Home Futebol Entre desfalques e o claro favoritismo, qual é o Manchester City que chega na decisão do Mundial de Clubes?

Entre desfalques e o claro favoritismo, qual é o Manchester City que chega na decisão do Mundial de Clubes?

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a vitória sobre o Urawa Reds e o desejo de Pep Guardiola por mais um título

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Entre desfalques e o claro favoritismo, qual é o Manchester City que chega na decisão do Mundial de Clubes?

Reprodução / Twitter / Manchester City

A vitória por três a zero do Manchester City sobre o Urawa Reds Diamonds não deixou de ser o resultado esperado diante do que nós conhecemos das duas equipes. E não é preciso analisar a partida desta terça-feira (19), tão a fundo, para se concluir que o escrete comandado por Pep Guardiola não fez muita força para se garantir na decisão do Mundial de Clubes da FIFA.

PUBLICIDADE

No entanto, dentre os desfalques de Haaland, De Bruyne e Doku e o claro favoritismo do time inglês na final contra o Fluminense, qual é o Manchester City que vamos encontrar na sexta-feira (22)? O que passa por cima dos adversários ou um mais pragmático?

A pergunta acima parece não fazer sentido num primeiro momento. Mas é bom lembrar que todas as esperanças dos torcedores mais otimistas do Tricolor das Laranjeiras estão depositadas nessa fase irregular dos ‘Citzens’ nessa temporada.

PUBLICIDADE

A equipe de Manchester vem de duas vitórias ‘suadas’ na Liga dos Campeões (sobre Red Bull Leipzig e Estrela Vermelha), dois empates contra Crystal Palace e Tottenham, mais uma vitória ‘suada’ sobre o modesto Luton Town e uma derrota justíssima diante do Aston Villa de Unai Emery, na Premier League. Pouco para quem levantou a primeira Champions de sua história não faz tanto tempo assim.

Mas é sempre bom colocar na cabeça que estamos falando do Manchester City de Pep Guardiola. E mesmo sem três dos seus principais jogadores, a equipe inglesa ainda é muito superior aos seus adversários no Mundial de Clubes da FIFA. Mesmo estando em má fase. Nos três a zero sobre o Urawa Reds, na última terça-feira (19), os ‘Citzens’ executaram bem a estratégia do seu vitorioso treinador com a inversão do 4-3-3 para um 3-2-5 de muita amplitude com Grealish e Foden pelos lados (pelo menos num primeiro momento), Matheus Nunes e Kovacic chegando por dentro e Bernardo Silva jogando como “falso nove”. O Urawa pouco pôde fazer.

Grealish e Foden abrem o campo, Bernardo Silva circula e Kovacic e Matheus Nunes atacam o espaço. O Manchester City encurralou o Urawa Reds. Foto: Reprodução / YouTube / CazéTV
Grealish e Foden abrem o campo, Bernardo Silva circula e Kovacic e Matheus Nunes atacam o espaço. O Manchester City encurralou o Urawa Reds. Foto: Reprodução / YouTube / CazéTV

É lógico que o cansaço da temporada e dos jogos em sequência cobraria seu preço no King Abdullah, em Jeddah. E teve gente pensando até numa zebra de proporções apocalípticas diante das dificuldades que o escrete de Pep Guardiola encontrou nos primeiros minutos da partida diante do Urawa Red Diamonds. A solução foi simples. Bernardo Silva e Foden trocaram de posição e Matheus Nunes passou a se projetar mais quase como um ponta pela direita. Aos poucos, o 4-4-2 do escrete japonês foi sentindo o cansaço e a enorme exigência física da partida até finalmente sucumbir com o gol contra de Höibraaten no final da primeira etapa.

Bernardo Silva e Foden trocam de posição e Matheus Nunes teve espaço para avançar pela direita. O Urawa resistiu até o final do primeiro tempo. Foto: Reprodução / YouTube / CazéTV
Bernardo Silva e Foden trocam de posição e Matheus Nunes teve espaço para avançar pela direita. O Urawa resistiu até o final do primeiro tempo. Foto: Reprodução / YouTube / CazéTV

Conforme o próprio Pep Guardiola afirmou na entrevista coletiva após a partida, o primeiro gol facilitou demais a vida do seu Manchester City (assim como o gol de Arias tirou um peso das costas do Fluminense contra o Al-Ahly). Também é preciso dizer que a equipe inglesa não precisou de muita coisa para levar perigo ao gol defendido pelo ótimo Nishikawa. A começar pela infiltração de Kovacic às costas da última linha após belo passe em profundidade de Kyle Walker (saindo da direita e vindo ajudar na criação por dentro). Com Foden recuando e arrastando um dos zagueiros, a tarefa dos volantes do City ficou bem mais fácil.

PUBLICIDADE
Kyle Walker recebe passe na direita e vem por dentro. O camisa dois vê Kovacic se lançando às costas da defesa e faz um belo passe para o croata. Foto: Reprodução / YouTube / CazéTV
Kyle Walker recebe passe na direita e vem por dentro. O camisa dois vê Kovacic se lançando às costas da defesa e faz um belo passe para o croata. Foto: Reprodução / YouTube / CazéTV

Sem contar com Haaland (a grande referência ofensiva da equipe nos últimos meses), o Manchester City passou a usar bastante o avanço dos volantes como arma ofensiva para desmontar a defesa adversária. Notem que ao invés de bola longas pelo alto, o passe sai reto, pelo chão e sempre buscando o espaço entre zagueiros e laterais. Foi assim no belo gol de Kovacic e no gol de Bernardo Silva, o que fechou a vitória sobre o Urawa Reds. E talvez o detalhe mais importante esteja no fato de que os ‘Citzens’ atraíram seu adversário para seu campo antes de apostar nessa estratégia. Soluções rápidas para os problemas que surgem durante o jogo.

Akanji recebe na defesa, vê Matheus Nunes se lançando entre Höibraaten e Akimoto e faz o passe que vai terminar na finalização de Bernardo Silva. Foto: Reprodução / YouTube / CazéTV
Akanji recebe na defesa, vê Matheus Nunes se lançando entre Höibraaten e Akimoto e faz o passe que vai terminar na finalização de Bernardo Silva. Foto: Reprodução / YouTube / CazéTV

É possível que o Fluminense encontre um Manchester City mais pragmático do que o usual na decisão desta sexta-feira (22) por conta de uma série de motivos. Os desfalques, o cansaço da temporada e um certo “peso” do favoritismo da equipe inglesa na finalíssima. Difícil pensar numa vitória do Tricolor das Laranjeiras num cenário diferente, mas o jogo único e todo o contexto que envolve as duas equipes pode sim ser usado a favor do time de Fernando Diniz. Conforme mencionamos aqui mesmo neste espaço, o Flu terá que adotar a tática do “erro zero” e da “concentração máxima” diante da equipe mais forte do mundo.

Ao mesmo tempo, será muito bom e prazeroso ver o choque de ideias dos dois treinadores na decisão desse Mundial de Clubes da FIFA. Este que escreve, inclusive, não vê os dois estilos como antagônicos. Guardiola e Diniz têm sim mais pontos em comum nas suas filosofias de jogo do que muitos pensam. A admiração mútua já externada nas últimas entrevistas só nos mostra que a partida desta sexta-feira (22) será uma aula de estratégia de dois grandes treinadores. Um já está consolidado. O outro ainda busca seu espaço no cenário mundial. Promessa de um jogaço.