Home Futebol Deus perdoa. O Bayern de Munique não. Confira a análise da final da Liga dos Campeões

Deus perdoa. O Bayern de Munique não. Confira a análise da final da Liga dos Campeões

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a vitória incontestável dos comandados de Hans-Dieter Flick sobre o Paris Saint-Germain

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Impossível não começar essa análise dizendo que o Bayern de Munique mereceu e MUITO o título dessa Liga dos Campeões da UEFA 2019/20. Não somente pelo que foi mostrado na vitória por 1 a 0 (com gol marcado pelo francês Coman) segura sobre o Paris Saint-Germain de Neymar, Mbappé e companhia, mas por todo o conjunto da obra e por todo o cenário que se desenhou no Velho Continente após a paralisação por conta da pandemia do novo coronavírus. Foram onze jogos e onze vitórias nessa edição da Champions e uma média de quase quatro gols por partida. O feito do escrete comandado por Hans-Dieter Flick é imenso. Pela conquista em si e pela maneira com a qual dominou seus adversários. Volume de jogo absurdo, uma pressão quase insana e a certeza de que ninguém pode vacilar contra eles quando a chance eventualmente aparece. Deus perdoa. Mas o Bayern não.

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É bem verdade que o Paris Saint-Germain ameaçou bastante o Bayern quando o escrete comandado por Thomas Tuchel calibrou a bola longa para Mbappé imprimir velocidade pra cima de Boateng (depois Süle) e Kimmich no lado esquerdo de ataque. Muito por conta da postura do escrete bávaro na execução do 4-2-3-1 de Hasn-Dieter Flick e no cuidado com o ataque adversário. Havia a pressão na saída de bola, mas mantendo o risco calculado de se manter as linhas altas e o espaço entre os defensores e Neuer. O PSG teve chances e cricou problemas com Di María caindo pela direita em cima de um nervoso Alphonso Davies. Neymar, Herrera e Mbappé tiveram grandes oportunidades de abrir o placar ainda no primeiro tempo. Exatamente como aconteceu com o Lyon na partida válida pelas semifinais. No entanto, o tempo iria mostrar que desperdiçar chances contra o Bayern pode ser fatal.

E de fato foi. Muito por conta da grande atuação de Thiago Alcântara (o melhor em campo na humilde opinião deste que escreve). O camisa 6 organizou o meio-campo, ficou mais próximo de Davies para organizar a saída de bola, recuou até os zagueiros quando necessário e ainda acionou o quarteto ofensivo com passes precisos. Fora a cobertura perfeita nas bolas longas para Di María e Mbappé quando os defensores do Bayern não estavam bem posicionados. Ele, Kimmich e Goretzka são os pilares do escrete comandado por Hans-Dieter Flick e o brasileiro naturalizado espanhol se transformou no grande maestro da equipe bávara. De acordo com o SofaScore (confira abaixo), Thiago Alcântara teve 88% de acerto nos passes, 95 ações com a bola e ainda teve fôlego para aparecer em quase todo o campo. Atuação simplesmente irrepreensível do camisa 6 do Bayern de Munique.

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Do outro lado, o PSG mantinha a sua estratégia de apostar nas bolas longas para Mbappé e Neymar, mas pecava no último passe e esbarrava num gigante chamado Manuel Neuer. A impressão que ficava era a de que o escrete francês, embora contasse com jogadores experientes em seu elenco, ainda não tinha “casca” para jogar uma final de Champions League. Enquanto o Bayern de Munique mostrava um volume de jogo absurdo e uma intensidade que beirava a insanidade, o Paris Saint-Germain parecia muito mais focado nas qualidades individuais dos seus jogadores. Não que Neymar, Mbappé, Marquinhos e companhia não tenham jogado bem. Eles fizeram o que dava pra fazer diante de um adversário tão forte e consistente. Tanto que o PSG simplesmente se desmanchou após o gol marcado por Coman (nascido em cruzamento de manual realizado por Kimmich) aos 14 minutos do segundo tempo.

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Choupo-Moting teve a chance de empatar já nos acréscimos, mas não conseguiu alcançar o cruzamento de Neymar (que já vinha caindo pelo lado esquerdo). As mudanças de Thomas Tuchel também não ajudaram. Principalmente quando tirou Di María (o melhor do PSG na decisão). Ao mesmo tempo, Verratti e Draxler acrescentaram muito pouco na produção ofensiva do PSG e sofreram bastante com as descidas de Perisic, Philippe Coutinho, Davies e Kimmich. A dura lição foi aprendida tarde demais. Não se desperdiça chances contra uma equipe como o Bayern de Munique. Se o ataque é avassalador, a defesa também se comporta muito bem. Foram oito gols sofridos em onze partidas. Uma excelente média para um time que ataca a todo instante. Até mesmo Süle, zagueiro mais lento que Boateng (que saiu ainda no primeiro tempo), conseguiu se impôr diante do trio ofensivo do PSG. Título mais do que merecido.

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Mesmo sem a grife de um Jürgen Klopp ou de um Pep Guardiola, o técnico Hans-Dieter Flick fez um trabalho magnífico à frente do Bayern de Munique. Desde novembro de 2019 no comando da equipe, o treinador alemão aproveitou bem o talento que tinha à sua disposição, recuperou jogadores como Goretzka, potencializou o futebol de Kimmich e apostou numa proposta de jogo ousada controlando bem os riscos e fazendo sua equipe jogar “de memória”. O volume ofensivo do Bayern impressionou não apenas pela forma como massacrou equipes como o Tottenham e o Barcelona, mas por manter o foco mesmo nos momentos mais complicados da caminhada rumo ao título (como nos primeiros minutos da partida contra o Lyon). A avalanche vermelha do Bayern de Munique é o que fica dessa edição da Liga dos Campeões da UEFA. Ela e o trabalho fantástico de Hans-Dieter Flick, o comandante da equipe.

Em tempo: é bem verdade que os holofotes estavam todos centrados em Neymar e na expectativa em cima daquilo que o camisa 10 poderia fazer na decisão. No entanto, as oportunidades perdidas e um certo nervosismo após o gol de Coman minaram o moral da equipe francesa. Afinal de contas, nenhuma falha diante do Bayern de Munique será perdoada. Seja aqui ou em Lisboa.

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