Home Extracampo Neto recorda ambiente no avião em tragédia da Chapecoense: “Não teve correria”

Neto recorda ambiente no avião em tragédia da Chapecoense: “Não teve correria”

Ex-zagueiro contou que teve pesadelo com queda da aeronave antes do voo do clube para a Colômbia

Bruno Romão
Bruno Romão atua como redator do Torcedores.com na cobertura esportiva desde 2016. Com enfoque em futebol brasileiro, futebol internacional e mídia esportiva, acumula experiência em eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas. Possui diploma de bacharelado em Jornalismo pela Universidade Estadual da Paraíba.

Em entrevista ao Charla Podcast, Neto recordou os detalhes da tragédia que tirou a vida de 71 pessoas. Em 29 de novembro de 2016, antes da final da Sul-Americana, o avião que levava atletas e comissão técnica da Chapecoense, além de jornalistas, caiu nas proximidades de Medellín. Às vésperas do acidente, o ex-zagueiro teve um pesadelo e, no momento, não quis acreditar no pior.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Dessa forma, no momento em que todos perceberam a gravidade da situação, o desespero em forma de correria não tomou conta do ambiente. Isso porque os passageiros da aeronave rezavam bastante, algo que motivou um pedido de Neto.

O avião foi dando uma enfraquecida e eu pensei: ‘Tá descendo’. Até que uma hora o avião desligou. Eu era um dos únicos acordados, fez um barulho tipo quando cai a luz no bairro. Apagou tudo. Acendeu a luz fluorescente no chão e eu pensei: ‘Eu sonhei com isso’. Estou vendo uma parada que eu sonhei. Pensei que só existia em filme, na vida real não acontece. Olhei pra janela e não piscou a luz na asa. Ninguém falou nada. Eu comecei a orar. O motor desligou e ficou o barulho do vento. Estava planando e tremendo muito. Aí tocou o alarme”, iniciou Neto.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

“Todo mundo acordou. Muita gente fala: ‘Teve correria?’. Não teve. Teve muita oração. Não tem o que fazer, você não sabe onde está e nem enxerga nada. Não tem referência de nada. O Rangel me olhou com uma tristeza e começou a orar. Eu não pedi nada pra mim: ‘Nos ajuda, Jesus, eu li na bíblia um monte de milagre. Tem misericórdia de nós’. O que eu via era o fim. Não vejo mais meus filhos, minha mulher, meu pai e minha mãe…“, completou.

Sobrevivendo ao acidente, Neto ficou vivo por um milagre. Encontrado por um policial, ele foi resgatado com vida e, após um período internado, saiu sem maiores sequelas, mas não conseguiu dar sequência a sua carreira profissional na Chapecoense.

PUBLICIDADE

“Eu nem acreditei na chance de ficar vivo. Quando cai o avião, ou vai ficar todo mundo ou todo mundo vai (…) O avião bateu e não lembro mais. Fui acordar dia 11 de dezembro. O cara que me achou foi um policial que torcia por Junior Barranquilla, que a gente eliminou. Ele falou que passou oito horas, foi perto do avião e pensando na vida. Escutou um gemido de dor. Chamou outro policial, que disse que ele estava cansado. Eu estava soterrado com terra aberta no crânio e eu tentava fechar o crânio. Ele falou que eu era um guerreiro de Deus.”, contou.

PUBLICIDADE
Better Collective