Home Futebol França ativa o modo “apelona”, vence a Dinamarca e prova que é uma das maiores forças dessa Copa do Mundo

França ativa o modo “apelona”, vence a Dinamarca e prova que é uma das maiores forças dessa Copa do Mundo

Luiz Ferreira analisa a atuação da atual campeã mundial e as ideias de Didier Deschamps e Kasper Hjulmand na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

A forma como a França venceu a Dinamarca neste sábado (26), em partida válida pela segunda rodada da fase de grupos da Copa do Mundo, deve ter deixado muita gente impressionada. Não é exagero afirmar que a vitória por 2 a 1 foi um lucro enorme para a equipe comandada por Kasper Hjulmand (que era apontada como a “sensação” do Mundial do Catar, mas que vem decepcionando até o momento). E mesmo com uma série de desfalques, o time de Didier Deschamps vem mostrando uma qualidade absurda com e sem a bola e muita intensidade nas transições. “Le Bleus” simplesmente não deixaram seu adversário respirar no Estádio 974. O modo “apelona” foi ativado com sucesso.

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Pode parecer exagero, mas todo mundo tinha dúvidas sobre o desempenho francês com os desfalques de Benzema, Nkunku e companhia. O que se viu diante da Dinamarca foi uma equipe mais solta, mais leve e que não parou de atacar nem por um instante. Sempre com transições rápidas buscando Mbappé à esquerda do 4-2-3-1/4-2-4 de Didier Deschamps. Com Rabiot (que mais uma vez teve boa atuação) se juntando a Griezmann, Koudé assumindo a lateral-direita e Varane reassumindo a vaga de titular ao lado de Upamecano, “Les Bleus” ganharam ainda mais consistência.

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Alguns momentos do jogo deste sábado (26) impressionaram bastante. Foi possível notar mais de uma vez todo o escrete francês jogando na intermediária ofensiva e amassando completamente o 5-4-1/3-4-3 de Kasper Hjulmand. Por mais que os ótimos Hojberg e Eriksen tivessem qualidade para organizar a saída de bola da Dinamarca, sempre havia pelo menos dois jogadores adversários prontos para pressionar e retomar a posse. Com Griezmann em grande noite, Mbappé e Dembélé voando pelos lados e Giroud fazendo bem o pivô, não demorou muito para que “Le Bleus” controlassem o jogo.

A França amassou o 5-4-1 da Dinamarca. Mbappé e Dembélé voavam pelos lados e Griezmann desequilibrou. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

É claro que o jogo contra a Dinamarca foi um teste de competitividade para a França. Lembrem-se de que a equipe de Kasper Hjulmand venceu os comandados de Didier Deschamps duas vezes na disputa da Liga das Nações da UEFA meses antes do Mundial. E o jogo contra o adversário mais forte do Grupo D da Copa do Mundo também serviu para dar ainda mais confiança para um grupo que sofreu demais com as lesões. Também foi a noite de Mbappé. O camisa 10 (e melhor em campo junto com Rabiot e Griezmann na opinião deste que escreve) simplesmente levou a zaga formada por Andersen, Christensen e Nelsson à loucura com arrancadas e muita facilidade nas mudanças de direção.

Aliás, também precisamos falar da facilidade com que Mbappé se desmarca dos adversários. Seja na base da habilidade, do drible ou da velocidade. Além disso, o camisa 10 da França também está se especializando em ocupar os espaços vazios. Tudo bem que a Dinamarca tem sua culpa no cartório com a marcação frouxa no meio-campo e uma pressão pós-perda quase nula. Griezmann baixava até o meio-campo para armar o jogo, Rabiot conduzia a bola sem ser incomodado e Tchouaméni participava da construção das jogadas sem muitos problemas. Mas deu gosto ver Mbappé empilhando dribles e arrancadas diante de um adversário atônito e que competiu muito menos do que o esperado.

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Rabiot tem a posse e não sofre a pressão dos jogadores da Dinamarca. Mbappé avança e ataca o espaço. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

A França abriu o placar com Mbappé aos 15 minutos do segundo tempo depois de bela tabela com Theo Hernández. O melhor momento da Dinamarca na partida foi aos 22 minutos, quando Andreas Christensen aproveitou cochilo da zaga francesa e empatou a partida. Lindström ainda parou no goleiro Lloris aos 27. Mas “Les Bleus” não estavam mortos. O gol da vitória do time comandado por Didier Deschamps veio de um cruzamento de Griezmann às costas da linha de cinco defensores dinamarqueses. Mbappé (mais uma vez preciso na leitura dos espaços) apareceu por trás de Kristensen e só teve o trabalho de escorar para as redes do ótimo goleiro Kasper Schmeichel.

Griezmann cruza da direita e Mbappé ataca as costas da última linha da Dinamarca. Oportunismo e talento. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Este que escreve esperava um pouco mais da Dinamarca na partida deste sábado (26). Não somente pelas vitórias na Liga das Nações, mas por tudo que a equipe de Kasper Hjulmand prometeu antes da Copa do Mundo. O escrete escandinavo poderia ter explorado mais as bolas longas e as transições rápidas para Cornelius, Lindström e Damsgaard, já que a França jogava com as linhas de marcação bem altas. Inclusive, tivemos momentos em que “Le Bleus” sofreram um pouco nas transições defensivas mesmo com o modo “apelona” ligado. Mas a impressão que fica é a de que o jogo dinamarquês simplesmente não encaixou. Melhor para Giroud, Mbappé, Lloris, Varane e companhia.

Mesmo com os desfalques, a França sempre esteve no seleto grupo das seleções favoritas ao título da Copa do Mundo. A classificação antecipada para as oitavas de final só comprova essa tese. O time de Didier Deschamps não é perfeito e possui alguns problemas mais sérios no setor defensivo. Mas vamos combinar que é difícil para um c@%@#$* segurar essa equipe quando “Les Bleus” estão num bom dia. Não são os atuais campeões à toa.