Home Futebol Libertadores: Fluminense se mantém fiel ao seu estilo e Internacional perde chance de construir boa vantagem

Libertadores: Fluminense se mantém fiel ao seu estilo e Internacional perde chance de construir boa vantagem

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Fernando Diniz e Eduardo Coudet no jogo de ida das semifinais

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Quando se analisa apenas o RESULTADO final da partida desta quarta-feira (27), pode-se dizer que Internacional saiu do Maracanã bastante confiante para tentar a vaga na final da Libertadores dentro de seus domínios. No entanto, quando se analisa o CONTEXTO de todo o jogo, fica claro que foi o Fluminense quem ganhou mais moral. Isso porque o time de Fernando Diniz jogou com um a menos durante quase 50 minutos, mas sem abdicar de seu estilo agressivo e intenso. Já o Colorado perdeu uma grande chance de ir para Porto Alegre com uma boa vantagem no confronto. Tudo por causa de erros bobos (Renê que o diga) e da precipitação de Eduardo Coudet nas substituições.

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De toda a maneira, Internacional e Fluminense fizeram um dos jogos mais emocionantes dessa edição da Copa Libertadores da América. Principalmente por conta do estilo de jogo trabalhado pelos dois treinadores na beira do gramado. Curiosamente, quem saiu de campo mais contente com o resultado foi Fernando Diniz. Mesmo com a expulsão (justa) de Samuel Xavier aos 44 minutos do primeiro tempo, o Tricolor das Laranjeiras conseguiu encontrar forças para se impor num cenário completamente desfavorável e se manter fiel à proposta bem conhecida de seu técnico.

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Para os comandados de Eduardo Coudet, no entanto, fica a certeza de que era possível superar seu forte adversário e levar uma vantagem ainda que mínima para o Beira-Rio. Antes de mais nada, o Internacional fez um bom jogo no Maracanã. A equipe competiu bastante e criou problemas para o goleiro Fábio (que mais uma vez salvou o Fluminense com pelo menos três grandes defesas). Só que a postura do escrete colorado depois dos trinta minutos do segundo tempo ainda precisa ser explicada por Eduardo Coudet. Faltou mais ousadia. Principalmente de seu treinador.

Para a partida desta quarta-feira (27), Fernando Diniz fez apenas uma mudança na equipe que vinha jogando. O volante Alexsander deu lugar para Paulo Henrique Ganso num 4-2-4 insanamente ofensivo. E a grande sacada do treinador do Fluminense para conter os avanços do 4-1-3-2 do Internacional estava na pressão na saída de bola. Jhon Arias e Keno fechavam em cima dos laterais Mallo e Renê e Cano e John Kennedy pressionavam Vitão e Mercado. Foi dessa marcação mais agressiva que saiu o primeiro gol da noite, com Arias roubando a bola de Renê, passando por JK e chegando até o artilheiro da camisa 14. O Flu forçava o jogo pelos lados e levava vantagem em quase todos os duelos.

Eduardo Coudet manteve o 4-1-3-2 no Internacional. Do outro lado, Fernando Diniz apostou no 4-2-4 com forte pressão na saída de bola. Foto: Reprodução / Paramount+ Brasil
Eduardo Coudet manteve o 4-1-3-2 no Internacional. Do outro lado, Fernando Diniz apostou no 4-2-4 com forte pressão na saída de bola. Foto: Reprodução / Paramount+ Brasil

No entanto, conforme mencionado anteriormente, o Internacional não se limitava a se defender. As principais jogadas de ataque nasceram das bolas lançadas para Enner Valencia às costas de Felipe Melo no lado direito de ataque. Ao mesmo tempo (talvez pela desvantagem numérica no meio-campo), o Fluminense recuou um pouco as suas linhas para tentar tirar o espaço de circulação de Alan Patrick (o melhor em campo pelo Colorado). Posse da bola retomada e ultrapassagens de Maurício e Wanderson pelos lados com Enner Valencia arrastando a zaga. Mesmo assim, o Flu se segurava como podia. Até mesmo com Paulo Henrique Ganso cobrindo as subidas de Marcelo ao ataque em determinados momentos.

Alan Patrick distribuía bem o jogo no meio. Enner Valencia arrastava a zaga para que Maurício e Wanderson pudessem fazer a ultrapassagem. Foto: Reprodução / Paramount+ Brasil
Alan Patrick distribuía bem o jogo no meio. Enner Valencia arrastava a zaga para que Maurício e Wanderson pudessem fazer a ultrapassagem. Foto: Reprodução / Paramount+ Brasil

A expulsão (tola) de Samuel Xavier no final da primeira etapa desorganizou bastante o Fluminense. O gol de empate do Internacional (marcado por Hugo Mallo) nasceu desse momento de desestabilização do escrete das Laranjeiras. Na volta do intervalo, Fernando Diniz sacou Felipe Melo, Ganso e John Kennedy para as entradas de Marlon, Alexsander e Guga. Com a equipe organizada numa espécie de 4-4-1, o Flu viu o Internacional crescer em grande parte pela superioridade numérica. Em jogada iniciada por Renê, Maurício recebeu na frente, Enner Valencia deu um leve toque na bola e Alan Patrick marcou o gol mais bonito da noite depois de um drible desconcertante em Marcelo.

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Maurício recebe na frente, Enner Valencia arrasta a marcação novamente e abre o espaço que Alan Patrick ataca no lance do gol da virada. Foto: Reprodução / Paramount+ Brasil
Maurício recebe na frente, Enner Valencia arrasta a marcação novamente e abre o espaço que Alan Patrick ataca no lance do gol da virada. Foto: Reprodução / Paramount+ Brasil

Este que escreve está tentando entender até agora o que fez Eduardo Coudet tirar as duas referências técnicas da sua equipe de uma só vez. Aránguiz, Alan Patrick e Maurício deixaram o campo para as entradas de Bruno Henrique, Lucca e Dalbert, que pouco somaram na equipe. Aliás, o que se viu foi um Internacional sem velocidade e sem qualidade nos passes tentando segurar um Fluminense que manteve o espírito de luta mesmo com um jogador a menos. Com o time forçando bastante os erros pelo lado esquerdo da defesa do Internacional (onde Renê teve noite para ser esquecida), o time de Fernando Diniz foi se impondo até chegar ao gol de empate em mais uma bela finalização de Germán Cano.

O Fluminense forçou bastante o jogo pelo lado direito de ataque, com as chegadas fortes de Keno e Jhon Arias em cima de um assustado Renê. Foto: Reprodução / Paramount+ Brasil
O Fluminense forçou bastante o jogo pelo lado direito de ataque, com as chegadas fortes de Keno e Jhon Arias em cima de um assustado Renê. Foto: Reprodução / Paramount+ Brasil

Mesmo com o empate, é muito difícil não colocar o Fluminense como o grande vencedor da noite desta quarta-feira (27) por todo o contexto da partida. Ao mesmo tempo, é preciso destacar a força mental de todo o escrete comandado por Fernando Diniz, que não baixaram a guarda e se mantiveram fieis ao estilo trabalhado pelo seu treinador ao longo dos últimos meses. É por isso que não é nenhum absurdo dizer que o Internacional perdeu uma grande chance de conquistar alguma vantagem para o jogo no Beira-Rio. E Eduardo Coudet viu sua equipe pagar o preço pela precipitação nas mexidas. Entre Aránguiz, Alan Patrick e Maurício, era possível deixar pelo menos um deles em campo por mais tempo.

Fato é que o confronto segue completamente aberto para o jogo de volta das semifinais da Libertadores. No entanto, o Fluminense ganhou bastante confiança pela atuação coletiva e pela dedicação de cada jogador em campo depois que o time perdeu Samuel Xavier. Já o Internacional terá que rever vários pontos e corrigir os erros cometidos quando tinha a vantagem no placar e o cenário favorável. O escrete colorado competiu bastante e provou que é possível sim superar a equipe que joga o futebol mais vistoso do país até o momento.