Home Futebol Segundo tempo contra o Vitória mostra o caminho para Ney Franco tirar o Cruzeiro da “beira do caos”

Segundo tempo contra o Vitória mostra o caminho para Ney Franco tirar o Cruzeiro da “beira do caos”

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória da Raposa sobre o Leão Baiano pelo Brasileirão da Série B

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Ney Franco é sempre lembrado pela sua apresentação ao violão no programa “Bem, amigos!” de 2009 e pela canção “Tava na beira do caos”. Curiosamente, o treinador assumiu o comando do Cruzeiro quando o time estava justamente “na beira do caos” com a sequência negativa de cinco rodadas saber o que é um resultado positivo na Série B. Só que a atuação do escrete celeste sobre o Vitória mostraram a Ney Franco um caminho que pode ser bastante promissor. Equipe mais compactada e encorpada na marcação, saída rápida para o contra-ataque e melhora nítida no jogo coletivo da Raposa a partir do segundo tempo, com as entradas de Filipe Machado e Régis, sendo este último o autor do gol da noite no Mineirão. Ainda falta muito para o Cruzeiro deixar a “beira do caos”. Mas o caminho para a recuperação já foi apresentado para jogadores e comissão técnica.

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Já foi possível notar que Ney Franco queria promover mudanças na equipe assim que a escalação do Cruzeiro foi divulgada. Jadsom Silva e Jean foram os volantes nas vagas de Henrique (lesionado) e Ariel Cabral (barrado por opção técnica). Mais à frente, o garoto Maurício começou jogando mais por dentro num 4-3-3 que logo se transformou num 4-2-3-1 com o avanço do camisa 11 para junto do trio ofensivo da Raposa. O Cruzeiro tinha a bola, mas não conseguia colocar intensidade e nem velocidade para furar o bloqueio defensivo do Vitória. O Leão Baiano, por sua vez, espelhava o 4-2-3-1 do adversário e lutava contra a própria lentidão na saída de bola, visto que Fernando Neto pouco participava das jogadas de ataque que e Thiago Carleto e Gerson Magrão tinham dificuldades enormes para conter os avanços de Airton e Rafael Luiz por aquele lado.

A atuação do Cruzeiro no primeiro tempo só deixa ainda mais questionamentos sobre as escolhas de Bruno Pivetti para o Vitória. Os espaços na defesa celeste eram generosos, porém muito mal aproveitados pelo escrete rubro-negro. Ainda mais quando o veloz Mateusinho só entrou na metade da segunda etapa. Por outro lado, se Airton, Rafael Luiz, Maurício, Filipe Machado, Arthur Caíke e Régis se destacaram pelo Cruzeiro, é preciso exaltar a atuação do experiente Jean. O camisa 28 mostrou a polivalência de sempre na proteção da zaga e não foi batido nenhuma vez pelo setor ofensivo do Vitória. Mesmo sem receber a maior nota do (excelente) SofaScore, o volante se mostrou uma escolha acertadíssima de Ney Franco para dar mais velocidade ao passe sem perder a consistência na marcação. E a tendência é que siga titular no Cruzeiro. Mesmo com o retorno de Henrique.

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É preciso dizer que Ney Franco acertou e muito com as entradas de Filipe Machado e Régis. Os dois deram ainda mais movimentação ao time e fizeram bem a variação do 4-3-3 para o 4-2-3-1 sem que a equipe do Cruzeiro perdesse fluidez. O mesmo se pode dizer da entrada de Thiago no lugar de Marcelo Moreno. Com o escrete celeste explorando bem a péssima recomposição defensiva do Vitória, único gol da partida saiu sem muito esforço a partir de Filipe Machado. O camisa 25 viu Arthur Caíke se projetando no espaço que havia às costas de Leandro Silva e fez o passe certeiro para o camisa 7 fazer o cruzamento na cabeça de Régis, que só teve o trabalho de escorar para as redes de Ronaldo. E isso poucos minutos antes do mesmo Régis acertar a trave direita em novo contra-ataque. Tirando um chute de Mateusinho, o Vitória pouco ameaçou a meta defendida por Fábio.

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Difícil não ver a formação do segundo tempo como a ideal para o Cruzeiro. Ainda mais quando Régis pode ser o “cara” da criação das jogadas do time celeste. No entanto, é preciso notar que o futebol da Raposa só cresceu a partir do momento em que Ney Franco apostou em volantes de chegada. Primeiro Jadsom, passando por Maurício (ainda que este seja jogador com características mais ofensivas) e terminando com Filipe Machado, jogador que defende bem e aparece no ataque. Ao mesmo tempo, Thiago surge como boa opção para ser a referência móvel do time de Ney Franco. E por mais que o Vitória tenha facilitado as coisas com a péssima transição defensiva e com a péssima noite dos seus atacantes e treinador (Bruno Pivette só corrigiu os erros da sua escalação quando já era tarde demais), o Cruzeiro teve seus méritos para sair do Mineirão com os três pontos.

O trabalho de Ney Franco está apenas começando. Mas já foi possível identificar um padrão de jogo e algumas novas ideias do treinador celeste. Agora, só o tempo (e os bastidores do clube) vão dizer se a Raposa vai finalmente sair da “beira do caos” ou se vai acabar caindo de produção novamente. O caminho para a calmaria já foi mostrado. Basta manter o curso e ir driblando as adversidades que ainda virão pela frente.

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