Home Automobilismo Vocalista Bruno Gouveia, do Biquíni Cavadão, fala sobre a paixão pela F1

Vocalista Bruno Gouveia, do Biquíni Cavadão, fala sobre a paixão pela F1

Em entrevista exclusiva para o Torcedores.com, cantor falou sobre o seu interesse pela Fórmula 1; saiba mais

Bruno Bravo Duarte
Bruno Bravo Duarte é um jornalista que atua como editor, redator e repórter há mais de dez anos. Formado em Comunicação Social com habilitação em jornalismo pela Universidade Estácio de Sá em 2004, teve passagens por EQI Investimentos, Naspistas.com, Jornal Povo, Jornal do Rock e Niterói TV. Atualmente no Torcedores.com

Bruno Gouveia é famoso por liderar uma das bandas mais importantes do rock brasileiro, o Biquíni Cavadão. O vocalista, que gravou hits como Zé Ninguém, Janaína e Vento Ventania, é apaixonado pela Fórmula 1. Conheça um pouco o lado torcedor de Bruno Gouveia, em um bate-papo exclusivo com o Torcedores.com.

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O cantor fala de sua paixão pelas corridas, as quais já o levaram a chegar atrasado em shows. Também conta quais foram os carros e os pilotos que mais o marcaram

Torcedores: Bruno você poderia falar um pouco sobre a sua paixão pela Fórmula 1? Como começou?

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Bruno Gouveia: Eu comecei a gostar de Fórmula 1 com a ascensão dos irmãos Fittipaldi. Fui completamente envolvido pelo sucesso do Emerson em 1972 e 1973, quando ele começou a aparecer nos programas de TV e com o início das transmissões ao vivo.

Foi inevitável que eu me apaixonasse por aquela Lotus John Player Special, do Emerson. Também acompanhei bastante o José Carlos Pace e em um determinado período, não consegui entender o porque do Fittipaldi ter ido para a Copersucar. Com isso, passei a procurar um piloto que estivesse na linha de frente para torcer e a chegada de Nelson Piquet, em 1978, foi um sopro de esperança.

Estive como espectador em três Grandes Prêmios do Brasil. Fui em 1978 e vi o segundo lugar do Emerson com a Copersucar. Em 1982, vibrei com a pole position do Piquet, que pôs tudo a perder ao escolher pneus slicks em baixo de uma chuva torrencial na corrida. No ano seguinte, retornei para ver uma prova impecável do Nelson com a Brabham.

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Acompanhei todos os campeonatos do Piquet e Senna e compusemos uma música dedicada ao Ayrton, intitulada “Corredor X”. O som está no nosso terceiro disco, “Zé”.

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Também pude encontrar pessoalmente com o Ayrton durante as obras do traçado de Interlagos, quando foi desenvolvido o “S” do Senna. A sua morte criou um certo luto para mim e fiquei um tempo meio desligado do esporte. A Fórmula 1 parecia estar sem emoção, tinha a sensação de ver um desfile de carros. Faltava um pouco daquela competição que estávamos acostumados a acompanhar.

Corredor X – música do Biquini Cavadão composta em homenagem a Ayrton Senna

Torcedores: Em relação aos pilotos brasileiros, qual foi o seu favorito?

Bruno Gouveia: O Senna foi muito importante, ele era um cara que chamava a atenção pela sua forma de pilotar, com um estilo impecável. Com certeza o melhor piloto brasileiro.

Gosto muito de salientar a importância do Nelson Piquet, que foi um desbravador ao apostar em novas tecnologias. Vale lembrar, que o Nelson foi o primeiro brasileiro a vencer com um carro turbo. Ele também desenvolveu o reabastecimento em provas e auxiliou no desenvolvimento da suspensão ativa da Williams.

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Torcedores: E no atual circo, qual é o seu piloto favorito?

Bruno Gouveia: Eu não sei se diria um piloto favorito, mas torço para o Charles Leclerc. Eu acho que ele tem uma forma de pilotar peculiar e possui um estilo bem arrojado.

Tem outros que são bem interessantes, Fernando Alonso parece que não envelheceu, o que é muito legal. Lewis Hamilton é impecável e Max Verstappen, é um garoto kamikaze com muito talento.

Torcedores: Qual é a sua expectativa para a parceria entre Fernando Alonso e Aston Martin, em 2023?

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Bruno Gouveia: O Alonso quer bater o recorde do Barrichello e do Raikkonen, ele é quase um highlander. Se a Aston Martin conseguir melhorar o carro, vai ser muito divertido. Se não, o espanhol está ali porque deve ser uma febre.

O cara que se aposenta do futebol bate uma bolinha com os amigos, o que faz um piloto quando se aposenta? Eu sinto como se fosse uma febre do próprio circo e ele não consegue sair daquele meio. Aliás, ele não precisa estar ali para sobreviver, ele está na Fórmula 1 por gostar de correr. Torço por ele!

Torcedores: Qual é a sua opinião sobre a temporada 2022?

Bruno Gouveia: Gostaria de ver o Leclerc na frente. Ele teve a oportunidade de ter um carro mais competitivo e não soube lidar com isso, ou seja, não teve a malícia para liderar o campeonato, além de ter tido alguns obstáculos ao longo do ano. Eu acho difícil que ele seja campeão nessa temporada, mas tudo pode acontecer. Nós ainda temos um bom caminho pela frente, mesmo com o distanciamento do Verstappen.

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Torcedores: A Mercedes foi a grande decepção de 2022?

Bruno Gouveia: Eu não acho que seja uma grande decepção, existe uma ascensão e uma queda. É engraçado porque existe o questionamento de quando um carro deixará de ser vencedor. Enquanto uma equipe parece ser imbatível, outras estudam uma forma de vencer.

A Red Bull correu atrás do prejuízo com um piloto arrojado, o que garantiu aos austríacos um pulo do gato em relação à Mercedes. Nesse embalo, a Ferrari também veio forte e conquistou o segundo lugar.

Torcedores: Em quem você aposta nesse ano?

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Bruno Gouveia: Em um jogo de apostas eu não quero perder. É bem difícil que o Verstappen não seja bicampeão, são 100 pontos de diferença. Ele tem que ficar fora de quatro corridas para perder o título, porém tudo pode acontecer na Fórmula 1.

Torcedores: Você tem esperança de ver um novo piloto brasileiro na F-1?

Bruno Gouveia: Existe uma série de pilotos fantásticos, que em alguns casos chegam à Fórmula 1 e não conseguem desenvolver um trabalho, seja por azar ou por estar no carro errado. Acredito no Pietro Fittipaldi, ele possui um bom nome para fazer presença no circo, assim como Mick Schumacher. Um brasileiro, neto de um bicampeão, pode abrir portas para vários outros pilotos, independente do sucesso.

Torcedores: Você consegue conciliar a rotina de shows com o calendário da Fórmula 1?

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Bruno Gouveia: Hoje em dia é muito difícil. Costumo assistir pelo aplicativo da Fórmula 1, mas tem vezes que só consigo acessar os highlights. Por exemplo, acabei de sair de um show no interior do Mato Grosso e estou indo para o Rio de Janeiro enquanto a Bélgica recebe um Grande Prêmio.

É tudo muito puxado, às vezes chego de manhã em casa e tenho uma menininha de 8 anos e um garotinho de 2 querendo o papai de qualquer jeito. Meu filho é apaixonado por carros, mas gosta de viaturas, como caminhões de bombeiros, carros de polícia e de ambulâncias. Estou mostrando para ele os Safety Cars, para ver se ele assiste as corridas comigo (risos).

Torcedores: Você tem alguma história curiosa do Biquini Cavadão com o automobilismo?

Bruno Gouveia: A história mais emblemática que tivemos foi em um festival em Santo André. O ano era 1989 e a etapa em questão era o Grande Prêmio do Japão, aquela prova em que o Prost prejudicou o Senna. No local, não tinha nenhuma televisão e eu fiquei ouvindo a corrida no nosso ônibus, enquanto as outras bandas se apresentavam no evento.

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Quando acabou o último show, eu me recusei a cantar para continuar ouvindo a prova. Com isso, veio o produtor que me pediu pelo amor de Deus para subir no palco. Respondi: espera mais um pouco, só mais cinco minutos.

Acompanhei todo o esforço do Senna em uma corrida de recuperação e quando ele ganhou, eu pulava como um bobo. Subi no palco com cerca de dez minutos de atraso, feliz da vida.

Enquanto cantava, o Ayrton era desclassificado, Alessandro Nannini se sagrava vencedor do GP do Japão e Prost tricampeão da temporada. Os produtores souberam da desclassificação, mas em nenhum momento comentaram comigo. Só depois do show (risos).

Torcedores: Você acompanha outras categorias?

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Bruno Gouveia: Acompanhei algumas corridas da Indy, no auge do Emerson Fittipaldi. Vi algumas 500 Milhas de Indianápolis e torci muito para o Hélio Castroneves, porém a separação da categoria em CART e IRL me desmotivou. Tentava entender o que era aquilo.

No inicio da década de 1980 era diferente. Lia muitas revistas de velocidade e gostava de acompanhar o crescimento dos pilotos. Me lembro do Martin Brundle, quando competia com o Chico Serra na Fórmula 3. Sabia qual era a origem dos pilotos e de onde eles estavam vindo.

Torcedores: Qual foi o melhor piloto e a maior decepção?

Bruno Gouveia: O melhor piloto para mim foi o Ayrton Senna. Acho Lewis Hamilton inacreditável, mas o brasileiro foi o melhor. Cheguei a escrever um ensaio sobre a carreira do Senna, caso ele tivesse sobrevivido ao acidente de Ímola em 1994. Acredito que teríamos um pentacampeão no meio da década de 1990.

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A maior decepção como piloto foi Michael Schumacher. Independente de todo o seu arrojo, três momentos da carreira do alemão me levaram a essa reflexão: a fechada em Damon Hill na decisão do campeonato de 1994; a tentativa de tirar o Jacques Villeneuve em 1997; e a vitória no GP da Áustria de 2002, quando o Rubinho Barrichello foi obrigado a ceder a liderança para ele. Independente do heptacampeonato, Schumacher foi a minha maior decepção.

Em relação aos carros, cito a Copersucar F6, que foi um desastre completo. Para mim, era um dos mais bonitos da época e eu tinha uma grande expectativa nele, já que o modelo anterior, o F5A, conquistou um segundo lugar.

Torcedores: Você poderia nos contar um pouco sobre os projetos do Biquíni Cavadão?

Bruno Gouveia: Estamos numa roda viva, correndo de um lado para o outro. Foram mais de 20 shows nesse mês, estamos gravando e compondo. O Biquíni vive um ótimo momento, embora nossa carreira não seja mais como antes devido aos modismos, no caso, a música sertaneja e o funk. Entretanto, Biquíni Cavadão e Paralamas do Sucesso soam como bandas clássicas, assim como o Queen. As pessoas simplesmente vão aos shows. Já são 37 anos de banda!

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Torcedores: Algum último recado para todos os leitores do Torcedores.com?

Bruno Gouveia: É um prazer falar sobre esse esporte que admiro tanto e bater um papo com vocês. Espero que possamos nos encontrar em um show do Biquíni ou de repente em um paddock por aí. Adoro Fórmula 1 e vou tentar assistir o GP do Brasil nesse ano. Um abração!

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