi. Ainda que o camisa 10 venha se destacando num momento bastante conturbado para a equipe parisiense, nada justifica tal destempero e falta de controle dos nervos. É o tipo de comportamento que mais preocupa na disputa da Copa do Mundo. Ainda mais diante da certeza de que o brasileiro será CAÇADO em campo. Mesmo assim, ver Neymar em forma e participando de todas as jogadas ofensivas do Paris Saint-Germain deixa sim uma sensação boa com relação ao futuro. Por mais que o resultado do jogo deste domingo (17) não signifique muita coisa, ele vale demais para todo o escrete parisiense. Principalmente depois de tudo que aconteceu depois da derrota para o Real Madrid.

Contando o jogo contra o Chile (pelas Eliminatórias da Copa do Mundo), Neymar marcou sete gols nas últimas quatro partidas e colecionou boas atuações como a desse domingo (17) contra o Olympique de Marselha. Números que poderiam ser ainda melhores se o brasileiro não tivesse tantos problemas com lesões e se distanciasse das polêmicas fora de campo. Apesar de todos os problemas e todas as críticas, Neymar ainda é o nosso melhor jogador. E vê-lo jogando bem e com “fome de bola” dá sim uma certa esperança.

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