Home Futebol Posicionamento de Mbappé ainda é uma dor de cabeça na seleção da França; entenda

Posicionamento de Mbappé ainda é uma dor de cabeça na seleção da França; entenda

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória sobre o Chile e destaca as opções de Didier Deschamps para acomodar seu principal jogador

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Posicionamento de Mbappé ainda é uma dor de cabeça na seleção da França; entenda

Mbappé passou em branco nos amistosos contra Alemanha e Chile. Foto: Reprodução / X / Equipe de France

Acredito que todos concordam que Kilian Mbappé é um dos melhores jogadores do planeta nesses últimos vinte anos. No entanto, apesar dos gols e das grandes atuações, o posicionamento do camisa dez da França ainda é uma das grandes dores de cabeça de Didier Deschamps. E não é difícil entender o motivo.

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A crítica nem é deste que escreve. Não são poucos os jornalistas e ex-jogadores que reclamam da falta de ajuda marcação por parte de Mbappé. Não por acaso, o lado da França mais explorado pelos seus últimos adversários foi o esquerdo, setor onde o camisa dez costuma se posicionar. Acaba que Didier Deschamps precisa fazer algumas compensações táticas para acomodar seu principal jogador no time. Foi assim na vitória suada sobre o Chile de Ricardo Gareca.

É claro que a presença de Mbappé em campo é motivo suficiente para causar todo tipo de preocupação em qualquer adversário. Só que o futebol atual pede intensidade em todas as ações dentro de campo. E equipes mais organizadas podem sim explorar essa fragilidade do escrete francês. Exatamente como o Chile fez em Marselha.

A vitória sobre o Chile e os pontos fracos da França

Didier Deschamps apostou num 4-3-3 com Mbappé partindo do lado esquerdo para dentro, Theo Hernández apoiando bastante o ataque e um meio-campo formado por Tchouaméni, Fofana e Camavinga. Este último tinha a função de fechar o lado esquerdo nos momentos em que a França estivesse sendo atacada. No entanto, a falta de combatividade do camisa dez na marcação gerou momentos como a tabela entre Isla e Alexis Sánchez no lance do gol de Marcelino Núñez.

Posicionamento defensivo da França contra o Chile
Mbappé não fecha o espaço no lado esquerdo e Isla tem espaço para tabelar com Alexis Sánchez no lance do primeiro gol do Chile. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Com a posse, é mais do que natural que Mbappé ganhe liberdade. Tanto que o camisa dez tem liberdade para circular por todo o campo e se juntar a Kolo Muani, Giroud e os laterais Koundé e Theo Hernández abrindo o campo. Os volantes chegam mais à frente e o escrete francês até gera superioridade numérica em alguns momentos. Por outro lado, as coisas podem se complicar se o adversário consegue retomar a posse e acionar os contra-ataques.

Posicionamento de Mbappé no ataque da França
Mbappé tem liberdade para circular por todo o campo e compõe a linha de cinco atacantes sempre que a França tem a posse da bola. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

É interessante notar que as principais jogadas da França surgiram pelo lado direito, com as arrancadas de Kolo Muani e Koundé naquele setor. A entrada de Guendouzi no lugar de Camavinga também ajudou a equilibrar mais o lado esquerdo dos Bleus num 4-4-2 mais nítido. Na segunda etapa, Didier Deschamps chegou a experimentar um 4-5-1 com Giroud fechando o lado de Theo Hernández e deixando Mbappé como a referência ofensiva do time.

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Posicionamento de Mbappé quando a França é atacada pelo Chile
A França chegou a jogar num 4-5-1 mais nítido com Giroud fechando o lado e Mbappé no ataque em alguns momentos do segundo tempo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Apesar da vitória, a França se mostrou mais frágil na defesa do que o costume. Não é difícil concluir que um dos motivos principais é a necessidade de se fazer compensações táticas para deixar Mbappé livre de obrigações defensivas. Esse cenário pode não ser tão claro nesse momento, mas ele deve ficar ainda mais claro com o retorno de Griezmann ao time. Didier Deschamps terá que quebrar a cabeça para encontrar o equilíbrio da sua equipe.

Afinal de contas, Mbappé é problema ou solução?

Quem acompanha o espaço aqui no TORCEDORES sabe bem que o futebol é muito mais complexo do que parece. Ele não pode ser encarado como uma simples receita de bolo. Mbappé seria titular em praticamente todas as equipes do planeta. No entanto, até mesmo um jogador do seu porte e talento precisa jogar numa equipe equilibrada e coesa. Só assim a França (e qualquer outra seleção) pode se tornar competitiva e brigar por títulos de expressão.

Vale lembrar também que a máxima “craque não marca” já não tem espaço no futebol atual, onde a exigência física e mental é absurdamente grande. No entanto, a grande dor de cabeça de Didier Deschamps é encontrar o equilíbrio da sua equipe sabendo que Mbappé dificilmente vai participar da marcação. A solução pode ser abrir mão de um dos atacantes. A conferir.