Home Futebol Bahia aposta em Mano Menezes para recuperar consistência defensiva e confiança; entenda

Bahia aposta em Mano Menezes para recuperar consistência defensiva e confiança; entenda

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a chegada do ex-técnico da Seleção Brasileira ao Tricolor de Aço

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Mano Menezes é um dos treinadores mais experientes do futebol brasileiro na atualidade. Os números estão aí para provar. É também um dos que mais entregou trabalhos consistentes nos últimos anos. Com a exceção dos três meses em que comandou o Palmeiras na temporada passada, a trajetória do agora novo treinador do Bahia é marcada por organização defensiva e boa transição para o ataque. Foi assim no Cruzeiro bicampeão da Copa do Brasil em 2017 e 2018. E sua contratação pelo Bahia diz muito sobre as pretensões do clube. O Tricolor de Aço não deseja apenas um substituto para Roger Machado, e sim um técnico que consiga trazer um pouco de regularidade e consistência à equipe para a sequência dessa temporada. Até para que o Bahia consiga se consolidar na Série A como um dos grandes clubes do Nordeste junto com Ceará e Fortaleza. E Mano pode ser esse treinador.

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O Bahia de Roger Machado tinha dois grandes problemas: o primeiro era a falta de consistência defensiva. Mesmo com o antigo treinador apostando em posturas mais pragmáticas (seja com três volantes num 4-1-4-1 ou num 4-4-2 fechado em duas linhas à frente da área), o Tricolor de Aço sofria na defesa com erros individuais e no posicionamento da zaga. E o segundo era a falta de criatividade no meio-campo e confiança para chegar no ataque. Não foram poucas as vezes em que Rodriguinho ficou sobrecarregado e isolado no meio-campo sem ter com quem trabalhar as tramas ofensivas. Ao mesmo tempo, o time pecava pela falta de intensidade nas transições. A posse de bola era mantida, mas o jogo do Bahia ficava arrastado e chato, sendo presa fácil para os adversários. Exatamente como aconteceu nos dois jogos da decisão da Copa do Nordeste contra o Ceará no início do mês de agosto.

É nesse cenário que Mano Menezes chega ao Bahia. Não somente para reorganizar o time e aproveitar um pouco do que foi deixado por Roger Machado, mas para devolver consistência e confiança ao Tricolor da Boa Terra. E nesse ponto, o Cruzeiro bicampeão da Copa do Brasil pode e deve servir de modelo para Mano pensar suas estratégias no seu novo clube. Começando pela construção das jogadas de ataque. O 4-2-3-1 de Mano Menezes era organizado e atacava em bloco. Esqueça por um instante as alcunhas de “retranqueiro” e “pragmático” que o treinador recebeu nos últimos anos. A Raposa era envolvente, trabalhava bem as jogadas e sabia furar defesas adversárias com muita gente chegando ao ataque. Laterais e volantes avançavam para criar linhas de passe e os atacantes sempre procuravam os espaços vazios a partir de uma referência mais móvel no setor ofensivo. Aquele Cruzeiro sabia jogar.

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Laterais apoiando, volantes pisando na área, atacantes se projetando no espaço e meias abrindo o campo. O Cruzeiro bicampeão da Copa do Brasil sabia como furar as defesas adversárias e construir jogadas de ataque com poucos toques. Organização e bom volume de jogo. Foto: Reprodução / TV Globo.

Mas um dos grandes trunfos dos times de Mano Menezes é o trabalho no sistema defensivo. E o Cruzeiro bicampeão da Copa do Brasil não fugia à regra. Marcava os adversários em cima com linhas organizadas e compactadas, negavam espaços entre a zaga e o meio-campo e forçavam o adversário a tentar os chutes de longa distância ou os cruzamentos para dentro da área, onde a dupla de zaga formada (quase sempre) por Dedé e Léo seguia atenta a tudo e a todos. Inclusive, não foi por acaso que o escrete celeste ficou conhecido como uma das equipes mais copeiras dos últimos anos por conta do grande sucesso na Copa do Brasil. Mano Menezes conseguiu transformar um elenco estrelado numa equipe consistente, forte na defesa e envolvente no ataque com boa organização e fluidez nas transições. E tem todas as condições de repetir esse sucesso no Bahia a partir desse próximo final de semana.

Mano Menezes tem predileção por equipes fortes na marcação, organizadas na defesa e que saiam em alta velocidade para o contra-ataque assim que recuperavam a posse da bola. Seu Cruzeiro bicampeão da Copa do Brasil seguia essa cartilha e se transformou num dos times mais copeiros dos últimos anos. Foto: Reprodução / TV Globo.

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É óbvio que o elenco do Cruzeiro de 2017 e 2018 era superior ao do Bahia. Mesmo assim, há como se pensar em ótimas opções para a sequência da temporada. Se Mano Menezes repetir seu 4-2-3-1 preferido, o treinador terá as opções de Élber e Rossi pelos lados do campo, Rodriguinho chegando por dentro e os ótimos volantes Edson e Gregore protegendo a zaga. Ou ainda com Daniel se juntando ao quarteto ofensivo como quarto meia (e alinhado a Rodriguinho) num 4-1-4-1 organizado e compactado. Ou com o já citado camisa 8 do Tricolor de Aço emulando o papel que Robinho fazia no Cruzeiro pelos lados como um “ponta-armador”. E isso tudo com laterais presentes no apoio sem comprometer a recomposição defensiva. Tudo com bastante compactação, organização e sincronia de movimentos para que a equipe não perca a consistência que seu novo treinador tanto preza e defende nos seus trabalhos.

Só o tempo irá dizer se Mano Menezes vai conseguir colocar o Bahia nas primeiras posições da tabela do Brasileirão. Certo é, no entanto, que o ex-técnico de Cruzeiro, Corinthians, Palmeiras e Seleção Brasileira tem experiência de sobra para fazer o Tricolor de aço jogar muito melhor do que vinha jogando. Recuperar a confiança do elenco será a primeira grande missão de Mano no Bahia. E ele mesmo sabe que isso é fundamental.

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