A passagem da Unimed pelo Fluminense foi marcada por altos e baixos entre 1999 e 2014. Tudo começou em 1999, no limbo da Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro. O clube vinha de três rebaixamentos seguidos, em 1996, 1997 e 1998.
A empresa médica bancou a contratação de astros do futebol. Celso Barros, presidente da empresa e tricolor fanático, contratou Romário, Edmundo, Roger Flores, Ramón Menezes, Petkovic, Fred, Deco, Darío Conca, Thiago Neves, entre outros.
No entanto, a parceria rendeu poucos títulos em 15 anos: o Campeonato Brasileiro (2010 e 2012), a Copa do Brasil (2007), o Campeonato Carioca (2002, 2005 e 2012) e a Série C do Campeonato Brasileiro (1999). E foi só.
O investimento de Celso Barros barrou o surgimento de muitos jogadores. Poucos atletas tiveram a sorte de chegar ao elenco profissional para vestir a camisa tricolor. Em decorrência disso, alguns atletas foram negociados, outros emprestados e uns dispensados.
“O Fluminense teve um divisor de águas com a entrada da Unimed. Isso falando em investimento, poderio financeiro e em potencializar sua equipe profissional. Mas especificamente voltado para a base, a Unimed foi muito ruim para o Fluminense, porque não fazia investimento na base, algo que eu entendo ser fundamental para a vida de qualquer clube, principalmente a saúde financeira”, revelou o ex-zagueiro Flávio Tinoco em entrevista ao canal “OurSports”, no YouTube.
Ex-presidentes respaldaram medalhões bancados pela Unimed
O Fluminense revelou muitos jogadores nas gestões de David Fischel e Roberto Horcades: Flávio, César, Flávio Tinoco, Roger Flores, Carlos Alberto, Marcelo, Antônio Carlos entre outros. A empresa médica, com a anuência dos presidentes, insistia em contratar medalhões.
“Se você não forma atletas, dificilmente você consegue ter uma saúde financeira boa para arcar com o futebol profissional. Nos tempos da Unimed, havia grupos diferentes. Um grupo de atletas recebia da Unimed e um outro grupo recebia do clube, então era uma gestão muito difícil e complexa. Eu que vivi tudo aquilo lá dentro posso dizer que nunca vi a Unimed com bons olhos para a vida futura do Fluminense. A gente via muito impedimento de atletas de grande potencial que não tinham chance nos profissionais”, disse ele, acrescentando:
“Naquele período ali, eu fui o único naquela virada que chegou a jogar no profissional. A dificuldade de alguns atletas de chegarem no profissional para jogar e consolidar a sua formação era muito grande. Muito difícil mesmo. Para eu chegar ao profissional, três atletas tiveram que ter problemas de lesão. Se isso não acontecesse, eu não ia ter a oportunidade de chegar no profissional”, desabafou.
A maioria das contratações bancadas pela Unimed não vingou. Jogadores como o goleiro Diego, o meia Pedrinho e o atacante Cláudio Pitbull tiveram vida curta nas Laranjeiras. A presença deles barrou o surgimento de muitos outros atletas vindos de Xerém.
“Muitos atletas com potencial enorme não foram aproveitados por conta dessa parceria com a Unimed, que potencializava a marca, mas prejudicava a base. Se isso fosse feito de uma forma melhor, dividindo o investimento, a gente ia ter uma estrutura muito melhor do clube hoje. Agora, vejo o Fluminense em um bom caminho, de recuperação da parte financeira”, finalizou.

