Home Futebol Roberto Carlos fala sobre o Penta, crê em inocência de Ronaldinho, alfineta batedores de falta e confessa: “Já cheirei a camisa suada do Beckham”

Roberto Carlos fala sobre o Penta, crê em inocência de Ronaldinho, alfineta batedores de falta e confessa: “Já cheirei a camisa suada do Beckham”

Live no Instagram mediada por filha do Roberto Carlos revelou negociações com Santos e Palmeiras antes do craque fechar com Corinthians

Jean Sfakianakis
Jean Sfakianakis é jornalista formado pela Fiam e cursa Jornalismo Esportivo e Multimídia na Universidade Anhembi Morumbi. Foi colaborador sênior do blog Torcedores.com durante a jornada acadêmica, estagiou na Agência Lúcia Furlan e no Jornal Metrô News, atuando na versão web do veículo. Lá, cobriu o jonalismo hard news voltado ao sistema de leituras do Google e de assuntos que rendiam audiência, cobriu a Copa da Rússia e as eleições preidenciais de 2018. Em maio de 2019, começou a trabalhar na Agência Talentmix, empresa responsável pela imagem de grandes talentos do entretenimento, tais como Gretchen, Ronnie Von e Daniel Boaventura. Hoje atua como redator da U5 Marketing.

Apenas 1,68m de altura, mas com tamanho de Shaquille O’Neal. Frase que descreve Roberto Carlos da Silva Rocha, ou simplesmente Roberto Carlos, ex-integrante dos galácticos do Real Madrid, pentacampeão do mundo, santista não realizado, atual embaixador do clube merengue e pai de oito filhos.

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Talvez Roberto Carlos jamais tenha ficado tão à vontade em uma entrevista. Roberta Pinheiro, publicitária e filha mais velha de oito herdeiros do ex-jogador, não se intimidou na live do Instagram do JUCA (Jogos de Comunicação e Artes), colocou o pai para falar para mais de 500 espectadores e fez perguntas cabeludas para o ex-lateral-esquerdo careca mais famoso do futebol. Mais parecia um bate-papo familiar. Roberto Carlos parecia um galho durante os 60 minutos de conversa, com a filha Manuela pendurada em seu tronco.

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“Confesso que por mais que seja meu pai, eu estava super nervosa antes de começar a live, foi diferente, foi especial. Acredito que tenha sido uma experiência diferente para ele também por isso”, disse Roberta Pinheiro.

Foi nesse clima agradável que Roberto Carlos contou histórias, teceu elogios a Ronaldo Nazário, disse que acredita que Ronaldinho Gaúcho, seu amigo, seja vítima de uma falcatrua bem bolada no Paraguai e deu dica de carreira aos universitários, que fizeram perguntas durante a live.

“Treinem bem, sejam líderes, sejam os primeiros a chegar aos treinos e os últimos a sair. Não é só ser bom, pois jogador bom tem um monte. Procurem ter respeito pelos atletas do grupo e sejam responsáveis”, aconselhou Roberto Carlos os atletas universitários.

Talvez tenha sido essa a fórmula de uma carreira vitoriosa. 21 títulos. Entre eles, uma Copa do Mundo, três Champions League e – para não dizer que ele só fez sucesso na Europa e na Seleção – dois campeonatos brasileiros. O “garoto” de 46 anos, fã de sertanejo raiz, nascido em Garça, no interior paulista, atuou ao lado dos maiores do futebol “Ricardo Gomes, Dunga, Branco, Romário, Ronaldinho, Zizou (Zidane), Figo, Ronaldo, David Beckham…. não dá para dizer com quem mais gostei de jogar”, contou Roberto Carlos. A última estrela citada da lista acima, aliás, rendeu boas risadas à entrevista.

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Beckham era um dos galáticos que formaram o esquadrão de elite do Real Madrid no início dos anos 2000, e como não perdoava a fama, o ex-camisa 23 não moderava no gel de cabelo, tampouco no perfume – mesmo quando ia ao gramado. Um dia Roberto Carlos pegou a suada camisa do inglês e nela deu uma bela cafungada. Nojento? Talvez. O então lateral disse que o cheiro de perfume era forte, apesar do galã ter corrido um jogo inteiro por mais de 90 minutos.

Seleção dos sonhos, adversário mais difícil e preferência por faltas

Roberto Carlos mostrou tranquilidade para responder a maioria das perguntas, mas quando foi solicitado que montasse uma seleção dos sonhos com jogadores com os quais atuou, ele ficou em cima do muro.

“Ah, filha, aí você me complica. Não dá pra fazer (a seleção), joguei com muita gente boa. Se eu for falar por posição vai ter um monte de cara” – mas tentou – “Vamos lá… Taffarel, Cannavaro, Fernando Hierro, Dunga, Zizou, Mauro Silva, Beckham, Raúl, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, Kaka” – mas não conseguiu. A lembrança de bons jogadores que entraram em campo ao lado do pentacampeão parecia maior do que ele próprio imaginava. Se fosse o treinador, teria dor de cabeça para escalar. Entretanto, não pensou duas vezes ao falar que Maradona é seu grande ídolo, em quem se inspirou para jogar futebol por tantos anos.

Técnico de futebol é a função que Roberto menos quer desempenhar no momento. Embaixador do Merengue, o baixinho acompanha as atividades do clube diariamente, mas não descartou assumir o cargo no futuro. “Meu trabalho hoje de ser embaixador já é o suficiente, já me deixa muito satisfeito. Mas, se algum dia surgir oportunidade (de ser treinador de algum clube) eu vou pensar sim”, falou Roberto, que ainda destacou a gratidão que tem por Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, que o colocou arauto.

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É necessária uma publicação à parte só para falar das cobranças de falta do jogador. Cobranças como a diante da França, na qual a bola fez curva antológica, ou o gol olímpico com a parte externa do pé contra a Portuguesa se tornaram detalhes de uma carreira gloriosa. No entanto, o canhoto preferia passar longe das cobranças de pênalti. “Lembro de ver meu nome em uma relação de cobranças de pênaltis pela seleção. Na hora fiquei nervoso, mas consegui converter. Bater pênalti é mais difícil que falta porque você muda na hora da batida”. Solidária, a filha, que joga futsal, concordou: “Não gosto de bater, fico tremendo”.

Sobre cobranças de faltas na atualidade, Roberto elogia os melhores jogadores do mundo, mas também defende batedores brasileiros. “Gosto do Cristiano (Ronaldo), Leo Messi, o Neymar bate bem, Phelipe Coutinho. Também tinha o Paulo Baier, Marcos Assunção e o Chicão. Não é como na nossa época, pois éramos muito insistentes” – e critica falta de empenho dos jogadores – “Na minha época ficávamos 40 minutos após o treino batendo falta. Hoje os caras ficam 15 minutos e vão para casa”, comentou.

Sucessor na seleção, paciência com Tite e inocência de Ronaldinho

Depois da Copa do Mundo de 2006, a seleção Brasileira teve Michel Bastos improvisado na lateral-esquerda, em 2010; em 2014 e 2018 o dono da posição seria Marcelo, consolidado também no principal time de Madrid. Para Roberto Carlos, a seleção verde e amarelo tem boas opções para servir o setor deixado por ele, como Renan Lodi, Alexsandro e Felipe Luís, mas que o mais semelhante ao seu estilo de jogo é Marcelo – e não escondeu admiração pelo carioca: “O Marcelo está fazendo uma historia muito bonita no mundo do futebol. Chegou ao Real aos 17 anos, quando eu ainda estava lá”, declarou.

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Por falar em seleção, Roberto Carlos mostrou-se paciente com Tite e o atual momento da seleção, defendendo o título continental recente: “Falta paciência, ter uma base formada, uma referência de 5 ou 6 capitães. Estamos ainda em fase de adaptação. Somos os atuais campeões da Copa América” – perguntado sobre qual o segredo para vencer a Copa, respondeu –  “Amizade e união. Não tinha só qualidade. O grupo venceu. É a história de sempre: se ganhar, ganham todos, e, se perder, perdem todos também. Uma seleção não se forma só de bons jogadores, mas também de bons amigos, dividindo a responsabilidade”, contou.

Fora do mundo da bola, o ex-lateral comentou sobre o caso Ronaldinho, que está detido no Paraguai. Segundo ele, os irmãos Assis estão sendo vítimas de um golpe interesseiro. “Ele é inocente, deve estar sendo parte de um plano daquela mulher (Dalia López) e a justiça provavelmente está usando ele pra pegar outras pessoas. E a pandemia do coronavírus também está colaborando para a permanência dele na prisão”, disse o amigo de Ronaldinho.

Coronavírus, política esportiva e paixão por automobilismo

Há duas semanas sem sair de casa com a família, Roberto Carlos conta como mudou sua rotina. Antes, o embaixador do Real acordava cedo, tomava café da manhã com a família e passava o dia no clube tratando de negócios, observando os atletas junto ao técnico e ex-jogador Raúl González Blanco. Agora, ele se limita a tomar café da manhã com a família, monitorar sua filha, que assiste às aulas da escola por videoconferência e fazer exercícios na academia caseira. “É um vírus muito perigoso. Aqui na Espanha a gente não sabe ainda se vai recomeçar (o futebol), retomar, cancelar, não sabemos. Primeiro vamos esperar acabar a pandemia”, contou.

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Agora que está confinado, o dono dos chutes potentes tem mais tempo também para lazer. Uma de suas grandes paixões é o automobilismo. “Se eu não tivesse sido jogador de futebol, com certeza gostaria de ser piloto de fórmula 1”, disse o fanático por velocidade.

Roberto Carlos queria Santos e Palmeiras antes de fechar com Corinthians

Cria do interior paulista, Roberto começou sua carreira nas categorias de base do Palmeiras, onde conquistou o Campeonato Brasileiro em 1993 e 1994, sob o comando de Vanderlei Luxemburgo. Depois ficou na Europa até 2010, quando foi contratado pelo Corinthians e atuou ao lado de Ronaldo. Entretanto, a história não teve sequer uma estrofe romântica.

Santista assumido, ele conta como foi a transação com os clubes paulistas no início da última década. “Não deu certo (ir para a Vila Belmiro). O primeiro time que me procurou em 2010 foi o Santos. Até diminui o valor do meu contrato mas não deu certo. Fui no Palmeiras e não deu certo também. Aí apareceram Ronaldo e Andrés e fui para o Corinthians, foi uma experiência muito boa. Infelizmente teve o problema com a eliminação para o Tolima, mas tenho um respeito enorme pelo Corinthians”, revelou o ex-atleta.

Para terminar a live, Roberta pediu para o pai eleger os jogadores com habilidades especiais. Veja:

O melhor batedor de falta – David Beckham

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O melhor estrangeiro – Del Piero

O mais decisivo – Ronaldo

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O mais raçudo – Dunga

O mais cornetado – Samuel Eto’o

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O mais difícil de marcar – Luís Figo

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