Home Futebol Seleção Brasileira leva sustos, mostra que ainda precisa de ajustes, mas vira pra cima da bem organizada equipe do Peru

Seleção Brasileira leva sustos, mostra que ainda precisa de ajustes, mas vira pra cima da bem organizada equipe do Peru

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a vitória do Brasil e ótima atuação de Neymar

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Este que escreve já havia cantado a bola na última sexta-feira (9). Embora tenha mostrado boas ideias e ótima movimentação, a fraca equipe da Bolívia não poderia servir de parâmetro para uma avaliação mais profunda da Seleção Brasileira. E a partida desta terça-feira (13), mesmo com a vitória dos comandados de Tite por 4 a 2, é a prova viva de que o escrete canarinho não vai encontrar vida fácil nessas Eliminatórias da Copa do Mundo. É claro que todo o contexto conta e muito. Não há torcida, os protocolos (rígidos) de saúde fazem parte da rotina e o tempo para treinar ainda é muito escasso. Mesmo assim, há como o Brasil jogar mais e melhor. E o time do Peru (muito bem comandado por Ricardo Gareca) criou vários problemas para a Seleção Brasileira numa partida que foi vencida no detalhe apesar do placar elástico na casa do adversário e do “hat trick” de Neymar.

PUBLICIDADE

Grande parte dos problemas da equipe comandada por Tite no jogo desta terça-feira (13) não estavam no esquema tático (o velho e conhecido 4-1-4-1) ou na estratégia escolhida pelo treinador. Estava na concentração. O Peru é uma equipe muito mais qualificada do que a Bolívia e mostrou isso na primeira etapa da partida em Lima. Ricardo Gareca organizou sua equipe num 4-4-2 que começou marcando alto e conseguiu o gol com Carrillo logo no início da partida em bola mal rebatida por Marquinhos. A Seleção Brasileira pagava o preço por não ter entrado em campo ligada como na última sexta-feira (9). E mesmo com a “inversão da pirâmide” (a variação do 4-1-4-1 para um 2-3-5 mais definido), o Brasil encontrava muitas dificuldades para tocar a bola no campo adversário. O jeito era tentar fazer a bola chegar em Firmino, Richarlison e Neymar através do passe longo.

PUBLICIDADE

Mesmo fazendo a “inversão da pirâmide”, a Seleção Brasileira encontrava certa dificuldade para chegar no ataque. A saída foi utilizar o passe longo buscando Renan Lodi, Firmino, Richarlison e Neymar no campo do Peru. Ao mesmo tempo, a equipe pagava o preço pela falta de concentração no início da partida. Foto: Reprodução / Esporte Interativo

A Seleção Brasileira melhorou seu desempenho depois que Neymar empatou a partida cobrando penalidade sofrida por ele mesmo. O time passou a trocar mais passes sem tanta afobação, mas sem conseguir transformar a (enorme) posse de bola em gols. Fora isso, o time voltou do intervalo novamente sonolento e concedendo espaços. Momentos antes do segundo gol do Peru, Tite alertou Neymar sobre o rebote que poderia surgir da cobrança de lateral para dentro da área brasileira (ver no vídeo acima a partir dos dois minutos e vinte segundos). E mesmo se organizando num 4-2-3-1 na defesa (de modo a preencher o meio-campo e criar superioridade numérica naquele setor), o Brasil bobeou no quesito concentração. Yotún cobrou lateral para a área, a zaga rebateu para a frente e Tapia contou com o desvio em Rodrigo Caio para recolocar o escrete peruano na frente mais uma vez.

Tite alertou para o possível rebote após o lateral cobrado dentro da área brasileira, só que o time acabou falhando mais uma vez apesar da boa organização no 4-2-3-1 em momentos defensivos. O escrete canarinho voltava a falhar no quesito concentração e pagava (de novo) o preço pelo vacilo. Foto: Reprodução / Esporte Interativo

PUBLICIDADE

Richarlison empatou a partida novamente e Neymar (cobrando penalidade meio “mandrake” sofrida por ele mesmo) decretou a virada logo depois que Tite mandou Everton Cebolinha, Éverton Ribeiro e Alex Telles para o jogo nos lugares de Firmino, Philippe Coutinho e Renan Lodi respectivamente. Armada num 4-2-3-1 em determinados momentos (com o camisa 7 do Flamengo saindo da direita para dentro na variação natural para o 4-3-3), o escrete canarinho ficou mais leve e teve ainda mais espaço para criar suas jogadas de ataque após a expulsão (justa) de Zambrano no final da partida em Lima. Mesmo com certas dificuldades no começo da partida (diante da postura mais reativa dos comandados de Ricardo Gareca), o Brasil conseguiu impor seu ritmo de jogo na casa do adversário. O SofaScore indicava 69% de posse de bola e incríveis 20 conclusões a gol nos noventa e poucos minutos de futebol.

Everton Cebolinha, Éverton Ribeiro e Alex Telles entraram no jogo e deram um pouco mais de leveza e mobilidade à Seleção Brasileira. Ao mesmo tempo, a expulsão de Zambrano só facilitou a vida dos comandados de Tite que chegaram ao quarto gol sem muitos problemas. Resultado mais do que justo em Lima. Foto: Reprodução / Esporte Interativo

Neymar marcou seu “hat trick” e se tornou o segundo maior artilheiro da história da Seleção Brasileira com 64 gols. Aliás, o camisa 10 tem sido a melhor coisa para se ver na equipe comandada por Tite. Muito por conta da sua postura mais madura e mais “coletiva”, isto é, criando jogadas e também servindo os companheiros. Neymar faz boa dupla com Renan Lodi pelo lado esquerdo de ataque e ainda aparece para decidir quando pinta a oportunidade. Este que escreve gostaria de ver o nosso melhor jogador atuando um pouco mais por dentro, num 4-4-2 mais definido e revezando de posição com Firmino por dentro. Ou ainda no lado esquerdo e revezando com Philippe Coutinho ou Richarlison no setor. Tite, no entanto, entende que o camisa 10 rende mais com espaço para avançar em direção ao gol adversário tal como fez nessas duas goleadas sobre Bolívia e Peru.

PUBLICIDADE

A Seleção Brasileira conquistou duas boas vitórias nessa abertura das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar, mas também deve entender que as coisas serão muito mais difíceis do que parecem. Ainda mais numa competição que conta com equipes fortes e que sabem jogar nos seus domínios. E nunca é demais lembrar que perder a concentração pode ser fatal.

LEIA MAIS:

Jogo da Seleção Brasileira fora da Globo divide a web; veja a repercussão

50 anos do Tri (Parte II): A saída de João Saldanha e a chegada de Zagallo

PUBLICIDADE