Um dos sete treinadores portugueses da Série A do Brasileirão, Armando Evangelista foi anunciado pelo Goiás na primeira quinzena de junho com a missão de ajudar a equipe a evitar o rebaixamento à Série B. O profissional de 49 anos participou de entrevista no podcast Pod Pai Pod Filho, do SBT, contou que as diferenças entre o futebol de seu país e o brasileiro o motivaram a aceitar o convite do Esmeraldino e destacou a “loucura” do calendário de jogos.
“É óbvio que existem muitas diferenças (em relação a Portugal) e são elas que me fizeram vir para o Goiás. Acho que é um upgrade para a nossa carreira esportiva. Tenho muito a aprender e estou aprendendo pelas dificuldades que são colocadas. Acho uma ‘loucura’, por exemplo, a quantidade de jogos existentes nas várias competições no Brasil. Cheguei e já tivemos que sair por dez dias. Não tive tempo para treinar. Só dava para viajar, jogar, viajar e jogar. Nem para Goiânia viemos”, disse.
“Não sou eu que vou mudar isso (quantidade de jogos). Eu vim para cá por isso, porque esse tipo de experiência nos desafia e é nas dificuldades que a gente cresce. Mas, em um primeiro momento, já vivi uma situação que não estava habituado. Senti a fadiga e o desgaste dos jogadores, sem dúvida”, completou.
Armando Evangelista destacou que sabia das adversidades que encontraria ao assumir o Goiás, mas sempre mostrou desejo em ter o desafio em assumir a equipe brasileira.
“A verdade é que se aqui eu cheguei é porque o Goiás não estava bem. Se não, provavelmente, não estaria aqui. Esse é o primeiro ponto. Daí eu ter noção das dificuldades que iria encontrar pela frente. Foi importante aquele conhecimento que tinha e tenho do futebol brasileiro. Quis ter esse desafio, mas é importante conhecer bem por dentro e rapidamente o Goiás. Penso que já tenho uma fotografia bem nítida do que é, estamos empenhados, juntamente com nossa direção, em reverter isso. É óbvio que temos muito a fazer, mas também acredito que, sozinho, não vamos conseguir. Se a torcida estiver do lado do clube, dos atletas e da direção fica mais fácil”, apontou.
Há pouco mais de 10 dias, Evangelista acompanhou a vitória do Goiás por 1 a 0 sobre o Vasco, num dos camarotes, em São Januário. Após o fim do jogo, torcedores vascaínos arremessaram sinalizadores e outros objetos no gramado. O treinador comentou o tumulto e revelou que o local onde estava foi alvo de vandalismo.
“Existem essas situações (em Portugal). Não na mesma proporção, não com o mesmo número de torcedores. Acho que existe, também, mais cuidado com essa parte da segurança e quando acontece uma vez, as consequências são muito grandes”
“Se me perguntar se eu estava esperando que aquilo pudesse acontecer, não. Não estava porque não deveria e nem poderia acontecer. Estávamos em um camarote porque não tinha ainda a documentação para poder estar no gramado. Quebraram o vidro, tivemos que mudar de camarote. Aí voltaram a quebrar o vidro no fim, invadiram, arrombam portas e não havia seguranças. Isso é preocupante. Ter que se esconder debaixo dos bancos para que não sejamos identificados é lamentável e não estava à espera disso. Agora, também acredito, que o futebol brasileiro não é isso. Não é aquela escala. Foi um ato isolado, existe esse tipo de violência, mas ali foi um ato exagerado, me parece. Já tive a oportunidade de estar em outros lugares e me senti completamente seguro, mesmo com a torcida protestando. Isso existe no Brasil, como existe em Portugal. O que tem que haver é punição”, completou.

