Home Futebol Bahia de Mano Menezes segue pecando pela falta de intensidade e coordenação em todos os setores; entenda

Bahia de Mano Menezes segue pecando pela falta de intensidade e coordenação em todos os setores; entenda

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a derrota para o Defensa Y Justicia e a eliminação na Copa Sul-Americana

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

No dia 10 de setembro deste complicadíssimo ano de 2020, este colunista falou sobre a chegada de Mano Menezes ao Bahia e a necessidade de se recuperar a consistência e a confiança da equipe. Pouco mais de três meses depois de seu anúncio oficial, o Tricolor de Aço coleciona resultados ruins. Em 23 jogos à frente do escrete soteropolitano, Mano teve oito vitórias, dois empates e treze derrotas, com 26 gols marcados e 33 gols sofridos. Nesta quarta-feira (16), o treinador de 58 anos viu sua equipe sofrer para criar jogadas de ataque e passar muitas dificuldades para se defender diante de um Defensa Y Justicia aplicado e muito mais organizado dentro do Estádio Norberto “Tito” Tomaghello. A derrota por 1 a 0 não só eliminou o Bahia da Copa Sul-Americana como também escancarou (mais uma vez) os problemas crônicos do escrete comandado por Mano Menezes.

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É bem verdade que o Tricolor de Aço (que precisava de uma vitória por dois gos de diferença para avançar na competição) criou chances. Principalmente com Élber e Rossi, os dois “pontas” do 4-2-3-1 característico de Mano Menezes. O grande problema é que o Bahia não conseguia transformar todo esse volume de jogo nos gols que tanto precisava. O Defensa Y Justicia, por sua vez, aproveitava muito bem os espaços entre o quarteto ofensivo e os volantes Ronaldo e Gregore e o apoio constante de Nino Paraíba e Juninho Capixaba ao ataque. Rossi perderia oportunidade incrível de balançar as redes aos 42 minutos do primeiro tempo ao ver Brítez salvar em cima da linha. Apesar das chances desperdiçadas, o Bahia estava melhor em campo. Mas seguia pecando pelos erros nas tomadas de decisão e pela falta de intensidade nas transições defensivas e na pressão na saída de bola do adversário.

Bahia vs Defensa Y Justicia - Football tactics and formations

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Precisando de uma vitória por dois gols de diferença, Mano Menezes armou o Bahia no seu 4-2-3-1 costumeiro e apostou na velocidade de Élber e Rossi pelos lados do campo. Faltava, no entanto, aproveitar melhor as chances criadas e mais pressão na saída de bola do Defensa Y Justicia.

Outro ponto que merece a nossa atenção está no número de finalizações. De acordo com o SofaScore, o Bahia deu 14 chutes a gol. Bom número para quem precisava de uma vitória mais elástica na casa do adversário. Mas apenas quatro desses chutes foram na direção do gol de Unsain. Fora isso, o Tricolor de Aço trocou 358 passes (com 77% de acerto) contra 373 do Defensa Y Justicia (75% de acerto). É bem verdade que a frieza dos números não dizem o que foi o jogo em si, mas ajudam a entender quais eram as propostas de jogo de Mano Menezes e Hernán Crespo. O Bahia seguia tentando manter a bola no ataque e deixava a sua defesa completamente exposta diante da rapidez de Pizzini, Isnaldo e Braian Romero. A tola expulsão de Rossi (por gestos obscenos) praticamente seria mais um obstáculo a ser vencido. Além da desorganização e da falta absoluta de coordenação em todos os setores.

A entrada de Clayson no lugar de Élber, justo o jogador que mais criava problemas para o Defensa Y Justicia simplesmente acabou com a jogada de velocidade que o Bahia tinha pelo lado esquerdo. Além disso, Mano Menezes (inexplicavelmente) sacou Gilberto da partida justo num momento em que começou a apelar para as bolas longas na direção da área adversária. Este escreve entende a necessidade de se reforçar o sistema defensivo e garantir um mínimo de jogadores no setor. Por outro lado, a expulsão (justa) do volante Acevedo finalmente abriu os espaços que o Tricolor de Aço tanto procurou durante os noventa e poucos minutos. Só que o gol marcado por Braian Romero (aos 41 minutos do segundo tempo) acabaria sendo a pá de cal nas pretensões do escrete de Mano Menezes. As dificuldades na articulação das jogadas de ataque e na recomposição defensiva estavam lá para quem quisesse ver.

Diante dos números e das últimas atuações do Bahia, é muito difícil não chegar à conclusão de que a equipe piorou desde a chegada de Mano Menezes. O sistema defensivo (que era um dos grandes problemas da época de Roger Machado) sem extremamente problemático. O ataque perdeu a intensidade de outros tempos. E todos os setores sofrem demais com a falta de coordenação nos movimentos. Fora todo os problemas na concentração e nítida queda técnica de jogadores como Rodriguinho, Rossi, Gilberto, Nino Paraíba e Juninho Capixaba. Todos jogadores que têm qualidade sim, mas que passam por momentos muito ruins. Some-se a isso todos os problemas citados anteriormente e veremos que o Bahia não está aonde está por mera obra do acaso. O trabalho de Mano Menezes à frente do Tricolor de Aço é um dos principais responsáveis pela péssima fase da equipe nessa conturbada temporada.

A eliminação na Copa Sul-Americana é apenas mais um revés diante de tantos. No Campeonato Brasileiro, a equipe soteropolitana está a apenas três pontos da zona do rebaixamento e vem de quatro derrotas seguidas, além de deter a marca de pior defesa da competição com 42 gols sofridos. Falta muita coisa no Bahia de Mano Menezes. Desde organização, intensidade e até mesmo consistência defensiva, um dos pontos fortes das suas equipes.

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